Livro inspirado na música Devolva-me. Fora gravada originalmente há muitos anos atrás, mas foi regravada por Adriana Calcanhoto. Apesar de ser em um ritmo lento, é possível se observar na música um considerável sofrimento e tristeza. Consegui captá-los e, a partir do resultado, criei a história, a qual Lena e Margaret vivenciam.
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Deixei que o vento levasse meus cabelos a qualquer direção. Estava livre agora. Também deixei que o vento levasse meus problemas para longe. Viver era meu objetivo. Nos mudamos para um pequeno apartamento próximo ao centro da Grande São Paulo. Estava tudo tão chato. E com o intuito de ficar bem, fui para o terraço do prédio, soltei o cabelo e senti o vento chocar no meu rosto, deixando-o gelado, mas fresco. Gostaria de voltar para o Rio de Janeiro. Mas não quero. Quero tentar viver aqui - viver bem. Aos 25 anos, se espera algo da vida. Algo que as vezes não vem. Eu me considero bi, e só quero encontrar o amor da minha vida. Me mudei para cá com Gabriel, meu amigo e colega de quarto. Rachamos o aluguel. Rola uma discussão as vezes, quando a casa, ou apartamento nesse caso, está muito bagunçado e nenhum dos dois quer arrumar.
Meu trabalho é incrível: sou professora de artes. As vezes, componho algumas músicas para acabar com o tédio. Gosto das cordas do violão roçando na ponta dos meus dedos. Gosto da melodia doce que ele emite. É mágico. Gabriel trabalha as vezes como garçom, em diversos lugares. As vezes levo ele no meu trabalho e ele me ajuda a cuidar das crianças. É legal. As crianças gostam dele. Gabriel tem um bom humor incrível, e isso anima meus alunos. Ultimamente, tenho levado ele várias vezes lá. Sempre gostei de artes. Lecionar o que amo me faz feliz.
Comecei um quadro. É uma mandala. Negra. Sólida. Complexa. Gabriel está louco para ver. Não mostro. Não é vergonha. Só gosto de finalizar primeiro. Meu nome é Lena Liriam, e sou doida por culturas. Você sabe... É aquela coisa toda, entende?
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Devolva-me
Romance"Rasgue as minhas cartas e não me procure mais; assim será melhor, meu bem. O retrato que eu te dei, se ainda tens não sei, mas se tiver, devolva-me. Deixe-me sozinha porque assim eu viverei em paz: quero que sejas bem feliz junto com seu novo rapa...