-Prazer sou Bill e provavelmente vou morrer em breve também - a imitei 

 Olhei para ela e a mesma continuava sorrindo. 

Depois de 2h cansativas ouvindo um cara chamado Adam chorando por que sua namorada o deixou devido ao seu problema com álcool fomos liberados, já não chovia mais. Me dirigi até a saída e observei Char conversando com o chorão do Adam, eles se despediram e ela me olhou.

-Quer uma carona, garoto que provavelmente morrerá em breve? -Brincou

Avistei meus avós chegando.

-Minha carona acaba de chegar- apontei para o carro

Ela arrumou o casaco, e me abraçou fiquei parado sem saber o que fazer, a quanto tempo não tenho contato físico de verdade, além dos contatos que recebia nos clubes noturnos? 

-Até algum dia, Bill.

-Até Charlotte.

Observei ela se afastar e andar apressada até a caminhonete onde Connor a esperava. Dei a volta e entrei no carro dos meus avós. 

-Pelo visto fez uma amiga - comentou animadamente minha avó 

- Isso é ótimo, querido. Vai ser bom você ter amigos por aqui. 

Dei de ombros, encostei a cabeça no vidro e fiquei observando as ruas de Nacka, algumas crianças correndo, alguns jovens caminhando, talvez aqui não seja tão ruim. Assim que cheguei tomei um banho e jantei com eles. Subi para o quarto, fiquei observando as árvores pela janela até conseguir dormir. Havia ficado quatro meses trancado naquela clínica, e pela primeira vez tive uma noite de sono normal.

***

Acordei com minha vó me chamando. 

-Bill, tem uma pessoa lá embaixo querendo te ver.

Eu não conhecia ninguém nessa droga de cidade. Olhei no relógio e indicava que não era nem dez horas da manhã. Bufei e desci dando de cara com Charlotte sentada no sofá conversando com minha avó.

-Bom dia - disse as interrompendo

-Bom dia Bill, desculpe te acordar a essas horas, mas preciso da sua ajuda - disse Char 

Olhei para Char e notei que estava animada, pude notar as belas meias listradas, que não combinavam nada com a roupa que usava e conclui que era proposital.

-Bill? - Me chamou

-Claro, vou me trocar - bufei

Subi rapidamente me perguntando como Charlotte Owen me encontrou. Escovei os dentes enquanto separava uma roupa, coloquei uma calça, uma camisa preta e um par de coturno, terminei minhas necessidades e desci.

 -Vamos? - Perguntei

Charlotte se despediu de minha vó e me acompanhou antes pegou seu casaco preto na entrada.

-Então, o que vamos fazer?

-Tomar um belo café.

-Você me acordou esse horário para tomar um café? Sinceramente se você queria sair comigo era só ter mandado uma mensagem, não precisava de uma desculpa.

-Pois saiba que eu não tenho o seu número.

 -Não sabe o meu número mas descobriu meu endereço, interessante - conclui - Você é uma stalker.

A garota ao meu lado para de andar e noto que suas bochechas tomaram um tom vermelho. 

-Eu não sou uma stalker.

-Se você diz - dou de ombros - Mas que é estranho é.

Depois de alguns minutos de caminhada paramos em frente a uma cafeteria o letreiro indicava MXO CAFÉ, entramos e Charlotte logo sentou-se em uma mesa perto da janela

-O que tem de tão especial aqui? - Perguntei entediado

Ela ia responder, mas foi cortada pela garçonete

-Bom dia, o que vão querer?

Olhei o cardápio, mas um me chamou atenção 

-Vamos querer um especial Charlotte - pediu Char

Olhei-a duvidoso

-Já trago os pedidos- disse e se retirou 

-Especial Charlotte? - Perguntei

Deu de ombros e riu, um senhor de uns 50 anos, gordinho, estatura mediana se aproximou.

-Char, o que faz aqui? - Perguntou

-Pai, estava com saudades do café. Ficou ótima as reformas - disse Char o abraçando

Observei o homem a minha frente e não notei nenhuma semelhança entre os dois além do carisma.

-Vejo que trouxe um amigo

-Pai este é meu amigo Bill

-Prazer Bob, espero lhe ver mais vezes - disse Bob - Querida preciso voltar ao trabalho se não o especial Charlotte não sai.

Acenei para Bob, enquanto este voltava a cozinha.

-Não a nada de especial, mas acredite a comida do meu pai é maravilhosa - Char piscou

O pedido chegou e a mesa ficou repleta de donuts e fatias de bolo de chocolate, muffins, chá e café. Charlotte contou que na infância Bob cozinhava todas aquelas comidas no café da manhã e eram as comidas prediletas dela, então quando ele abriu o restaurante fez o prato em homenagem a mesma.

Naquela manhã Char me fez rir, rir de doer a barriga, algo que eu não fazia a tempos. Dizia que eu era pessimista demais enquanto ela via vida e felicidade em tudo.

Nacka com certeza foi a melhor escolha.

Trem para EstocolmoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora