—Eu achei que você aproveitaria melhor a oportunidade, tipo me levar pra um matagal e me estuprar ou me matar e vender os meus órgãos. Pizza Hut? —Eu lhe disse, enquanto saíamos do carro.

—O bebê precisa ser alimentado, sua reclamona. E eu estou me referindo a mim mesmo. —Você me respondeu.

Então entramos no restaurante do Pizza Hut e se acomodamos no canto direito, ao lado de uma janela com vista para o estacionamento. Fizemos os pedidos e esperamos as pizzas chegarem enquanto conversamos. Nós conversamos sobre os planos para a faculdade, sobre como gostávamos de livros e músicas indies, sobre o como você tinha tanto dinheiro pra morar sozinho (Você se limitou a falar apenas a palavra "família", e em seguida mudou de assunto.). A conversa ia bem e casual, até você perguntar, com a maior naturalidade do mundo:

—Você é virgem?

Eu cuspi todo o refrigerante dentro da minha boca na mesa antes de lhe responder; —Que tipo de pergunta é essa?

—Você é? —Você insistiu na pergunta enquanto sorria. Parecia saber a resposta que viria, e provavelmente por isso se assustou com a minha frase seguinte.

—Não.

Você pareceu surpreso com a resposta, e até levemente triste por ela. A tristeza deve ter sido por você não poder realizar o clichê de tirar a virgindade da garota indefesa e puritana e tudo mais. Mas antes que pudesse responder algo, a pizza chegou. Você estava atacando a sua enquanto eu ia retirando todas as azeitonas da minha pizza. Eu sempre odiei azeitonas.

—Posso pegar as suas azeitonas? —você me perguntou como se fossemos velhos amigos.

—Uhum, pode pegar. Como você consegue comer isso? —perguntei, com nojo.

E ignorando a minha pergunta, você me perguntou uma das suas perguntas aleatórias:

—Você conhece a teoria das azeitonas, meu bem?

—Acho que não. —Respondi.

—Primeiramente, você precisa assistir How I Met Your Mother. E segundamente, a teoria das azeitonas se baseia em uma casal da série, na teoria, ele não gostava de azeitonas, ela gostava, sendo assim, as azeitonas davam o equilíbrio perfeito pra eles. E bom, meu bem, nós temos o equilíbrio. —Você explicou.

Mas eu não respondi, apenas acenei a cabeça, pensando sobre o que você tinha falado enquanto terminava de comer a minha pizza. Eu peguei o celular para ver as horas, o horário de passava das onze e meia da noite. Você me convenceu que iria pagar a conta sozinho, e depois de pago, eu estava me arrumando para ir embora, finalmente. Mas você destruiu as minhas expectativas de ir para casa cedo aquela noite. Ou sequer ir pra casa.

—Então, agora você agora vai finalmente me levar pra casa? —Lhe perguntei, pronta para ir.

—Obviamente não, Noora. Que pergunta estúpida, agora que o bebê está devidamente alimentado, podemos ir ao local planejado. Sem perguntas, vamos. —Você me respondeu, levantando da cadeira e se dirigindo a saída.

—Mas aonde a gente vai? Você é louco, Evan, louco. —Eu disse.

—Sem perguntas, meu bem, sem perguntas. —Você se limitou a dizer.

E então eu entrei no seu carro, sem saber aonde iríamos. Eu nunca teria confiado em alguém o bastante para entrar no carro e deixar ser conduzida para um local desconhecido. Mas sabe, Evan, você sempre teve o dom de me convencer sem esforços a fazer coisas que estavam fora do meu cotidiano. Você mudou tudo quando você chegou, fazendo uma confusão imensa em mim. Eu chegava cada vez mais tarde em casa e muitas vezes nem chegava nela, aquela foi somente a primeira das vezes.

Quem é você, Evan? Where stories live. Discover now