A Herdeira - Entre Mundos (PAUSADA)

DEZOITO LUAS - PART1

Acordo ansiosa, já sabendo que dia é hoje. Me sento na cama enquanto fecho meus olhos, sentindo a luz do sol que entra pela janela, tocar meu rosto. Depois de alguns minutos agradecendo ao Universo por cada segundos, minutos, dias, meses, semanas, anos da minha vida, me levanto da cama feliz e tão cheia de luz quanto o sol. 

Coloco no meu celular a playlist que eu tinha preparado a meses somente para o dia do meu aniversário. A primeira música a tocar foi a Wake Me up - Avicii, eu fico mais radiante, sentindo uma sensação nova e incrivelmente maravilhosa que cresce dentro de mim. Tomo meu banho, me arrumo para descer para o café, ouvindo música e cantando tão alto que o Vale inteiro com certeza pode ouvir. Saiu do quarto, cantando a cada passo que eu dou, desço as escadas e a cada degrau eu dançava sem medo de cair, apenas quero dançar como se não houvesse amanha. Ao chegar na cozinha, meus pais não estão, achei estranho mais não me importei. A mesa posta, deixo o celular ao meu lado, e me sento para tomar meu café da manhã. Minha mãe havia feito meu café da manhã preferido, bolo de chocolate recheado com creme e morangos frescos, não tinha como ficar melhor..Ou tem? 

Desde aquela noite, nada mais aconteceu. O Gustavo e eu não conversamos mais. Apesar dele ter ficado preocupado comigo,  não comentou ou perguntou mais nada, e eu não quis tocar no assunto. Preferir esquecer e me concentrar no meu aniversário. Esqueci do diário, do baú cheio de antiguidades, do barulho que ouvimos na cozinha, do meu desmaiou, dos meus sonhos e de todo o resto, queria apenas me concentrar e saber do meu aniversário. Meus pais chegaram pela madrugada e pareciam estar bem cansados, mas não me falaram nada, nadica de nada. E eu preferir não dá importância. 

Terminei meu café da manha, lavei e guardei toda a louça e voltei para o meu quarto, resolvi passar o dia relaxando para poder aproveitar toda a noite, minha festa e cada segundo do meu dia. Fico a manhã toda deitada, ouvindo musica, respondendo mensagens, como eu tinha acordado super cedo, resolvo voltar a dormir. E nem demorou para eu pegar no sono, meu sonho começou, é surpreendente a minha capacidade de sonhar. 

SONHO

Eu estou no meio de uma floresta incrivelmente linda, cheia de arvores enormes, flores exóticas, parecendo uma floresta de conto de fadas. Caminhando entre as arvores e a cada passo que dou posso ouvir o barulho dos galhos secos que piso, se partirem. Os pássaros cantando e algo a mais que não consigo decifrar. Parece alguém chamando meu nome, continuo caminhando observando cada arvore por onde passei, mas não consigo memorizar, cada vez que vou caminhando, vou me perdendo em meio a floresta. Ouço alguém chamar meu nome, olho para todos os lados e não vejo ninguém, mas continuo a ouvir chamarem meu nome. Paro em frente a uma arvore tão grande que quase não consigo ver o topo dela, deslizo minhas mãos sobre o tronco da mesma, e posso afirmar que sinto vida dentro dessa arvore, aproximo meu rosto da mesma e posso ouvir, È ELA! Ela está me chamando, chamando meu nome. Mas como pode isso? Como isso é possível? Arvores não falam! Tento procurar alguém mas não encontro ninguém, a voz vem realmente dessa arvore, e eu sei lá no fundo do meu coração e da minha alma, que conheço essa voz.

Mulher misteriosa: Sim Luna, você conhece sim a minha voz.

Lara: Quem é você? Onde você está? Como assim eu conheço sua voz? E quem é Luna? - Eu estava ficando apavorada e nervosa, que brincadeira idiota de falar comigo sem aparecer, e quem é Luna? -

Mulher misteriosa: Meu nome é Ártemis, minha criança. - Uma mulher incrivelmente linda, a mulher dos meus sonhos, saiu de trás da enorme arvore. Não acreditei que era ela. Seus cabelos tão brancos como a neve, seus olhos negros como a lua, mas de uma beleza tão angelical. -

Lara: E quem é você? De onde me conhece, e porque fica vindo em meus sonhos? - Enquanto eu falava, ela ia se aproximando cada vez mais, me observava da cabeça aos pés, dos pés a cabeça. Seu olhar doce, ela deslizou suas mãos sobre meus cabelos, deslizando seus dedos sobre os meus cachos, seu toque é calmo e totalmente familiar. -

Àrtemis: Sou sua protetora, sou melhor amiga da sua mãe. Em breve iremos nos encontrar minha criança. E não venho em seus sonhos, você me chama, e isso significa que quer saber de algo ou está se sentindo perdida. Hoje é seu aniversário, e vim aqui te dá um presente. 

Lara: Melhor amiga da minha mãe? Minha protetora? Não preciso de protetora e além do mais minha mãe nunca falou sobre você. E só pra você saber eu não te chamo em meus sonhos, não estou perdida, não preciso saber de nada.. - Falei em um tom firme, mas por dentro eu estava morrendo de curiosidade e medo. -

Àrtemis: Luna... Ou melhor, Lara como você é chamada, sinto seu medo e curiosidade, sinto seus desejos mais profundos, sua dor, sua alegria, sinto tudo que você sente.. Eu te conheço desde o dia do teu nascimento, minha menina. Você nasceu com uma missão muito importante, e uma parte de você me conhece e por isso me chama, mas outra parte sua não sabe completamente a verdade e em breve você irá saber de tudo, e então as duas partes estarão em harmonia, esclarecendo todas suas perguntas. Mas agora, não esta na hora de você saber de tudo e eu já falei demais, recebe seu presente, use e jamais tire. È sua proteção. Agora que completou dezoito luas, as forças negativas também podem te sentir, elas irão tentar se aproximar, e o meu presente irá te proteger. Preciso ir minha criança, não sinta medo, estou mais próxima do que pensa, e a Safira irá cuidar de você. Agora vá. - Ela beijou a minha testa e desapareceu tão rápido quando apareceu. - 

FIM DO SONHO

Eu acordo assustada, cheia de perguntas, o lugar onde ela me deu o beijo, eu posso sentir. Eu já estava perdida em meio a perguntas, agora eu certamente me afoguei. Que presente é esse? Me levanto rapidamente, procurando em todo meu quarto e finalmente no fundo da gaveta do meu criado mudo, tem uma caixinha. Peguei a caixinha e me sento na cama, pensando se devo ou não abrir. Estou tão perdida em meus pensamentos que não percebo minha mãe parada a minha frente, me chamando.