7 A pior família da história

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Dirigi devagar até o Iguatemi, ela parecia bem calma. E não conseguia esconder que estava animada com o passeio. Durante esse ano com ela em casa, eu pude ver o quanto ela amava ler, os pacotes de livros chegavam pelo menos uma vez ao mês, e se ela não estivesse comigo, certamente estaria em seu quarto azul, lendo entre as prateleiras de bichinhos e livros.

Desci da Mercedes me apressando em passar o braço por seus ombros, muito por culpa do maldito vestido de caveirinhas que ela estava usando. Eu sentia tanta saudade do bermudão do tio dela, agora infelizmente aposentado.

— E aí, almoço primeiro? – perguntei á conduzindo em direção á praça de alimentação.

— Acho que prefiro a livraria primeiro. – ela agarrou meu braço.

— Ok, você manda.

Caminhamos nos corredores do shopping que naquele horário numa segunda feira, estavam bem tranquilos.

A livraria era enorme mesmo, dentro havia um café e uma grande área de CDs e DVDs, mas o que a atraiu de cara foram os livros. Depois que conseguiu a coleção toda da Anne Rice, ela agora comprava a coleção de uma autora chamada Aurélia, embora ela falasse mais sobre o marido da tal autora, um ator, tipo galã das adolescentes.

Em menos de meia hora, ela já carregava vários livros nos braços, me deu uma pilha para segurar enquanto andava olhando os títulos. Ela parou em frente á prateleira, pegou um na mão sorrindo e me mostrou.

— Infinito Enquanto Dure. O que você acha? — ela me olhou animada.

— Não entendo de romances, Elise. – eu ri pra ela.

— Acho que esse é a nossa cara. Pelo menos o titulo. E também é de autora brasileira.

Balancei a cabeça negativamente. — Acho que nosso titulo seria além do infinito. — brinquei.

— Por isso eu te amo, Léo. – ela riu – Vou ler depois te conto, aposto que o mocinho nem é tão sem vergonha quanto você era.

— Que bom pra ele. – eu ri dando de ombros.

Ela me um beijo, segurou o livro e depois de escolher mais três, e um livro de receitas que parecia mais uma bíblia, fomos para o caixa. Chegamos com a pilha de livros, e um garoto muito do abusado começou a passar os livros com um sorriso de lado pra ela que quase me fez esmurrá-lo.

— Tem um ótimo gosto para livros. – ele sorriu pra ela.

Fiquei parado ao lado dela sem acreditar naquilo.

— Obrigada. – ela olhou pra mim, sorriu e se voltou pra ele. — Heri. – ela completou lendo o crachá dele.

Carreguei as sacolas e a puxei de lá. Serzinho abusado, parecia que nem tava me vendo. E se não tivesse com tanta merda me preocupando, ele ia ver só.

Respirei direito quando saí da livraria com o total de doze livros novos, e a certeza de varias horas no quarto azul.

Apesar da empolgação dela, não consegui fazer ela ficar mais de uma hora na livraria, chequei meu celular e nada, nenhuma noticia do Samuka.

Fomos para a praça de alimentação e como sempre o BK foi nossa parada, comemos enquanto ela olhava os livros que tinha comprado e aproveitei pra mandar uma mensagem para o Samuka.

Cara e aí? Não vou conseguir segurar ela por muito tempo.

Voltei a comer enquanto esperava a mensagem. Ela se divertia lendo as sinopses atrás dos livros, acho que decidindo por qual começar.

Além das Pistas (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora