b de barra reta para tríceps? ✿⊹⊱ ❲seolho❳

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primeiramente, esse projeto (B de Quê?) é muito tope, fiquei querendo escrever alguma coisa pra ele desde que li a primeira one, então, é isto, muito tope, leiam e aproveitem ♥

― Oppa! ― olhei para o lado, Seola estava agarrada em meu braço me olhando sorridente, os olhos como de um cachorrinho feliz, correspondi o sorriso e apertei a bochecha da garota em seguida ― Posso perguntar uma coisa? ― assenti ― Você quer sair comigo?

Desfiz o sorriso e permaneci olhando para ela ali incrédulo.

― Nós saímos ontem a noite, Hyunjung! Você não cansa nunca, não é? Eu não sei como consegue ir tão bem nas provas ― resmungou. Seola tinha uma vida social tão concreta que assustava ela ter tempo para estudar e cumprir suas responsabilidades para ir tão bem na universidade

― Não, não isso. ― ela negou com a cabeça e então eu parei e olhei com estranhamento para ela. Meu Deus, o que estava acontecendo ali? Era o que eu estava imaginando? ― Estou perguntando se quer sair comigo, só comigo, sem nenhum amigo. E depois continuar saindo várias vezes, e quando perguntarem, "Oh, aquele oppa bonito namora com a Hyunjung?", a resposta ser sim ― ela piscou os olhos de cachorrinho e eu, que de tanta academia e alimentação saudável corro risco quase nulo, quase sofri um infarto.

Minha dongsaeng havia feito a confissão mais inesperada da minha vida. E eu só conseguia a encarar sem saber exatamente o que responder para aquilo. Porque primeiramente eu não tinha processado nada em minha cabeça. Mas aquilo não era impossível?

― Hein? Shin Hoseok? Você não vai me responder? ― ela soltou meu braço e sua expressão se tornou adoravelmente assustadora, me fazendo querer rir apesar do desespero ― Se você me responder, tudo bem, eu vou ficar feliz até sendo rejeitada, mas se você continuar a me ignorar eu vou... Eu vou... Vou parar de falar com você. É isso.

A ameaça parecia horrorosa, mas eu ainda não sabia o que responder. Não que eu não gostasse de Seola, longe disso, tinha até minhas dúvidas do que sentia por ela. Mas acontecia que ela não deveria gostar de mim.

dois meses antes;

Como qualquer um dos dias da minha vida, na rotina cansativa e chata, eu estava tranquilamente andando pelo campus, tinha que entregar alguns livros na biblioteca e depois estaria livre para a melhor parte do meu dia: academia.

Mas, como um cidadão curioso e com um pouco de empatia no coração, tive que interromper meu caminho para identificar de onde vinha o barulho que eu tinha certeza ser de choro. Procurei em volta e achei uma garota sentada em um dos banquinhos em meio às árvores chorando loucamente. Fui até ela e sentei ao seu lado.

Esperei a garota parar de chorar para perguntar se estava tudo bem com ela (não). Ela parou, levantou a cabeça, fungou algumas vezes enxugou o rosto e limpou o nariz, olhou para o lado e não demonstrou reação alguma ao me ver. Quando tentei abrir a boca para falar, a garota encostou a cabeça em meu ombro e desatou a chorar mais uma vez.

Ótimo.

Aquilo era no mínimo desconcertante, mas continuei parado, algumas vezes dava tapinhas no ombro e na cabeça da garota. Depois de minutos daquele jeito, ela limpou seu rosto em meu suéter e tentou se recompor. Olhou para mim por um tempo com seus olhos inchados e, fungando, começou a falar.

― Me desculpe ― seu nariz estava entupido então a frase saiu engraçada ― Eu não estou bem ― "eu percebi" parecia uma resposta um pouco rude.

― Ah, o que aconteceu? ― perguntei, sempre me disseram que perguntar o motivo de alguém estar chorando só faria essa pessoa chorar mais.

― Hoje de manhã meus pais brigaram comigo, ameaçaram me expulsar de casa caso o que estão pensando sobre mim seja verdade. E agora eu me confessei para Soobin-ah e ela me rejeitou ― ela soluçou um pouco, inexpressiva, mas logo seu rosto tomou uma feição desesperada e ela voltou a chorar.

― Tudo bem, tudo bem, calma, calma ― tentei acalmá-la ao perceber o porquê de ela estar chorando mais uma vez ― Qual é seu nome?

