Capítulo V

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Ravena acordou gritando, sua garganta ardeu e sua cabeça parecia prestes a explodir. Olhou ao redor em pânico, buscando qualquer coisa que lhe trouxesse paz, só que não reconheceu o quarto, a cama e duas roupas. Começou a chorar alto e chamar o pai, tinha sonhado com ele.

Ainda cheia de adrelina tentou se levantar, mas suas pernas falharam e sua vista escureceu. Caiu no chão frio, chorou de dor e desespero, gritou o pai de novo e de novo, até sua voz sumir e se lembrar que não estava em casa. Dessa forma entrou em estado de desolação, chorava, sem forças para levantar.

Duas criadas entraram no quarto em pânico, olharam para a garota no chão daquele jeito e as duas foram embora correndo. Ravena se encolheu naquele frio, tremendo os dentes. Ela estava sozinha, por sua culpa!

- Criança... - Ravena escutou a voz de sua mãe no fundo da sua mente - Ainda preocupada com isso?

- Minha culpa, minha culpa... - Ravena murmurava se contorcendo - Péssima sorte, corvos trazem azar...

Ravena repetia a frase várias vezes, em um choro desesperado.

- Diz para o Adam não cavar mais túmulos... - a voz da sua mãe era calma. - Assim como você...

- Ravena! - Amélia entrou no quarto e ficou pálida - O que foi?

A criada se abaixou e assim que colocou as mão em Ravena seus olhos arregalaram e a boca ficou seca.

- Está queimando! - ela olhou para outra moça que olhava assustada a cena - Vá buscar mais ajuda!

Elas sairam correndo, aliviada de poder sair do quarto. Amélia começou a consolar o choro da menina, que ficava perdido perdão ao pai várias vezes, tinha hora que ela começava gritar e pedir para coisas invisíveis se afastarem, e outras, ela apenas murmurava coisas impossíveis de ouvir.

Após o que pareceu ser séculos, Tailin entrou no quarto carregando uma senhora com o rosto fechado e finos cabelos brancos em um coque. As criadas que entraram em seguida, carregavam baldes de água e toalhas, mais uma apareceu com frascos, ervas e copos, junto com uma chaleira fervendo.

- Me ajude a coloca-la na cama! - Amélia disse a Tailin, que pegou a garota no colo como se não fosse nada.

- Eu não queria... - Ravena sussurrou, gritando em seguida - Não! Eu não quero!

A senhora sem se abalar colocou a mão na testa da garota. Sem rosto sério sofreu pequenas alterações de preocupação.

- Além disso... - a velha falou apontando para a menina delirando - Ela fez outra coisa?

- Não... - Amélia disse segurando a mão de Ravena.

- Então é só uma febre alta... - a senhora era a única no cômodo calma - Muito bem, molhem os panos com água, temos de fazer uma compressa. Amélia prepare um banho frio, Tailin fique ao lado dela e tente acalma-la um pouco. Vou preparar o medicamento.

Todos obedeceram imediatamente o mandado, Tailin se empenhava ao máximo para tornar os gritos de Ravena em sussurros e então tentaria transformar em nada. Mas nada o que ele falava parecia alcançar sua alucinação. Ele teve de sair na hora que foram dar o banho nela.

Ravena se manteve agitada enquanto as mulheres a vestiam de novo e só conseguiu parar quieta quando a velha forçou pela sua garganta uma mistura meio pastora verde, quase preta. Mesmo assim, a febre não cedeu.

- Você sabe o que deixou ela assim? - a velha falou se sentando em uma cadeira dispensando todas as criadas menos Amélia.

- Não senhora. Quer dizer, ela foi achada adormecida em um dos corredores da ala principal, creio que ficou exposta ao frio por tempo de mais.

Rosas Vermelhas [Concluída]Where stories live. Discover now