Parte V

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Seu Antenor estava determinado a dar um banho no filho naquele sábado. Por semanas o menino dera um jeito de escapar, e quem terminava na banheira era sempre o pobre Antenor. Sabendo das maquinações do pai, Cascão resolvera tirar o dia fora de casa. Já tinha passeado com o porquinho Chovinista, machucado o dedão chutando pedrinhas, e especulado com o Franja quanto aos novos experimentos desenvolvidos. Mas ele sabia que algo ainda faltava, já era quase hora do almoço e não tinha se metido em nenhuma enrascada.

- Cebolinha, amigão. Que é que você está fazendo aí nesse arbusto?

- Estou plepalando o maior plano de todos os tempos! Desta vez eu loubo aquele coelhinho. A Mônica que me agualde. Hô! Hô! Hô!

- Ah, não! Mais uma vez? Você não aprende, mané? Todo plano seu termina em coelhada para todo lado! Eu já estou cansado de apanhar da dentuça. Não conte comigo desta vez!

- Ai, calamba! Você é um medloso, mesmo. Este plano é infalível, acledite em mim. Vou usar estas folhas pala constluir uma fantasia de Floquinho! E quando estivermos dentlo dele, ninguém sabelá que somos nós. Eh! Eh! Eh!

- Nós? Já disse que estou fora. Estou falando sério!

Cascão saiu de fininho, foi conferir se Maria Cascuda estava na pracinha. Coube a Cebolinha carregar todos os galhos para dentro da sua garagem. Folhas, galhos e raízes foram colados com cola quente e fita crepe, o resultado final ficou desastroso. Como ele entraria debaixo daquilo? Os gravetos pontiagudos espetavam suas costas, mal conseguia enxergar o caminho. Se Cascão estivesse ali, a parte detrás do cachorro não teria ficado caída, sem apoio. O garoto tomou coragem e saiu para a rua, encontrou Floquinho na esquina, que lhe deu um belo banho de xixi. Ao menos parecia uma moita ambulante. O que estariam pensando os adultos que com ele cruzavam? Mais uma arte destes meninos levados! 

Fuga da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora