Os olhos de Bárbara transmitiam serenidade, sinceridade, carinho... paixão. Seu rosto, apesar de tudo, estava sereno e tranquilo, mas sei que, no fundo, está uma pilha de nervos. Não quero magoá-la, nem me magoar. Estou mudada, eu sei, não sei se conseguiria ser a Alice de antes, que acredita no conto de fadas e que pode ser fiel. Não quero machucá-la, mas também não quero perdê-la e isso me deixa em um labirinto sufocante e sem saída.

- Eu... - Suspirei fundo. - Eu quero te dar essa chance Bárbara. - Ao me ouvir falar isso, percebi como seus olhos se encheram de felicidade. - Mas não sei como.

- Como assim "não sabe como"? - Falou com um semblante perdido.

- Eu gosto de você. Da sua companhia, mas não quero magoar você. - Falei acariciando seu rosto. - Se eu passar no meu vestibular, provavelmente vou para longe, outra cidade. Como ficaremos? - Disse isso, mas sabemos que esse não é o único problema aqui.

Bárbara pegou minha mão e segurou firme, me olhando nos olhos. - O amanhã não nos importa, só o hoje, só o agora. O amanhã nós veremos depois, quando ele chegar. Só me diz que sim. - Falou com os olhos marejados. - Só diz que aceita e pensamos nisso juntas.

Seus olhos, seu semblante, seu jeito de falar, sua forma de me fazer sentir, tudo me leva a desejar dizer sim, ficar com ela hoje, amanhã e deixar ela me exibir para todos como sua namorada, salvo alguns lugares. O que estou prestes a fazer é errado, porque sei que sou o pior ser humano da face da Terra nesse momento, afinal, meus desejos são maiores que minha consciência.

- Me mostra onde você vive?! - Falei e a vi fazer uma cara de quem não está entendendo nada.

Levantei e peguei em sua mão, a puxando para se levantar e me seguir. Bárbara não falou absolutamente nada no caminho que fizemos do local onde estávamos até sua moto. Pegamos nossos capacetes e logo subimos, indo em direção à onde ela vive com as outras amigas de minha irmã.

Não demorou muito e conseguimos chegar, graças a moto, pois assim conseguimos cortar os carros e isso nos poupou bastante tempo. Bárbara parou em um estacionamento lateral ao prédio onde mora e fomos em direção a seu andar.

É um prédio pequeno, mas bem situado, com porteiro, elevador e uma pequena área de lazer. Chegamos em seu andar e pude vislumbrar um apartamento, de certa forma, grande, com quatro quartos, sendo um de empregada, sala de TV, cozinha, área e uma pequena varanda.

Bárbara me mostrou tudo nos mínimos detalhes e nos dirigimos para seu quarto, que estava, acreditem, uma verdadeira zona, a deixando sem graça e me fazendo morrer de rir.

- Desculpe... como as meninas não voltaram ainda, acabei deixando tudo fora do lugar. - Falou enquanto tentava arrumar sua bagunça.

- Então quer dizer que era aqui que minha irmã morava?! - Falei olhando tudo em volta. - Será que ela era bagunceira também?! - Virei para Bárbara que embolava algumas peças de roupa e jogava em um cesto.

- Não sei... mas acho que não. Ninguém consegue me superar nisso. - Falou se sentando na cama. - Então... te trouxe onde eu moro...

Sentei-me a seu lado e segurei sua mão, a fazendo me encarar. - Eu não sei se estou pronta para um relacionamento, Bárbara. - Falei e percebi que ela abaixou o olhar triste. - Eu me sinto feliz e segura a seu lado, por isso pedi para irmos com calma. - Levei minha mão a seu rosto a fazendo me olhar. - Eu aceito namorar com você. - Bárbara esboçou um sorriso alegre. - Só... vamos com cuidado...

Nem terminei e já senti o corpo de Bárbara sobre o meu, me enchendo de beijos e carinhos. Sua boca tomou a minha com paixão, com sofreguidão e desespero, podia perceber em seu ato um misto de alívio e medo, como se só essa atitude pudesse fazê-la acreditar que o que está passando é verdade.

Doce Obsessão (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now