— Tenho que ir. — Bufei. — Trevor já está me esperando! — Falei enquanto pegava minha bolsa.

— Não vai comer nada, senhorita? — Maria perguntou.

— Não. Obrigada, Maria, eu compro alguma coisa no caminho.

— Filha, que horas vem?

— Hoje temos aula integral, acho que por volta das sete estou em casa.

— Preciso ir te buscar?

— Não. Trevor ou Mia me dão carona! — Aproveitei a deixa para lutar pelos meus direitos. — Mas bem que você poderia me devolver o Lexus, aí não precisaria se preocupar! — Dei uma piscadela e fiz aquela expressão do gato de botas, com os olhos gordos e carinha fofa.

— Seu castigo ainda não terminou. — Ela me repreendeu com a expressão séria.

Pelo jeito só no desenho aquele olhar funciona. Suspirei, irritada, outro dia eu tento de novo.

Mamãe sempre me dá esse olhar: 'quando ela vai crescer e parar de ser mimada', mas em minha defesa eu não sou mimada, apenas gosto que as coisas sejam do meu jeito, na hora que eu quiser e quando eu quiser.

"Bem acho que isso quer dizer que eu sou mimada, mas só um pouquinho".

Na verdade, não me considero uma garota mimada, mas sim, justa. Quando eu era pequena, sempre fazia manifestos para lutar pelo que eu queria. Uma vez quando tinha apenas dez anos reuni todos meus bichinhos de pelúcia e me acampei no quintal. Até que papai e mamãe resolvessem me dar um bichinho de estimação de verdade. Aquela batalha eu ganhei, mas a guerra estava só começando, pois no outro dia papai apareceu em casa com um filhote de rottweiler babão enorme, que para minha tristeza, fazia bagunça por todo lado. Porém, com o tempo fui me acostumando com o cachorro, que parecia mais uma vaca de tão grande, e a gente se tornou grandes amigos. E hoje em dia eu agradeço por ser um rottweiler e não um pinscher barulhento.

— Tchau mãe, tchau Maria. — Passei apresada pela porta da frente, sem me preocupar em ouvir a resposta.

Sai de casa já me deparando com o carro estacionado e a porta do passageiro aberta, podia ver olhos azuis me encarando e um sorriso magnifico, enquanto caminhava até o carro.

— Oi, docinho! — Diz Trevor.

— Oi! — Respondo me ajeitando no banco e me inclinando para dar-lhe um selinho. Trevor é lindo, tipo de cara perfeito que consegue qualquer garota, mas agora ele era meu. Apesar de ser a garota mais bonita da escola tive que jogar meu charme para conquistá-lo, ainda mais quando todas as outras garotas praticamente babavam por ele. Seu cabelo loiro, os olhos azuis claros, o corpo atlético e a jaqueta de capitão do time de futebol só o deixam mais bonito.

— Ei... Vamos gazear aula?

Viro-me para o banco de trás, com os olhos arregalados notando que não estamos sozinhos. Pelo jeito hoje era o dia dos quase "mini enfartes". Sempre me esqueço da turma do Trevor. Jeremy, Patrícia e Dread estão no assento de trás. Jeremy é moreno, cabelos e olhos castanhos, corpo atlético, ele joga no mesmo time de Trevor, o Tiger Team. Patrícia é loira, siliconada e líder de torcida, namorada de Jeremy e do resto da escola também, a típica garota piranha. Ela vive dando em cima de Trevor, por isso eu não vou com a cara dela e ela não vai com a minha. Já Dread é moreno, tem um estilo rastafári, com dreads no cabelo.

"Acho que é daí que vem o apelido". Não sei o seu nome verdadeiro e nunca entendi porque ele anda com a gente. Talvez seja pelas coisas que ele vende e consegue na escola.

— E então? — Pediu-me Dread empolgado, olhando para mim. Demorei alguns segundo para processar o ocorrido, fiquei com aquela expressão de peixe morto.

O Protetor (COMPLETO)Where stories live. Discover now