― Kim-Hyun-Jung-Seol-A ― ela soluçava a cada vez que abria a boca para tentar me responder.

― Que nome grande, Kim HyunJung Seola. ― tentei fazer ela rir, provavelmente Seola era algum apelido pelo qual as pessoas mais próximas a chamava então funcionaria.

Consegui convencer Seola a irmos para algum lugar fechado, como ainda era verão eu pagaria um sorvete para ela e ela iria me explicar bem porque tanto chororo. A história dela parecia um pouco mais complicada do que eu imaginava.

Os pais de Hyunjung estavam suspeitando que ela gostava de garotas, e, como qualquer pai tradicional coreano faria, ele gritou com a garota e ameaçou a expulsar de casa, e, apesar de querer poder dizer quem era de verdade, seu trabalho de meio período não cobria o mínimo que ela precisaria para continuar estudando e se sustentar só. Na faculdade, ela tinha que explicar para a tal Soobin, que além de sua melhor amiga, era a pessoa de quem ela gostava, o porquê da sua cara de choro e desânimo perceptível. Acabou deixando escapar que gostava da outra, e foi rejeitada da pior forma possível.

Eu me considerava, até aquele momento da minha vida só gostando de garotas, hétero, mas entendia um pouco do quão complicado era para a Hyunjung porque no passado, quase final do ensino médio, tinha tido uma melhor amiga lésbica que sofria na mão dos pais pelo preconceito de ambos.

Acabei projetando um pouco a imagem daquela amiga na Kim, e depois de duas semanas andando juntos, desenvolvemos uma amizade sincera. Quando as coisas iam se tornando um inferno na casa de Seola, decidimos que ela me apresentaria como namorado. Ela tinha crises de choro porque, em sua cabeça, "se assumir" seria o mais certo a fazer, que fingir namorar comigo era uma forma de "dar espaço" ao preconceito dos pais e ficar acomodada, mas não tinha certeza se iria aguentar a reação que sabia que os teriam, não tinha estrutura psicológica e financeira para cortar todos os laços com os pais. Logo quando eles estavam voltando a tratá-la como sua linda filhinha.

No campus, eu continuava a desempenhar meu papel de mostrar uma cara feia para Soobin toda vez que nossos olhares se encontravam. Se ela só tivesse partido o coração de Hyunjung, eu poderia encarar ela como gente, mas quebrar o coração de Hyunjung reproduzindo o mesmo preconceito que os pais tinham, aos gritos, aquilo não era como uma pessoa merecia ser tratada.

Durante os quase dois meses, tentei procurar as garotas mais simpáticas possíveis para apresentar para Seola, queria que ela lembrasse que ainda existiam mais garotas para se apaixonar.

― Shin Hoseok? Onde foi parar sua cabeça? ― ela bateu em meu peito com a mão fechada ― Não vai me responder? Tudo bem, eu nunca mais vou falar com você. Eu não sou mais sua amiga.

― Não! Seola, não! Eu só estava pensando, calma ― segurei seus ombros pequenos, recebendo um olhar de ódio.

― E então, qual é a minha resposta?

― Você não gostava de garotas? Como você pode querer sair comigo agora? ― eu estava confuso.

― Aigoo, Hoseok. Eu vejo que você não tem preconceitos, mas você deveria saber, no século em que vivemos, que o B em LGBT não é de "Barra reta para o tríceps".

Minha resposta continuou sendo não por um bom tempo, mesmo depois do esclarecimento. Eu não gostava de Seola na época, não podia magoar ela sendo mentiroso. Ela não poderia terminar de repente com o namorado que sua família tanto amava, eu, então continuamos juntos como amigos até eu perceber que gostava dela da mesma forma que ela gostava de mim. Ambos terminamos a faculdade, até lá já estávamos mesmo namorando e decidimos morar juntos quando conseguimos empregos melhores.

Hyunjung decidiu tentar explicar para os pais, depois de todos aqueles anos, o que era "bissexualidade", não conseguiu aceitação. Ela falou, ao voltar para nossa casa naquele dia mais tarde, que tudo bem, ela não tinha mais medo de ser expulsa de casa, ela tinha a tão sonhada estabilidade financeira, ela tinha sua casa. Sobre a emocional, seria muito bonito se dissesse "tudo bem, eu tenho você", mas era mais bonito ainda como Hyunjung falava que estava tudo bem porque ela se amava daquele jeito, ninguém que não gostasse de quem ela era a colocaria para baixo.

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⏰ Last updated: Dec 09, 2018 ⏰

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