Night Killer

3* Pain

Xxx: "Ouça, eu não quero estar a levantar falsas declarações, mas de acordo com as provas que avaliamos até agora, a sua mãe cometeu suicídio."

Catherine: "O QUÊ? NÃO. ELA NÃO FARIA ISSO."

Xxx: "Por vezes, as pessoas escondem este tipo de pensamentos, até não aguentar mais."

Catherine: "ELA É MINHA MÃE."

Passo a mão pela minha bochecha já toda molhada das lágrimas, e agora percebo um pouco de preocupação no olhar do polícia.

Xxx: "Você fica bem sozinha?"

Aceno que sim com a cabeça e vou para dentro de casa.
Entro na cozinha e vejo o chão já todo limpo. Provavelmente foi os polícias ou os médicos que o limparam.

Desabo no meio do chão, exatamente onde o seu corpo estava deitado. Ela não fez isso. Eu sei que não! Ela podia estar com muita dor, mas ela nunca se iria suicidar. Finalmente deixo sair todo o choro que estava a conter já há não sei quantas horas. Eu não a podia perder. Eu estou sozinha agora!

Agarro com força a minha camisola de modo a que toda a dor e desespero fossem embora. A respiração começa a falhar-me, enquanto eu grito com tudo o que tenho.

(...)

Demoro um pouco para conseguir abrir os meus olhos. Eles estavam pesados e inchados de tanto chorar. A minha visão estava turba e todo o meu corpo doía, especialmente o meu peito.

Ouço o irritante som do toque do telemóvel, reviro os olhos e atendo a chamada.

Catherine: "Sim?"

Xxx: "Olá, amiga."

Assim que ouço a sua voz, dou um longo suspiro e tento engolir as lágrimas que já se estavam a formar nos meus olhos, de novo.

Catherine: "Oh, olá Tyler."

Tyler: "Está tudo bem? Pareces triste."

Catherine: "Sim, vai andando."

Tyler: "Então acho que esta ideia vai-te animar. Eu e a Stella vamos sair, e tu vens connosco."

Catherine: "Obrigada, Tyler. Mas eu não tenho energia nem humor para sair."

Tyler: "Pareces mesmo abalada. Eu e a Stella estamos já aí. Até já. Beijinhos."

Nem consigo responder-lhe, que ele logo desliga a chamada.

Vou até à casa de banho e lavo a minha cara com água morna. Nem no espelho me consigo olhar. Não quero ver a minha aparência agora. Devo estar horrível.

Limpo a cara e logo ouço alguém a bater à porta. Uau, chegaram rápido.

Ao meu ritmo, vou até à porta e abro-a. Logo vejo o Tyler e a Stella com pipocas e chocolates. Não consigo impedir que um pequeno sorriso se forme. Mas logo o desmancho.

Vou para o sofá sentar-me e logo sinto um corpo a sentar-se ao meu lado e pelo perfume percebo que é a Stella.

Stella: "Cath, nós estamos aqui para ti. Fala!"

Sem conseguir impedir mais, as lágrimas começam a cair. Sinto os braços da Stella nos meus ombros e vejo o Tyler a vir para o meu outro lado e abraçar-me também.

Catherine: "A minha mãe morreu."

Digo mais como um sussurro, mas acho que conseguiram percebem, pois eles agarram-me com mais força ainda.

Ouço apenas silêncio e choro tudo o que consigo. Não consigo parar... Eles agarravam-me como se quisessem partilhar todo o meu sofrimento. Doía muito. Doía mesmo muito. E eu quero que isto pare de doer.

Após uns longos e dolorosos minutos, finalmente consigo parar de chorar. Olho o Tyler e para a Stella que estavam também com lágrimas e os olhos vermelhos. Eles sabiam do quanto eu necessitava da minha mãe. Tento afastar todos estes pensamentos da cabeça e o Tyler pega nos chocolates e nas pipocas.

Stella: "Sentes-te melhor, amor?"

Catherine: "Sim, obrigada. Isto ia ser muito mais doloroso sem vocês."

Tyler: "Ainda bem. Está na hora então de vermos um filme. Vou só buscar as mantas."

Ele levanta-se do sofá e corre para o meu quarto.

Stella: "Parece que não, Catherine. Mas, vais ver que tudo vai melhorar. Pode demorar, mas um dia vais encontrar a felicidade e a paz que tanto anseias por."

Apenas sou capaz de sorrir para ela, como forma de agradecimento, ao qual ela retribui.

Ela logo se levanta e vai ajudar o Tyler que vinha um pouco desajeitado com as mantas. Entretanto, vou abrindo a comida e logo sinto a manta em cima de mim.

Assim que ele apaga a luz e se sentam ambos ao meu lado, sinto o medo e um nó a formar-se na minha garganta. As memórias do corpo da minha mãe, deitado no chão, invadem-me. Mas eu não quero estar a chateá-los mais, portanto tento com tudo de mim, focar-me no filme, que eles colocaram.