Em casa estou tomando café da manhã.
Vês, não há ninguém, não há café da manhã,
mas aqui estou.A colher que foi batida derramou contra
A vasilha que foi derrubada também.
Ninguém está aqui.Como anda a vida?
Ao longo dos anos
mais pertubadora, as roupas continuam no varalpratos empilhados ao lado da pia,
que está ao lado do fogão
Na cadeira mantém as roupas
não passadastodos os detalhes claros,
retrato ondulado e um copo de alumínio.
O dia é normal e sem movimentação,O céu é limpo, a rua está atenta.
No norte, um manto de nuvens
ergue-se silenciosamente como algodão doce.Posso ver a poeira
na janela,
Posso ver as falhas no teto,
Aqueles espaços onde o sol os atinge.Não consigo lembrar a data de hoje,
tudo são fragmentos e instantes
encontrando-me aquitudo nesta casa me possuí,
cadeira e retrato, janela e chão,
pertenço ao meu corpo,Enquanto eu sento nessa mesa de manhã, sozinha e feliz,
de t-shirt amarelo
segurando um livro,
inexistente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
notas d'um lírio
PoetryE o que eu escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. ☞ palavras da clarice lispector