Olhei para Bruce fazendo uma careta. De fato ele estava certo. Não deveria me preocupar com Ravenna. Eu era um príncipe e logo me tornaria rei. Se ela desse um passo em falso, eu poderia prendê-la por traição e jogá-la em uma masmorra.

O relinchar de cavalos e o grito de uma mulher fez com que eu levasse minha mão até a espada.

— Socorro! – ela gritou quando o cavalo passou em disparada. – Alguém pare esse animal!

Estávamos há alguns metros, afastados da trilha que o animal seguia. Era uma bifurcação que levaria a uma clareira. Ele corria em disparada enquanto uma mulher tentava, sem sucesso, controlá-lo. Outros dois cavalos passaram em disparada. Em um deles havia uma mulher com os cabelos claros e tentava alcançar o outro que ia à frente. Um cavaleiro seguia o rastro da primeira mulher com determinação.

— O que foi aquilo? – Bruce perguntou levando sua mão a besta presa na sela de seu cavalo.

— Cubra o norte que vou pelo sul! – disse apontando a direção que ele deveria seguir.

Fiz sinal para Bruce e ele saiu em disparada na direção que apontei. Segui para o lado contrário, indo atrás dos três cavalos. Se estivesse certo, os cercaria e salvaria quem quer que estivesse em perigo.

— Parado! – gritei ao alcança o homem.

Ele olhou para trás com a besta nas mãos e se preparou para atirar em mim. Sem pensar, tomei à dianteira e fiz com que o animal o derrubasse. A mulher que passou à frente dele, surgiu em uma curva logo à frente. De surpresa, Bruce apareceu e saltou sobre o cavalo dela fazendo com que ambos fossem ao chão.

— Seu maldito, miserável! – a mulher gritou.

— Tudo bem? – perguntei.

Bruce assentiu, mas a mulher rosnou.

— Cristo! Alguém pare esse animal! – ouvi a outra gritar novamente.

— Idiota, miserável! – a mulher retrucou enchendo Bruce de tapas.

— Vá! – ele disse segurando as mãos dela. – Cuido desta aqui!

Corri em direção ao animal que, se assustou com algo que surgiu na clareira e empinou derrubando a amazona. Saltei do meu cavalo assim que ele parou. Ajoelhei-me ao lado dela e puxei o capuz da capa que usava. Fartos cabelos, cor de fogo se revelaram caindo por sua testa. Ela tinha um rosto fino e arredondado. Os lábios eram carnudos e rosados. Tinha aparência de ser muito jovem. Nunca tinha visto uma moça tão bela quando aquela menina.

— Jesus! Trouxeste-me um anjo! – sussurrei. – Um anjo feito de porcelana.

A menina estava desacordada, por isso, segurei seu rosto para saber se respirava. Notei que as mãos eram pequenas e delicadas, mas foram os pulsos que chamaram minha atenção. Eles estavam envoltos em bandagens escondidas sob a manga do vestido azulado.

— Santo Deus! – sussurrei. — O que terá havido para que se ferisse deste jeito?

Impulsivamente levei seu pulso aos meus lábios e os beijei com meus olhos fechados. Estava em um segundo de distração quando senti uma pontada na garganta.

— Tire suas mãos de mim ou arranco seu pescoço fora! – a menina disse em tom ameaçador, puxando a mão com força.

— Calma! Não vou feri-la! – disse erguendo as mãos. – Você caiu do cavalo. Fiquei preocupado, pois, estava desacordada. Só tentei saber se estava vida, pois, a queda foi feia.

— Obrigada por sua preocupação, mas nunca mais toque em mim novamente! – ela ordenou. – Agora se afaste!

Fiz uma careta incrédula olhando para ela.

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