Capítulo 9

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- Nicolas? - pergunto e sinto a tontura voltar.

Ele desce as escadas rapidamente e segura minha cintura me apoiando até o sofá.

- O que está fazendo aqui essa hora?

- Vim...pegar...água

- Francine deixou uma jarra em cima da escrivaninha, não viu? - nego com a cabeça e ele caminha até a cozinha, voltando com um copo de água.

- Aqui! - quando ele me entrega nossos dedos se tocam e nossos olhos se cruzam, ele segura minha mão e depois põe a mesma na minha testa - Está ardendo em febre, o que houve?

Um calafrio percorre meu corpo e eu apenas me encosto no sofá calada.

- Vou pegar as chaves do carro e te levar ao hospital - ele diz se levantando e eu seguro o seu braço.

- Não precisa Nicolas! Eu tomo um banho e passa rápidinho, devo estar tendo uma reação aos medicamentos, sei lá!

- Tem certeza?

- Sim!

Ele me levanta em seu colo e quando ia reclamar ele fala primeiro.

- Se você tiver um troço na escada vai dar mais trabalho te carregar depois do que agora! - ele diz rude e eu reviro os olhos, ele estava indo tão bem.

- Estúpido! - resmungo e pela sua carranca irritada, acho que ouviu.

Amanhã eu acordo desempregada e nem vou saber o por quê! Eu até tento ser profissional, mas ele me irrita tanto que quando eu vejo já tô falando merda até umas horas.

Seu colo estranhamente me traz um conforto e eu me encosto em seu peito aproveitando o curto caminho até o quarto. Se ele quisesse me dar banho também não ia reclamar! que? O que eu tô pensando? Acho que essa febre ta me deixando retardada.

Ele me coloca na cama e sai sem nem se despedir.

- Ia morrer se dissesse "Boa noite Maria Isis, espero que melhore"? - resmungo falando sozinha e ainda imito sua voz, eu realmente tô ficando doida - ele ia sim, por que é um grosso, um estúpido e um sem educação!

Já me sinto um pouco melhor mas vou tomar um banho mesmo assim! Giovanni me mataria se soubesse que eu dormi nessa casa chique e não tomei banho nesse chuveiro de rico.

A água está tão boa que dá vontade de morar aqui dentro, enquanto passo sabonete pelo meu corpo, minha mente repassa os últimos acontecimentos, tenho que parar com isso! Não posso ficar voltando no passado, tenho que seguir em frente! Mas toda vez que fecho os olhos vejo corpos e sangue, posso até ouvir novamente os gritos e tiros, parece que estou presa naquele momento.

Afasto esses pensamentos e me enrolo na toalha, se eu não saísse desse chuveiro agora, alguém teria que me arrancar daqui por que olha.. que chuveiro maravilhoso!

Quando entro no quarto tem um moletom masculino em cima da cama, será que foi o Nicolas que deixou? Não sei! mas agradeço quem quer seja, digamos que a camisola minúscula da Lorena não estava muito confortável.

Visto e confirmo que foi Nicolas que trouxe quando sinto seu perfume inebriante invadir o ambiente. Quando deito ainda de cabelos molhados uma batida na porta me desperta, olho para o relógio e fico confusa! Ninguém dorme nessa casa não?

Abro a porta e me surpreendo ao ver Nicolas novamente, ele tem uma caixinha na mão e estende para mim.

- Esqueci de trazer isso - ele me olha dos pés à cabeça e sinto meu rosto queimar - É um remédio para a febre!

Uma razão para amar - livro um - Irmãos Villeneuve Onde as histórias ganham vida. Descobre agora