fights and kisses

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Eu estava muito distraída para prestar atenção as coisas em minha volta, tudo em que eu pensava era nas palavras cruéis de minha mãe após um mal entendido. Sei que quando a confiança é quebrada, ela não volta, e sim se constrói novamente. Mas naquela altura do campeonato eu pensei que minha mãe confiava um pouco mais em mim.

- Lica? Isso são horas de chegar? - Perguntou minha mãe quando eu passei pela porta, às 4 horas da manhã. Aparentemente ela estava me esperando.

- Ah mãe, a festa acabou rolando mais tempo do que eu esperava, nem vi a hora passar, o que ta fazendo acordada?

- Como o que eu to fazendo acordada? Imagina minha surpresa quando acordei de noite para beber água e vi que você não estava em casa Lica. E ainda volta cheirando bebida! - Disse irritada enquanto se aproximava e cheirava minha jaqueta. - Você tinha me prometido que não ia beber e agora faz isso?

Cheirei minha jaqueta quando ela disse isso e entendi o porquê de sua raiva repentina, minha jaqueta favorita cheirava pura tequila. Não que eu tinha bebido, mas eu emprestei a mesma a K1 após uma menina ter derrubado algo nela. Eu não queria emprestar, mas faria de tudo para evitar confusão.

- Mãe! Eu não bebi, poxa. Eu emprestei a jaqueta pra K1 depois de uma menina derrubar, tequila provavelmente, nela. - Falei gesticulando muito rápido, estava um pouco chateada pelo modo que ela estava falando.

- Me poupe Lica, você acha mesmo que eu vou acreditar nessa história mal contada? Estou decepcionada, sinceramente. A gente tinha um acordo e você não cumpriu. - Ela tinha uma expressão triste e olhava pra mim com desapontamento. Aquilo doeu. - Eu vou ir dormir e depois a gente conversa sobre isso. - Depois de terminar de falar, foi pro seu quarto antes de eu conseguir responder qualquer coisa.

Quando terminei de lembrar da situação, o metrô parou e os alto-falantes indicaram que eu cheguei a estação certa. Passando pelas pessoas cheguei na saída e fiz meu caminho até o colégio. Naquela manhã eu não tive a oportunidade de falar com minha mãe, até porquê, quando acordei ela já havia saído.

- // -

Assim que passei pela catraca do colégio, avistei Tina, que provavelmente estava me esperando.

- Hey, chegou mais tarde hoje, o que aconteceu? - Perguntou preocupada depois de me abraçar.

- Umas tretas com a minha mãe, depois te conto, não to muito afim de falar agora.

Na hora que chegamos, a aula já estava praticamente pra começar, então sentei em minha cadeira e não prestei muita atenção nas coisas.

Bóris chegou e iniciou a aula, porém, o problema começou quando Samantha se virou para pegar seu material e sorriu para mim. Lembrei do que aconteceu e sorri de volta.

Enquanto todos estavam lutando para ir ao banheiro no andar de baixo da casa de MB, eu subi as escadas e fui até o quarto dele, onde tinha um banheiro. Eu precisava passar um pouco de água no rosto.

Quando abri a porta, dei de cara com Samantha sentada na cama com um violão na mão. Ela tomou um susto com o barulho da porta se abrindo mas se tranquilizou quando viu que era apenas eu.

- , o que faz aqui enquanto a festa ta rolando lá embaixo? - Perguntei curiosa, não que a gente se conheça muito, mas pelo que conheço, Samantha é o tipo de garota que aproveita cada minuto de uma festa.

- Sei lá, fiquei um pouco entediada, além do fora que levei vendo o Anderson com a Tina. - Respondeu dedilhando o violão, seu sorriso um pouco cabisbaixo.

- Qual é Sami, não precisa ficar assim, se você estalar os dedos aparece um monte de gente querendo ficar com você.

Ela estalou os dedos e olhou em volta do quarto até seu olhar parar em mim novamente.

- Não vejo mais ninguém aqui além de você.

- Wow, devo me sentir ofendida? - Perguntei colocando a mão no peito em um sinal dramático rindo.

- Não, não, meu Deus. - Ela começou a rir - Mas não é como se você fosse me pegar ?

- Quem disse que não? - Tive um momento de coragem e me aproximei dela, tirando o violão de suas mãos e colocando em algum lugar da cama. Sentei na mesma e coloquei uma mão no pescoço de Samantha e outra em sua cintura. - Eai? Topa?

Ela olhou para mim por alguns segundos, como se pensasse se devia fazer ou não. Ela abriu a boca como se fosse me dar uma resposta, mas em vez disso, resolveu colar seus lábios nos meus. Foi a melhor sensação que eu senti em algum tempo, parece clichê mas foi como fogos estourassem dentro de mim.

Mesmo que o beijo tenha começado leve, logo foi se tornando quente. Samantha segurou na minha cintura e me deitou na cama, me beijando lentamente. O beijo dela era viciante, algo calmo e ao mesmo tempo sexy, agora entendo como tanta gente corre atrás dela.

Ela já estava praticamente sentada no meu colo quando ouvimos uma gritaria vindo do andar de baixo. A música tinha parado e eu pude muito bem reconhecer uma das vozes, MB.

- Ei, você ouviu a mesma coisa que eu ou?

- Definitivamente é o MB, vamos descer que eu já tenho certeza que é treta.

E pensar que havia acontecido algo bom antes desse inferno. Samantha é uma pessoa muito interessante, e por experiência, beija muito. Eu não vou mentir, seria divertido ficar com ela de novo.

Já passado um tempo de aula, essa que eu mal estava prestando atenção e sim desenhando, fui procurar meu lápis e acabei derrubando o mesmo. Quando me abaixei para pegar, percebi que outra pessoa já estava com o mesmo na mão. Descobri que era Samantha quando vi seu rosto tão próximo do meu. Se não estivéssemos dentro de uma sala de aula, eu com certeza teria a beijado, e acho que a mesma pensou a mesma coisa, já que, não tirava os olhos da minha boca. Eu comecei a rir da situação e ela me seguiu entregando o lápis.

- Obrigada. - Eu disse mordendo os lábios, apesar de toda confiança que eu estava aparentando ter, eu continuava nervosa demais pra formular alguma palavra.

- Nada. - Sorriu pra mim novamente e se virou pra frente. A partir daquilo eu sabia que estava ferrada demais.

- // -

As aulas acabaram e eu fui com Tina na cafeteria ali perto para conversar sobre a discussão que tive com a minha mãe. Precisava conversar com alguém sobre, e Tina sempre me dava bons conselhos.

Ela me ouviu atentamente enquanto eu contava e não me interrompeu em nenhum momento.

- Olha Lica, depois de tudo o que aconteceu, você tem que "conquistar" a confiança dela, como no ditado. Eu sei que tudo foi um mal entendido, até porquê eu estava na festa também, mas ela pode só ter agido assim pois se preocupa com você sabe? A solução é simples, vocês tem que sentar e conversar, e se ela não acreditar na palavra da própria filha dela isso já não é problema seu.

- Mas eu tentei conversar com ela, naquela hora, e hoje de manhã, mas ela simplesmente sumiu.

- Só dá um tempo pra ela, espera ela estar mais calma e aí sim vocês conversam numa boa.

- Eu não sei o que eu faria sem você. - Eu disse enquanto a abraçava.

In the dark | limantha Onde as histórias ganham vida. Descobre agora