Corri atrás dele, encontrei ele chorando num canto nas pedras, caralho não queria ter feito isso, eu não sabia, o meu colégio era pra pessoas ricas, eu não sabia que ele não tinha grana, eu tinha esquecido da bolsa de estudo que ele tinha, merda, cara, que merda.

- Cara vai embora, por favor. – ele me pediu cara eu não tinha pensado no lado dele, merda, ele tentava sair dali. -

- Bear não faz assim, tu não vai conseguir sair assim, só atravessando o pátio das casas, meo vem comigo. – tinha vontade de pegar ele no colo -

Ele me olhou, cara ele tava chorando meu, fiquei puto comigo mesmo, só olhei pro meu umbigo.

- Cara não faz isso comigo, não me olha assim. – os olhos deles estavam vermelhos de chorar, eu fiz isso com ele que merda eu sou -

- Te olhar como Bear?

- Com pena cara, não quero que ninguém tenha pena de mim, vou trabalhar, vou mudar minha vida, só preciso de tempo, nem trabalho direito eu consigo sou muito novo cara, ninguém quer me dar um emprego. – cara que merda eu fiz com o guri, ele sentou nas pedras. -

Ajoelhei perto dele, cara o guri não deveria precisar chorar por causa disso. Eu sou um merda mesmo

Segurei o rosto dele

- Cara, olha pra mim, me desculpa eu não sabia, eu não tinha como saber, eu sou um burro cara, desculpa eu.

- Olha só deixa assim, eu vou pra casa, eu preciso ficar sozinho, só preciso conseguir sair daqui.

- Vem comigo cara, vamos sair daqui.

Sai caminhando ele ficou parado me olhando, finalmente me seguiu.

Quando entrei no meu pátio ele foi em direção ao portão. Eu não queria que ele fosse embora. Segurei ele pelo braço.

Quando ele me olhou me partiu o coração

- Cara vem comigo, por favor.

- Não cara, quero ir pra casa. – o que eu ia fazer? -

- Bear vem comigo, confia cara. –

- Meo quem é esse Bear que tu tanto fala? – ele ficou me olhando. -

- É tu cara, tu é meu Bear.

Ele ficou me olhando

- Vem comigo ursinho!! – estendi a mão pra ele -

Ele ficou me olhando e me deu a mão – abriu um meio sorriso pra mim -

Levei ele pro sofá da sala, era grande cabia nós dois.

- Cara, deita aqui comigo.

- Olha só, não tô afim de putaria.

- Deita aqui, só quero ficar juntinho contigo meo, confia, quero falar contigo.

Ele deitou do meu lado, abracei ele, só queria segurar ele comigo.

- Cara, eu sou meio tosco, meio bronco mesmo, eu não enxergo na minha volta, mas quero que tu acredite em mim, não quis te machucar, eu juro. – Comecei a falar -

- Olha, eu sou sozinho, eu me viro, pode olhar na volta, não tem ninguém aqui, que pais deixariam o filho sozinho numa casa desse tamanho, sempre fui criado pelos empregados da casa.

- Sou filho de um casal mais velho que achou que uma criança ia resolver os problemas deles.

- Minha mãe já tinha 40 quando eu nasci, mas quando eu cresci eles resolveram viver, curtir a vida que eles ainda tinham pela frente e eu sobrei, vejo eles algumas vezes no ano, no começo era difícil agora não mais.

ENCONTROS - MONTE E BEARWhere stories live. Discover now