Capítulo Único

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Newt saiu da livraria apertando mais a alça da mala e enfiando a mão livre no bolso do casaco. Ele deu um aceno não muito empolgado para um bruxo que o reconheceu. Uma coisa que ele percebeu: a fama era cansativa. Ser intrevistado pelos jornais era  correr o risco de ter que responder perguntas um tanto invasivas, ficar horas sorrindo e assinando exemplares era uma tarefa exaustiva, ser apontado toda vez que entrava numa loja do beco era irritante.

Ele estava feliz pela publicação do livro, era ótimo a comunidade bruxa comecar a entender a importância das criaturas mágicas e finalmente haver espaço para discutir com seriedade os estudos feitos. Por outro lado a transformação dele numa celebridade e toda a atenção que recebia era, muitas vezes, indesejada.

Ele sentiu esbarrar em algo quando distraiu-se com o bruxo desconhecido. A mulher deu um passo para frente ao absorver o golpe, virou com sobrancelhas franzidas para encarar o culpado, a carranca dissolveu-se e ela soltou um curto suspiro. O homem, prestes a murmurar desculpas, ficou com os olhos arregalados e boquiaberto.

— Tina ? — ele deu um sorriso, feliz e descrente ao mesmo tempo.

A auror sorriu e Newt tomou um momento para observa-la. A primeira coisa que reparou foi nos cabelos, um tanto mais curtos, as pontas de duas mechas curvavam-se ao terminarem na linha do maxilar e ela havia aderido a uma franja reta e simétrica acima das sobrancelhas. Depois ele reparou nas roupas dela: usava calcas como quando a conhecera, mas agora era um tecido de maior qualidade que simples algodão, o casaco também mudado, uma camada de um tecido que lhe lembrava seda. E por fim notou que ela estava maquiada. Nada chamativo, cores neutras, mas ainda sim maquiada.

— Você mudou — ele disse voltando a olhar para os olhos dela e depois desviando para uma vitrine. — De um jeito bom. — ele esclareceu rapidamente.

Tina deu mais um sorriso pequeno.

— Pelo que eu lembro, você me conheceu numa versão não muito boa. — ela comentou e encolheu os ombros para enfatizar que não considerava uma grande coisa, apesar dela conter o sorriso de expandir-se pela reação do magizoologista. — Permissão de varinhas não dá altos salários.

Newt sorriu e ela juntou as mãos na frente do corpo, apenas para logo em seguida separa-las e apontar um dedo para ele.

— Você mudou também. — ela disse. — O quê aconteceu com seu casaco azul?

— Um pequeno acidente com salamandras. — Newt alisou o tecido cinza com uma mão. — Algumas resolveram tomar o outro como cama.  Ficou todo chamuscado.

A auror deu um riso baixo e maneou com a cabeça ao imaginar o magizoologista flagrar os animais estragando a peça e deixa-los ficar acomodados sem se importar.

— Já jantou? — ele recebeu uma negação. — Podemos ir num restaurante que conheço.

— Seria ótimo. — ela concordou.

Newt olhou diretamente por um momento para a moça, começou a andar e a auror o acompanhou no mesmo ritmo de passadas que as dele.
Entraram em um restaurante trouxa, simplório, mas acolhedor. Tina sorriu com a mistura de cheiros de carnes e temperos do lugar, o magizoologista escolheu uma mesa e pediu jacket potato, a auror incerta na escolha do prato o acompanhou.

Soltou um som de aprovação a batata recheada com legumes e frango, Newt apenas sorriu em resposta.

— É muito boa!  — ela exclamou.

— Melhor que cachorro quente. — Newt apontou.

— Não exagere. — ela advertiu. — Mas não compara-se ao strudel de queenie.

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⏰ Última atualização: Nov 26, 2017 ⏰

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