_ Sim e não.

_ Sim ou não?

_ Não.

_ Por quê ele se distanciou de você?

_ Não...

_ Por quê você se distanciou dele?

_ Sim.

_ E você se distanciou dele por que ele tava namorando?

Ela queria muito contar tudo. Mas tinha medo e vergonha e vontade dormir e acordar daqui 30 anos. Optou pelo surto irônico.

_ Zac! Para com isso!

_ Vamos, Angie... Qual é o problema?

_ Eu não quero mais falar. Chega. Cansei da sua brincadeira boba!

_ Angie... Você gosta dele, né?

_ Dele quem, Zac?

Ele sentou na escadinha da cama dela.

_ Do meu irmão.

_ Qual?

_ O Taylor.

_ O Taylor?!

_ Não faz essa cara de espanto porque eu sei que cínica é uma coisa que você não é.

_ Zac, olha bem pra minha cara e vê se eu sou to tipo que se apaixona por garotos loirinhos de olhos azuis, todos meigos! Claro que não, Zac! Eu nem sou do tipo que se apaixona!

_ Muito pelo contrário! Se eu não te conhecesse como eu conheço, podia até falar isso, mas você é diferente, Angie, e eu sei disso. Você é daquelas garotas que se apaixonam exatamente por tipos como o Taylor.

_ Posso te garantir que esse não é o meu caso.

_ E como você explica todas essas coincidências e a sua mudança de comportamento?

_ Com a mesma palavra que você usou: coincidências! Eu sei lá porque fiquei desse jeito... Mas, ó, depois desse susto, eu prometo que vou mudar de novo.

_ Ainda bem... Eu tô com saudade daquela Angie espalhafatosa e que ria por qualquer coisa...

_ Eu vou voltar a ser ela, Zac. Eu vou voltar a ser eu.

_ Eu espero... E se um dia você se apaixonar, promete que conta primeiro pra mim?

_ Prometo, Zac.

Ela sentia como se uma espiral a puxasse para baixo. Queria sair e não conseguia. Mas ela precisava tentar. Resolveu seguir as recomendações médicas e passou a ir à terapia. Descobriu estar com depressão, o que não a surpreendeu. Relutou em tomar remédios, mas acabou cedendo também, e aos poucos foi se sentindo ligeiramente melhor. Taylor causava sentimentos conflitantes nela. Estar com ele era pura felicidade e pura agonia ao mesmo tempo.

_ Você já tomou sua supervitamina de laranja, cenoura, beterraba e fígado hoje, Angie? – Taylor mexia no cabelo dela.

_ Eca! Já... Que horror!

Os dois assistiam TV na sala da casa dos Templeton. Angie estava sentada no chão, entre as pernas de Taylor, no sofá.

_ Como o seu cabelo tá grande...

_ Lembra quando você tinha 14 anos? O meu era mais curto que o seu, Tay... Acho que desde lá eu nunca mais cortei... Não, minto, foi depois... Acho que faz uns dois anos que eu não corto, nem as pontas. Mas também! Dane-se! Quem é que vai se importar com o meu cabelo?

_ Se você se preocupasse já era o bastante, Angie.

_ Nah... – no entanto, ela parou pra pensar... Talvez porque tivesse sido Taylor quem falou. – Ah, pra quê? – encostou a cabeça no sofá e olhou para Taylor de ponta cabeça.

_ Você é bonita, Angie.

_ Que exagero!

Ele apenas sorriu. Aquele sorriso sempre dava luz à vida de Angie. Ela não podia ficar sem ele. Por isso estava decidida a se alimentar direito e pôr um pouco de cor em sua vida. Ela só não sabia como.

_ Tay, faz tanto tempo que eu não falo direito com o Ike... Por onde ele anda?

_ Por onde eu não sei, mas ele deve tá com o Alex...

_ Eles não se desgrudam, né?

_ Eu acho legal, sabe? É como a gente...

_ É , mais ou menos...

_ Só que eu sou menino e você é menina.

_ Às vezes, quando a gente era menor, eu conversava com o Ike... Ele é tão seguro... Sempre me passou uma idéia de proteção...

_ Angie...

Ela sabia, pela entonação dele, que Taylor tinha tido uma ideia.

_ Ih... Lá vem.

_ Por quê você não arranja um namorado? – ele disse com um sorrisinho.

Deu um aperto no coração, mas ela tinha que se recuperar. Agora nada a abalava. Ela era forte.

_ Do jeito que você fala parece que é só ir numa loja e comprar um! Fala sério, né, Tay? Não é assim!

_ Mas também não é difícil! \

_ Tay, os meninos me tratam do mesmo modo que tratam a você... – ela disse sentando do lado dele.

_ Muda isso, oras!

_ Tay-Tay, você nunca teve noção da dificuldade das coisas, né? Eu lembro perfeitamente quando você saiu pela escola com um cartaz "SALVE AS BALEIAS" achando que tinha salvado todas elas só com o cartaz! – ela riu.

_ Nem vem rir da minha inocência, tá? E outra: beijo na boca é muito bom. Você nem sabe o que está perdendo!

_ Decidi não trocar 32 substâncias com alguém que eu não sei quem é direito e cuja boca eu não sei por onde passou. Pensando pelo lado de que é você que está sujeito a pegar herpes e cáries, não sou eu a prejudicada, no caso.

_ Você vai entender... Você vai...

Se fosse com você, Tay. Ela suspirou com o pensamento.

_ Por que você suspirou, hein, dona Angie?

_ Porque sim!

_ Tá apaixonada!!!

_ Ah, Deus, não começa.

_ Vou descobrir quem é!

Angie apenas virou os olhos e sentiu aquela pontadinha de pânico no estômago.

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