Capítulo 2

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— Oi, Rick, os caras tão indo, você vai demorar? — intimou um homem negro após entreabrir a porta do seu chefe, pondo apenas a cabeça para dentro do escritório.

— Oi, Max, cara, não tô com cabeça pra isso agora! — respondeu Richard, fazendo um gesto para o amigo entrar.

— Qual é, Rick! A rapaziada tá esperando a gente! — falou enquanto sentava em frente à mesa do chefe.

— Max, hoje não dá! Tô preocupado, vou desembolsar uma grana por causa do maldito acidente dessa manhã!

— Mas e o seguro, não acionou? O Theo pisou na bola, mas foi um acidente!

— Sim, eu sei, mas não vão cobrir, estou com algumas prestações atrasadas... precisei cortar gastos, não imaginei que algo assim fosse acontecer! Soube que demiti o Theo? Queria quebrar a cara dele, aquele imbecil! — falou pondo as mãos sobre a cabeça, abaixando-a até a mesa. — Estou ferrado, cara! E ainda, a madame ameaçou nos processar, acredita? — disse encarando o amigo.

— Soube, foi mancada dele mesmo! Mas essa do processo, por que não conversa com essa madame? Tenta negociar!

— Acho que não vai dar, ela é difícil... não dá para conversar! Eu tive a cara de pau de oferecer uma única flor para ela, como pedido de desculpas, acredita? — Gargalhou.

— Cara, você é retardado! — Riu.

— Uma medida desesperada! — Richard argumentou.

— Mas e ela?

— Recusou e me deu as costas, saiu toda pomposa com o filho nos braços! — falou com desdém.

— Que droga!

— Nem fale! Ela me perguntou se eu estava mesmo oferecendo uma flor para ela depois de tudo que aconteceu, respondi que ofereceria um buquê se o tivesse ali! — falou com sarcasmo.

— Rick, tu é louco! Mas... e se tu levar mesmo um buquê, como um pedido de desculpas por tudo... de repente você pode se ajoelhar e implorar para que ela não processe! — Gargalhou. — Você pegou o nome dela, não é difícil descobrir o endereço, não?

— Babaca! Até levaria o buquê, mas não quero dar de frente com um marido ciumento!

— E se for mãe solteira? Quem sabe até divorciada, não custa tentar descobrir — disse se levantando. — Mas tu descobre isso depois, esquece isso, vamos para farra, a rapaziada não vai gostar se você não aparecer!

— Sei que não — respondeu irônico. — Sabe que estou com problemas com essa rapaziada também, né!?

— Sei, chefe, tá devendo uns trocados, eu sei! Mas vambora, hoje você não joga! Só vamos encher a cara e... a Maria vai tá lá hoje, esqueceu? — perguntou em tom malicioso.

— Ah, Maria! Como pude esquecer? — falou se levantando rápido. — Vamos logo, que aquela loira está à minha espera! — Ajeitou o casado e apanhou a chave do carro.

— Assim que se fala! — falou Max, que seguiu Richard para fora do escritório.

Max sempre foi um dos melhores amigos de Richard, desde a época da escola. Por isso, quando a mãe de Richard faleceu, deixando-lhe como herança um apartamento e a floricultura, pela qual se dedicou por mais de vinte anos, a primeira coisa que fez, foi contratar o amigo para trabalhar para ele. Assim, ao término do expediente, saíam juntos para curtir a noite, pois frequentavam os mesmos lugares, que iam de clubes, bares e boates. Suas farras eram regadas a bebidas, jogos e mulheres, algumas vezes, a drogas também.

O Ceifador de Anjos: Antes da ColeçãoWhere stories live. Discover now