Agarrou com força a maçaneta da porta, fechou os olhos, abriu a porta e entrou. Quando teve finalmente coragem de abrir os olhos, reconheceu os objetos e a mobília.
Estava tudo coberto de pó. O grande janelão estava tapado pelas grossas cortinas vermelhas. Azula não via muito bem no meio da escuridão, só via os contornos dos móveis. Decidiu abrir a cortinas. Foi andando muito firme e confiante. Mas ao mesmo tempo o medo ia consumindo-a... e se estivesse alguma coisa assustadora ali no quarto, e quando abrisse as cortinas!... os mais tenebrosos medos engoliram-na. Quando estava quase a chegar à cortina, tropeçou em algo e caíu no chão enquanto se agarrava às grandes cortinas e estas por sua vez também foram parar ao chão.
Azula fechou os olhos e agarrou-se com toda a força às cortinas estendidas no chão.
Não ouvia nada. Será que estava ali alguém calado a olhá-la fixamentte para lhe fazer mal? ou simplesmente os seus pés com o medo tropeçaram no nada?
Finalmente teve coragem e abriu os olhos. Não estava ali ninguém. Só a boneca que Letizia tinha ido buscar à seis anos atrás.
Azula gatinhou até à boneca, agarrou-a com força junto ao peito e desfez-se em lágrimas.
Tinha medo, não sabia o que fazer. Estava frio, que estranho. Gatinhou até ao armário agarrada à boneca, mas viu alguma coisa a brilhar no chão. Ignorou. Quando chegou ao armário tirou uma manta e tapou-se a si e à boneca. Estava aterrorizada. O quarto metia-lhe calafrios. Não conseguia parar de chorar.
O tal objeto continuava a brilhar junto à janela. Azula não conseguia pensar em mais nada a não ser no tal objeto. Mas tinha medo.
Apesar de haver bastante claridade, o pó continuava a cobrir o quarto todo e o canto junto à janela onde aquilo estava, estava completamente escuro. Que estranho.
Ganhou coragem e foi ao encontro do objeto . Era um colar. Achou-se uma tola por estar com medo de um colar. A manta começou-lhe a escapar dos ombros e Azula agarou nas extremidades com toda a força continuando tapada. Tinha a boneca no braço. Enquanto tinha o colar nas mãos também achou esquisito o frio ter aumentado. Olhou para o colar com olhos de ver. Era realmente bonito. O fio era em ouro. O pendente tinha um pássaro, o pequeno corpo em baixo e as estreitas asas percorriam o resto da jóia vermelha (cor de fogo) até cima.
Azul ainda tinha lágrimas no rosto. Agarrou com mais força a manta, a boneca e o colar. Pôs um dedo em cima da jóia, olhou melhor e aquele pássaro com aquela jóia parecia-lhe a... e balbuciou:
-Fénix...
E então uma luz branca iluminou o quarto e Azula agarrou-se com força àquilo que tinha nas mãos. O frio aumentava. Quando abriu os olhos...