— Não me chame de filha! Não toque em mim, fique bem longe, a única coisa que quero de você, é distância! — ergueu o dedo indicador e gritou.

— Lívia o que está fazendo? — Jocelyn ficou assustada com o comportamento da filha.

— Se eu fosse você, iria embora de volta para o buraco de onde veio. Aqui só vai receber o meu desprezo! Me viu naquela noite e nem disse nada! Fugiu como um rato, porque sabe as coisas que fez!

Anthony engoliu em seco, não foi à recepção que pensou que teria. Embora Lívia estivesse gritando, impondo suas decisões, seu coração chorava e doía, não era uma pessoa ruim e não gostava de tratar as pessoas assim.

— Não achei que depois de tantos anos, você me reconheceria, quis apenas te ver. O que aconteceu com a minha princesa, para me tratar dessa forma? Você não é a menininha que conheço.

— A menininha que você conheceu morreu, há sete anos, quando a abandonou! — Lívia gritou descontrolada pela fúria, seu peito emanava ódio e seu coração estava em pedaços.

— Nunca te abandonei Lívia! — Anthony também gritou.

— Então onde estava todo esse tempo? — ela riu descontrolada. — Conte-me, talvez eu tenha algum problema grave de memória, para não ter percebido você todos esses anos ao meu lado.

— Não é tão simples — Anthony abaixou a cabeça constrangido pela situação que causou. — Há muito que você não sabe.

Lívia passou a mãos nos cabelos enraivecida e o perfurou com o olhar de ódio.

— Então me deixe tirar minha carcaça, sem nenhum poder intelectual de sua frente, talvez a minha burrice contamine os demais da sala — se esquivou de Anthony e subiu para o segundo andar. — Me avise quando esse homem for embora, enquanto isso estarei trancada em meu quarto.

Lívia bateu a porta do quarto fazendo Jocelyn dar um pequeno pulou com o barulho. Já Anthony seguiu para o sofá cabisbaixo, estava confuso e magoado.

— Me perdoe pelo comportamento dela. Nunca imaginei que faria algo desse tipo, não é o seu perfil.

— Ela acha que a abandonei — estava sentado no sofá de cabeça baixa. — Se soubesse a verdade. — Anthony lamentou.

Daniel se aproximou do pai para aconselhá-lo, era o mais prudente a fazer naquele momento.

— Pai, pense bem no que pretende fazer, contar tudo de uma vez pode ser desastroso, acho que primeiro, o senhor deveria conquistar a confiança dela.

— Percebi e não irei desistir. Embora o tempo esteja correndo contra nós, logo descobrirão que estamos aqui em Porto Negro, devemos ser cautelosos e evitar sair nas ruas.

— Pensei que o nosso disfarce estava funcionando — Daniel soou confuso.

O disfarce tratado por eles nada mais era, que identidades aleatórias e um acordo com a mídia para não vazar notícias, no período de 96 horas. Sair do castelo para Anthony, sem ninguém perceber, era fácil. O difícil era se manter anônimo e longe dos holofotes.

— Daniel, logo saberão que é você andando por aí, tem o rosto de um príncipe! — Anthony subiu o olhar para Jocelyn que observava tudo. — Seja o que for, não saia de casa e seja discreto — pegou a chave do carro e anunciou. — Voltarei logo!

Daniel se levantou e perguntou:

— Espera! O que houve com o ser discreto?

Anthony apenas cruzou a porta e acenou. Jocelyn arfou, fazendo Daniel voltar a sua atenção para ela.

A Coroa: O CONTO DA PRINCESA ( Degustação)Where stories live. Discover now