Se o inferno existir, certamente eu estava nele.

Depois de alguns segundos analisando o lugar onde eu me encontrava, voltei ao foco e avistei todas as minhas amiga se aproximando da porta de entrada. Brooke estava te abraçando e falando algo ao seu ouvido, mas você não estava olhando pra ela.

Você me deu aquele sorriso novamente, e por microssegundos eu lhe desejei. Afinal de contas, você era um babaca, mas eu tinha hormônios.

Eu sorri também, mas em conjunto, lhe dei um dedo do meio.

Você soltou o abraço dela e veio me cumprimentar quando eu alcancei as meninas do meu grupo. Elas não entenderam muito bem quando você abriu um sorrisão pra mim e me cumprimentou. Mas sinceramente, nem eu tinha entendido muito bem. Sabe Evan Allen, você devia estar realmente determinado a destruir a minha vida.

E a fazer outras coisas também.

Eu entrei e fui direto a área externa da casa, nos fundos, até porque se fosse pra aguentar aquela festa por horas, ao menos eu ascenderia meu cigarro em paz.

Eu fumei por alguns minutos, até decidir ler em algum lugar da casa. Eu realmente não era uma pessoa extrovertida ou coisas do gênero. Aquilo não era pra mim, por isso subi e entrei no único quarto que ninguém estava transando. Aquele quarto era o único livre possivelmente porque estava trancado, mas eu era a única não acéfala que via claramente a chave no jarro de flores ao lado da porta do quarto.

Eu entrei e me surpreendi quando entrei, havia diversos quadros de séries que eram realmente boas. Havia também uma cama realmente confortável, um cinzeiro, e o que me chamou mais atenção; cds de arctic monkeys e outras bandas que eu curtia (e algumas também desconhecidas por mim) e alguns livros que eu também gostava.

Mas também uma grande coleção de camisinhas e posters de mulheres nuas, e aí eu realmente compreendi que era o seu quarto. Ah quantas vezes eu entrei naquele lugar depois daquele dia...

Eu me perguntei como um adolescente daquele poderia morar numa casa como aquela só com os amigos e ter um carro bom como o seu; eu realmente considerei a possibilidade de você vender drogas. Eu tirei os meus tênis e subi na sua cama para ler meu livro, eu realmente sempre adorei um livro brasileiro famoso que conheci através da internet, chamado Dom Casmurro, então ele foi a minha escolha daquela noite. Eu fiquei por volta de 30 minutos lendo o livro, até ouvir uma movimentação próxima ao quarto. Logo depois a fechadura girou e você entrou no quarto, e logo atrás de você, a Brooke.

Eu fiquei um pouco em choque com a cena, eu sabia que você era um galinha, mas não sabia que ao ponto de me chamar de linda em um dia e alguns dias depois querer comer uma das minhas amigas mais próximas. Pareceu egoísmo da minha parte, eu não tinha nada com você e sequer sentia algo por tu, mas aquilo me incomodou de alguma forma que no momento eu não havia entendido.

- Achei que demoraria mais um pouco pra você conhecer a minha cama. A propósito, ousada em entrar no meu quarto assim, em? - Você falou, e de repente, pareceu ignorar a existência da Brooke ali.

-Você quase que me obrigou a vir à essa merda de festa, então não reclama de eu estar aqui. Mas se quiserem espaço para os pombinhos, eu já estou de saída. - Eu disse, com o mesmo tom de deboche que você.

-Na verdade, não precisa. Pode sair - Você disse, quase que empurrando a Brooke a sair do quarto

-Mas que diabos você tá... babaca- disse a Brooke, vermelha que nem um tomate enquanto saia do seu quarto puta de raiva.

-Você é um babaca, pra que você fez isso com ela, cara? Tu não cansa de humilhar garotas? - eu respondi, puta de raiva e levantando da sua cama.

-Eu só trouxe ela pra cá depois dela insistir muito e eu não te encontrar desde a hora que você chegou. Eu fui meio idiota, mas quem eu queria não aparecia, e eu não queria terminar essa noite sozinho... sabe como é - você me disse como se fosse algo super normal.

-Que bom que você não me encontrou, teria arruinado o meu curto e ótimo momento lendo. - lhe respondi, curta e grossa como sempre quando se tratava de conversas com você, mesmo sem entender o porquê.

-Eu adoro esse livro, especialmente o lance sobre os olhos. Me lembra os seus. Eu só acrescentaria "olhos de obliqua, dissimulada e grossinha." - Você me disse, parecendo ignorar a minha fala anterior.

-Desde quando você lê? Especialmente livros de outros países, eu pensei que você fosse aqueles caras ultra patriotas que cultuam Donald Trump. -Eu disse, num tom um tanto quanto chocado na voz.

-Minha avó é brasileira, ela se mudou para Florida depois de se apaixonar pelo meu avô daqui. Então minha mãe e eu nascemos aqui na Florida também, mas eu conheci algumas coisas de lá, como os livros. Por isso eu tenho eu sou tão sensual, sangue brasileiro - você me respondeu, e foi legal conhecer um pouco sobre você fora o estereótipo de babaca habitual.

-Que foda esse lance da sua avó, e que ego elevado, seu convencido. -respondi enquanto ria, nem eu acreditava que estava tendo uma conversa consideravelmente civilizada com você.

-Você realmente tá odiando essa festa, né? Da pra ver pela sua cara de "quero minha casa". - você me perguntou, parecendo ler meu pensamento. Ou percebendo a minha cara de cu.

Fiz um sinal de sim com a cabeça.

- como eu sei que você não vai querer transar comigo, vou dispensar essa possibilidade. Então, você aceita uma proposta que envolva estarmos vestidos pra te tirar daqui? -você me perguntou esperançoso.

-Se for com você, dispenso. - respondi, voltando ao normal.

-Vamos fazer assim, eu tenho uma moeda aqui, se der cara, você sai comigo pro lugar que eu escolher te levar. Se der coroa, pago um taxi pra te levar embora imediatamente. - você propôs.

Então eu aceitei. Você tirou a moeda do bolso e a jogou pra cima, ela voou no ar por um segundo e em seguida pousou na sua mão.

E com meu azar, deu cara.

Quem é você, Evan? Where stories live. Discover now