Sete

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A saudade de Darcy por Elisabeth bate forte. Mas ele, antes de tudo, é um soldado...

- Coronel Darcy? Correspondência para o senhor. - o soldado uniformizado estendeu duas folhas de papel lacrado para Darcy.
- Obrigado.
Darcy olhou o primeiro papel lacrado vendo a caligrafia elegante de Elisabeth.
Dois meses de separação. Será que aquela carta aqueceria seu coração ou ela lhe mostraria que sua esposa ainda não lhe perdoara por deixa-la? Respirando fundo e com a imagem de sua amada na mente, ele rompeu o lacre. Viu que ela havia sido escrita ha um mês. Imaginou o trabalho que havia dado para que o mensageiro o encontrasse
" Amado marido. - começava a carta. Um inicio promissor.
"Espero que essa o encontre bem de corpo, mente e espírito. Pois a mim ela deixou cheia de saudades suas."
Darcy soltou a respiração que prendera sem perceber. Elisabeth, assim como ele, havia cedido a saudade. Se a paz e a segurança da Inglaterra não dependessem apenas da destruição de Wickham, ele já teria voltado correndo para os braços de sua amada.
"Estamos bem aqui em Rosings. Bingley e Jane mandam lembranças. Não sofremos mais ataques desde a sua partida, embora há relatos de ataques em Meryton. Espero que os conhecidos estejam bem.
Georgiana é uma aluna exemplar e estou bastante satisfeita com seus progressos. É tão determinada em aprender que, às vezes, ela me deixa exausta. Você ficará orgulhoso de seus progressos.
Seu primo Fitzwilliam chegou dois dias depois da sua partida. Ele ficou bastante consternado com a morte de Lady Catherine e de lady Anne. E nos trouxe notícias que, espero, seja de ajuda em sua busca. Ele nos disse que um grupo grande de não mensuráveis estava seguindo uma espécie de líder na direção de Derbyshire. Se for Wickham, é provável que ele vá até Pemberley. Pois ele odeia tudo que se refere a você. E também deseja tudo que refere a você. Por isso, meu amor, tenha cuidado."
É. Foi o que ele descobrira. Por isso se juntara ao regimento que estava aquartelado próximo a Lambton. Voltou a ler a carta.
"Um mês  depois de sua partida, recebemos uma visita. Três discípulos de Mestre Liu que foram meus companheiros de treinamento apareceram. E, com eles, uma chance de esperança surgiu. Com os conhecimentos que eles trouxeram e os estudos de Lady Catherine, Mary, minha erudita irmã e Wuang, um sábio chinês, produziram algo que, mesmo não sendo uma cura, é  uma arma que pode ser usada."
Uma arma?
"Agora, por favor, perdoe sua imprudente esposa. Mas, para testarmos a eficácia da arma, eu e Chang, o único que, além de você e Jane, eu confiaria a minha vida, tivemos que ir atrás de um grupo de não mensuráveis. E sim! A arma funciona. É uma mistura gasosa que faz com que eles não tenham mais fome pelos vivos..., mas sim por outros mortos. É um pouco macabro isso, mas foi como os chineses combateram uma praga semelhante há alguns séculos atrás. "
Darcy leu essa parte da carta mais lentamente. Estreitou os olhos. Se pudesse colocaria sua esposa sobre os joelhos e lhe daria uma boa surra! Por que Elisabeth se arriscava testando uma nova arma? E quem seria esse tal Chang, em quem ela confiava totalmente?
"Bem, assim termino essa carta. Rezando para que você esteja bem e que não tarde a voltar. Meu primeiro pensamento e o último de cada dia de separação são para você.
Com amor,
Elisabeth Darcy."
Darcy encostou a carta nos lábios como se estivesse beijando sua amada esposa. A dobrou e colocou no bolso do sobretudo. Abriu a outra carta. Era de seu primo Fitzwilliam.
"Meu caro primo,
Espero que esteja bem. Lhe escrevo de Rosings para onde voltei assim que recebi sua carta me colocando a par dos fatos funestos de nossa família. Não concordo com a sua decisão de ir sozinho a caça daquele que se considera líder dos mortos-vivos. É arriscado e desnecessário, embora compreenda seus motivos.
Atenderei seu pedido caso lhe ocorra algo. Mas acredito que você deveria ter deixado sua esposa a par disso. Eu a conheci e acho que ela não é como as outras. Elisabeth é uma mulher forte e decidida. Não se deixará levar por convenções. Acredito mais que ela irá atrás de Wickham se você, Deus o proteja, não conseguir vencê-lo.
    Acredito que Elisabeth tenha lhe falado das visitas que recebemos. Os amigos chineses das Bennet são guerreiros inigualaveis e orgulhosos de sua herança. Parecem até com  um certo parente meu. O mais velho deles, Chang, tem a total confiança de Elisabeth e ela respeita muito sua opinião. Uma possível arma contra os mortos vivos que assolam a Inglaterra é uma chama de esperança que acalenta a todos nós nessa prisão voluntaria.
Infelizmente, não tenho somente boas notícias para lhe dar também. Ao passar por Derbyshire, investiguei sobre Pemberley. Soube que a propriedade foi atacada e os criados mortos."
Darcy parou de ler. Estava chocado. Pobre Sra. Reynolds.
- Ataque! - gritou um soldado. Algo parecendo uma maré de pessoas corria na direção do pequeno regimento.
Darcy guardou a carta rapidamente no bolso do sobretudo e correu para a linha de ataque.
- Enfileirar os canhões! Vamos homens! - ele os comandou, ajudando a levar os canhões de artilharia.
Quando os canhões estavam prontos, Darcy deu a ordem.
- Fogo!
Os canhões atiraram, soando como trovões numa noite chuvosa. O ar se tornou irrespirável devido a fumaça.
- Recarreguem! Depressa, homens!
Os soldados já acostumados, recarregaram os canhões o mais rápido possível.
- Fogo!  - Darcy gritou novamente.
Mais mortos-vivos caíam. Mas na mesma rapidez em que eram abatidos outros surgiam.
Logo eles estavam sobre os soldados que se defendiam da melhor maneira.
Quando, por um segundo ou dois se permitiu respirar, um dos soldados que lutava com ele, falou desesperado.
- Coronel, nunca os vi em tamanho número. Não iremos vence-los!
- Apenas pense em sua família e lute, soldado. Apenas isso. - ele deixou o soldado e continuou a enfrentar os mortos vivos.
Ele atirou com a pistola no primeiro que surgiu na sua frente. Tirou a segunda do cinto e atirou novamente. Depois descarregou toda a munição da espingarda nos próximos que ousaram se aproximar. Então, sacou a machadinha continuando a abater quantos lhe fosse possível.
Darcy já havia perdido a noção de tempo e espaço. Sua mente só se ocupava em acabar com o maior número possível das abominações.
Estava tão concentrado nisso, que não viu um cavaleiro se aproximar a toda velocidade dele.
O soldado que havia falado com ele ainda tentou alerta-lo.
- Coronel! Cuidado!
Darcy só teve tempo de virar a cabeça na direção do grito. Não viu o que lhe atingiu e a última imagem que viu foi um rosto de caveira se inclinar para ele. Mergulhou na escuridão.

Amor e Armas - Uma fanfiction OPZDove le storie prendono vita. Scoprilo ora