4. Carlos

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Aquela mulher o estava enlouquecendo, como se não bastasse aquela cena de ciúmes do jovem conde de Lajes ela ainda subiu na maldita árvore e o provocou com aquelas insinuações baratas sobre esconder algo da Condessa, aquilo era demais para sua cabeça, ter uma noiva petulante era uma coisa agora uma noiva petulante e que tinha um possível caso com o primo era realmente demais e para sua cabeça ele precisava urgente de algo para beber.

Após esperar mais de uma hora pelas outras damas pois haviam ido em apenas uma carruagem, ele estava novamente na propriedade das Fontes onde se lavou e trocou a roupa por uma roupa mais apropriada para noite.

Não estava gostando nem um pouco do rumo que aquela história estava tomando O Conde de Lajes podia muito bem se tornar um grande problema com o seu interesse visível por Mariana, e consequentemente podia o afastar de sua fortuna, o que era inaceitável, do que adiantaria ter herdado o ducado de seu pai se não pudesse ter acesso ao dinheiro.

Ele precisava apenas de uma noite para refrescar as ideias, e descobrir como fazer aquele projeto de dama se tornar uma dama aceitável para ser sua Duquesa, porque se bem se recordava não era do feitio de uma Duquesa subir em árvores para salvar pássaros caídos do ninho.
-Não creio que ela fez isso, Lady de Vasconcelos nunca demonstrou tal rebeldia- a senhora Fontes argumentava na sala de repouso dois cômodos adiante.
-Deveria ter visto senhora Fontes ela parecia uma selvagem em cima daquela árvore com aquela ave na mão, sem sombra de dúvida se esta não é a conduta aceitável para uma futura Duquesa.
-Senhora Bordilhan, Mariana nunca demonstrou tal selvageria em nossa presença pelo contrário sempre foi um exemplo de educação e doçura não é querido? Ela perguntou ao marido.
-Claro meu bem-o homem respondeu sem muito entusiasmo.
-Ela acabou com ele, deveriam ter visto, jamais vi uma mulher falar desse jeito com homem muito menos com um Duque e se eu já não gostasse dela a teria amado naquele momento- aquela voz risonha pertencia a minha querida irmã, que pelo que via agora idolatrava minha noiva petulante, se eu quisesse casar aquela criatura que me chamava de irmão eu devia conter aquela língua cumprida, homem algum gosta de mulheres que falam de mais.
-Uma dama deve saber quando manter a língua dentro da boca, é o requisito principal para garantir um bom marido
- eu a repreendi com toda arrogância que se exige de um duque, e cumprimentei os presente- Boa noite senhoras, Marques.
-Duque- o homem de meia idade fez uma pequena reverência atrás de seu assado de Carneiro, eles estavam todos dispostos a mesa para o jantar bem servido de vários pratos típicos da região.
-Não janta conosco meu irmão?
-Não esta noite- eu peguei a minha capa de veludo negro e carmim pois naquele maldito lugar nunca se sabia quando faria frio ou calor e antes que fosse bombardeado com mais perguntas eu me retirei do recinto.

A província do Rio de Janeiro não passava de uma imitação fajuta da charmosa Londres, e mesmo que não fosse bem o que eu esperava para o meu verão, me serviria até conseguir resolver o seu problema atual.

O Templo a mais famosa casa de jogos da cidade até que era um lugar agradável, com a sua ampla entrada e o salão de jogos onde podia jogar um carteado com os nobres da alta sociedade Portuguesa que ali residiam, e como em todo lugar um Duque é sempre muito bem vindo, embora nem todos saibam que eu não tinha muito dinheiro no bolso para gastar, a limitação de sua cláusula de casamento o deixou com apenas uma pequena parte da herança de sua mãe o que não foi muito, mas teria que servir até que conseguisse cumprir aquela cláusula do acordo.

O Templo estava mais movimentado que o habitual, os cavalheiros se amontoavam no fundo o salão principal em volta do palco onde doze bailarinas russas dançavam semi nuas .
Enquanto isto os mais experientes jogadores tiravam dinheiro fácil dos que foram obrigados a ficarem nas mesas e se distraiam com olhares furtivos para as dançarinas.

Ao contrário de Londres onde tudo era bem dividido aquele lugar era um misto de clube de cavalheiros, taberna movimentada e um puteiro de luxo onde as damas que possuíam um benfeitor circulavam com eles ou sozinhas exibindo suas jóias e decotes fartos. Eu tinha que admitir que estava gostando daquele lugar, não haviam tantas regras de etiqueta ou conspirações por debaixo dos panos, haviam apenas homens sendo homens.

Não sou sua QueridaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora