5 Desespero

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Depois de muito tempo, passei uma noite quase em claro, ela não conseguiu dormir nada, e fiquei fazendo companhia para a insônia dela, sem dizer nada, eu só queria mantê-la em meus braços. 

Por volta das sete, ela pegou no sono, e simplesmente não consegui ficar na minha. Eu tinha que fazer alguma coisa, precisava impedir que essa matéria fosse feita. Não era certo, e isso poderia ferrar com tudo que construímos, com toda a melhoria que ela vinha tendo. Não podia deixar isso acontecer.

Saí do quarto e desci, minha intenção era conversar com Samuka, mas pelo jeito ele ainda não havia descido. De longe, vi ela numa mesa cercada de papéis, trabalhando longe dos outros caras da imprensa. sem pensar duas vezes caminhei até ela.

— Mirian. – falei sério e esperei que ela erguesse a cabeça para me encarar.

— Ah, bom dia Léo. – ela respondeu sorrindo – Estava esperando que você viesse falar comigo mesmo. A Elise está bem?

Não dava para acreditar que ela podia ser tão cínica assim.

— É claro que ela não ta bem. — respirei fundo e apoiei as mãos na mesa — Qual é a sua? Por que ta fazendo isso?

— De verdade Léo, só acho que é uma boa história. – ela desdenhou.

— Uma historia que é intima, e não precisa ser exposta. Seja razoável, por favor, ela não merece isso. – quase implorei.

Ela ficou em pé e se aproximou de mim. Me arrumei em pé, para encará-la.

— E o que eu ganho pra não publicar? – ela sussurrou quase na mira orelha.

— O que você quer? – respondi sentindo meu corpo inteiro ficar tenso, a maldita ia me chantagear. — É dinheiro? Contatos? O que você quer pra deixar ela em paz?

Ela sorriu pra mim — Que tal você subir comigo, e eu esqueço essas informações? – ela me olhou de cima á baixo mordendo o lábio, um olhar que eu conhecia muito bem.

— O que? – falei indignado.

— Não se faça de bobo Léo, essa linguagem você entende muito bem. – ela riu.

Me afastei dela — Você ta me achando com cara de que?

Ela riu — Com cara de puto que você sempre foi. – ela passou a mão pelo meu quadril e minha primeira reação foi agarrar o pulso dela, um pouco mais forte do que eu pretendia.

Engoli seco — Escuta aqui. Não sei que parte do casado você não entendeu. Mas não vou falar de novo. Se publicar isso vai se arrepender!

Ela deu um leve gemido — Hum... Pegada forte Léo...

Soltei o braço dela a empurrando, enojado. Que espécie de gente era aquela?

— Fica longe da minha família!

Ela começou a rir, e para evitar que minha raiva extrapolasse, saí andando de volta para o quarto. Não ia adiantar, ela tava disposta a me ferrar de verdade. Realmente todos os insultos e campanhas feitas pelas outras quando anunciei meu namoro não chegavam perto disso. Ela era uma mulher louca com poder suficiente para ferrar minha vida e principalmente a da Elise. E finalmente tinha chegado o dia em que a Fá podia me dizer o famoso "Eu avisei", o pior de tudo era que não era uma das garotas que eu usava, e que teria um milhão de motivos para me ferrarem. Era justamente o contrario, era a garota que eu não comi. E aparentemente esse era o problema. Mas que merda!

Entrei no quarto e a encontrei sentada na cama com o olhar perdido.

— Bom dia, gordinha. – tentei voltar ao meu tom normal.

Além das Pistas (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora