1- QUEM SOU EU?

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Se o mundo fosse uma bolinha de sorvete incrivelmente grande, eu não teria morrido e voltado a vida misteriosamente. Não teria visto loucos no decorrer de meus 23 anos. Não teria desistido e simplesmente tentado novamente.

Eu me arrastava pelas ruas sem rumo, em minha mente não tinha nada, absolutamente nada. Mas tinha certeza de uma coisa, minhas pernas me levavam à algum lugar.

O sol nascia timidamente entre os prédios, era possível ver o horizonte deixara de ser escuro e clarear. Era hora, as pessoas começavam a acordar.

Sei que me esqueci de algo, não lembro-me o que é. Talvez não fosse tão importante assim, já que esqueci.

Os carros começavam a tomar posse das ruas. Padarias, lojas e demais comércios começavam a abrir as portas.

O mundo estava lento, devagar demais. Mais​ devagar que o comum. Talvez fosse minha mente, ou tudo em mim mais rápido. Tutu! Tutu! Tutu! Minhas batidas cardíacas, eram elas que estavam com pressa. Nem imagino porque.

As pessoas me olhavam estranho. Algo em mim atraía sua atenção, mas me incomodava.

Logo me vi um pouco distante da cidade, no meio de árvores e gramados. Caminhava mancando, com a respiração ofegante e os olhos embaçados. Não sentia nem uma dor, minha perna não tinha se quer um machucado para que fosse o motivo de estar mancando. Os olhos não estavam cheios de lágrimas, era só um certo cansaço que forçava os olhos a se fecharem. Minha respiração acompanhava o batimento cardíaco, não estava andando tão rápido e nem o suficiente para ficar tão cansada.

Eu nunca me senti tão horrível. Exceto uma vez que me aconteceu algo assombroso, que também não lembro mais. Ou só não queria lembrar. Apenas sabia. Sabia que algo de ruim tinha me acontecido.

A pequena estrada já estava cheia de carros indo e vindo, em busca do destino. Um caminhão passou por mim, rápido de mais. Um vento violento veio com ele, sua businada​ feroz invadiu meu ouvido. Fui obrigada a parar e me permanecer firme, para que não fosse jogada ao chão por um simples vento que motorista maluco causou.

Eu não sabia onde estava, nem mesmo sabia quem eu era. Forçava a mente para se lembrar de algo, mas era em vão. Minha vida, de acordo com minhas lembranças, começara justamente hoje. Meus primeiros passos, era eu me arrastando sem rumo, sem destino e sem futuro, quem dirá passado. Tudo antes de hoje, nas lembranças era um borrão preto. Nada e nada.

Me senti nua, mesmo tão vestida. Descalça, mesmo com rígidos e confortáveis botas. Lá estava eu, perambulando pela Terra, como uma simples formiguinha, mas diferente dela, eu não tinha destino final.

Parei em frente a uma grande casa, casarão, seja lá o que fosse, foquei apenas em uma coisa, nos portões.
Forçando os olhos a enxergar, pude ler algo confuso: Instituto Xavier Para Jovens Super-Dotados?

Minha visão, enfim ficou escura. Minhas pernas perderam as forças e eu caí, como uma simples marionete no chão sem as cordas de controle. Ao pouco que consegui abrir os olhos novamente, vi alguém lá de dentro, correndo, correndo em minha direção. Mas, por quê? Piscava lentamente e via a pessoa se aproximar cada vez mais. Foi então que concluir que eu era muito inferior, até a uma formiga. O pior do humano, é ser fraco. E eu era. Meus olhos tornaram a fechar, a escuridão já estava se tornando algo comum em mim.

A curiosidade não era saber onde eu estava, ou quem era aquele estranho que me ajudara. Nem mesmo por que o mundo não parara, mas eu sim. De onde eu vi, não me importava. Não agora. Nem por que só me lembro de hoje, e nem por que meu passado era trevas. Eu só queria saber uma única coisa, quem sou eu? E talvez, por desventuras da vida, me trouxesse também a resposta da pergunta, como vim parar aqui?

#🚶X-Men🏃#

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X-Men - Fim de Um LegadoWhere stories live. Discover now