Capítulo 1 - O Começo de Tudo (Parte 2)

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Novamente, meu coração começou a bater mais rápido; eu procurava controlar minha respiração, mas sentia a necessidade cada vez maior de respirar mais rápido e mais profundamente. Por que estou tão nervosa? Por que fico assim? Por que ele não para de me encarar? Qual o problema dele? Qual é o meu problema?

— Você está bem? — perguntou ele preocupado.

Eu não conseguia emitir nenhum som, estava entrando em um desespero interno. Olhava para minhas mãos em cima da mesa. Parte de mim queria correr, outra queria ficar.

— Você está bem? — perguntou de novo diante do meu silêncio, ainda mais preocupado.

Vi quando mexeu na mochila e tirou algo de dentro. De repente tudo ficou silencioso, meu coração foi desacelerando, minha respiração voltava ao normal. Sua mão tocava a minha delicadamente e a outra me oferecia a garrafa de água, ainda lacrada, que retirou da mochila.

O toque de sua mão me trouxera a paz. Toda aquela confusão de sentimentos dentro de mim se dissipou tal qual o vento desvanecendo fumaça de gelo seco.

— Beba um pouco de água. Você está pálida.

Eu pálida? Como eu podia estar pálida sentindo toda aquela queimação no meu rosto?

Peguei a garrafa e abri. Bebi quase metade de uma só vez. Quando coloquei a garrafa de volta na mesa fechando a tampa, senti um leve aperto na minha mão. Eu ainda não conseguia encará-lo, apesar de estar mais relaxada.

— Está se sentindo melhor? — perguntou ele inclinando-se e abaixando a cabeça para tentar ver meu rosto.

Respirei fundo e levantei a cabeça. Dei de cara com seus olhos verdes e um sorriso de preocupação.

— Estou. Estou bem, sim — respondi.

— Nossa que susto. Pensei que você ia ter um treco — disse se afastando e tirando a mão de cima da minha e relaxando.

— Desculpe— balbuciei.

— Sem problema. Você deve ter tido uma queda de pressão. Mas e aí? Qual o seu nome?

— Daniela.

— Prazer, Daniela. Eu sou o Thálasso.

— Diferente...

— É grego.

Um verdadeiro deus grego, pensei.

Thálasso sorriu e balançou a cabeça.

Será que ele consegue ler meus pensamentos? Aff... que loucura essa minha! Onde já se viu isso?

— Então, dona Daniela, preparada para encarar quatro anos nessa vida?

— Na verdade, esse é meu último.

— Quantos anos você tem? — Quis saber surpreso.

— Fiz vinte e dois o mês passado.

— Parabéns atrasado! — brincou. — Mas juro que não lhe daria mais que dezoito.

— Nossa! Duas vezes obrigada — respondi lisonjeada.

— Você fez o caminho certinho. Terminou o médio e entrou pra faculdade.

— Eu fiz esse caminho, mas tenho minhas dúvidas se era o certo. — Filosofei. — Meu pai insistiu e eu acabei acatando.

— E você não tentou conversar com sua mãe?

Inabalável, respondi.

— Eu não tenho mãe.

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⏰ Last updated: Jan 24, 2018 ⏰

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