Three- Bill

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Havia chegado a algumas horas na casa dos meus avós. Me encontrava deitado no chão do meu quarto, minha cabeça doía, minhas mãos tremem. Alcanço o remédio na gaveta noto que é a última cartela, não sei até quando suportaria, mas sabia que morreria logo.

Talvez a intenção de tudo seja alcançar a morte, na qual eu falhei tantas vezes. Há duas semanas recebi alta da clínica de reabilitação após tentar me matar, meus pais resolveram que a melhor solução seria me enviar para Nacka, uma cidade tranquila e sem a agitação das pessoas de Estocolmo.

Poderia tentar cortar meus pulsos como a garota da série, poderia me enforcar ou poderia me jogar da ponte assim como Alexi, uma garota da cidade fez. Mas acho que a morte deveria ser algo lento e doloroso. Todos morreremos um dia, apenas estou tentando antecipar a minha data.

Olhei o relógio, levantei-me e fui em direção a mala peguei um maço de cigarro e coloquei no bolso de trás. Uma das condições de meus avós era que eu frequentasse um grupo de alcoólatras e drogados, isso era uma estupidez como se passar algumas horas falando sobre nossos problemas na casa de Deus fosse fazer minha vontade de morrer diminuir. Meus avós me deixaram em frente a uma antiga igreja, assim que eles sumiram na curva me agachei no chão e acendi um cigarro fazendo com que meu corpo relaxasse e entrasse em uma paz momentânea.

Avistei uma caminhonete se aproximar Connor Owen, esse garoto teria um futuro brilhante no basquete se não fosse seus problemas com drogas. Notei que o mesmo estava acompanhado de uma garota baixa, cabelos curtos envolvidos por um lenço azul, usava meias vermelhas com desenhos de pizzas e carregava um cilindro, a garota do trem. Eles se despediram com um abraço e ela vinha em minha direção, porém parou no meio do caminho. Olhei para minhas mãos, dei uma última tragada jogando o cigarro longe e fui até ela.

-Você não deveria fumar - dizia calmamente - Isso vai acabar te matando

Dei de ombros

-Talvez essa seja a intenção

Ela me olhou abismada

-Nunca diga isso, a vida é a coisa mais bela de todas

-Diz isso por que está morrendo - retruquei

 -Você está certo

Droga, ela ouviu. Mas ao contrário do que achei, ela riu e me olhou sorrindo

-A vida se torna bela quando você a perde.

Aquilo de certa forma me atingiu, como alguém que estava morrendo podia dizer que a vida é bela? Tratei de mudar de assunto.

-Connor Owen? Sabia que você parecia alguém, mas nunca diria ele

-Somos tri...- suspirou - somos gêmeos. 

-Você me lembra mais alguém - pensei 

Ela deu de ombro e observou as nuvens que se formavam

-Devíamos entrar - falou enquanto caminhava em direção a porta

Apenas a segui, a reunião era no salão de eventos da igreja, bem no meio havia uma roda com um total de dez cadeiras sendo sete ocupadas. 

-Ora, temos visitas por favor juntem-se a nós - disse o padre

Charlotte sentou-se ao lado do irmão e de frente para mim

-Por favor se apresentem

Char se levantou e fiz o mesmo

-Prazer sou Charlotte, bom eu vou morrer em breve - dizia enquanto apontava para o cilindro

Trem para EstocolmoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora