Meet Me in the Hallway

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O dia estava nublado, completamente cinza com ventos fortes e aquilo se encaixa estranhamente para a ocasião a qual Harry se arrumava. Ele estava sendo cutucado por alfinetes a alguns minutos, enquanto Anne ajudava-o com o cabelo rebelde que não queria abaixar, e sim ficar em pé.

- Eu tenho mesmo que ir? - Harry perguntou, pela terceira vez dentro de quinze minutos. Anne suspirou.

- Sim Harry, você tem que ir, é o enterro de Johannah - Anne agradeceu a senhora que havia ajustado o terno de Harry assim que ela terminou, retirando-se do quarto.

- Mas não sou amigo de Louis. Nos desculpamos, mas isso não quer dizer nada - Harry se olhou no espelho, passando a mão no cabelo, que continuava insistindo em ficar em pé.

- Mesmo assim, Harry. A família dele não é daqui. O máximo que ele vai ter no enterro, são amigos de Mark que estão indo apenas por ir. Vocês se conhecem a anos - Harry suspirou ao ouvir a mãe.

- Tudo bem - o garoto disse, ajeitando o colete de balas que estava por baixo de seu terno - Isso é mesmo necessário?

- Kai disse para Bill que era isso ou o camburão de carros. Bill quis respeitar Mark - Anne sorriu, e Harry pôde notar que mesmo que ela e Johannah não se falassem a algum tempo, sua mãe estava triste com a morte da amiga.

- Estão esperando a gente lá em baixo - Gemma disse ao aparecer no quarto, com um vestido preto quase igual ao de Anne, mas com alguns detalhes brancos.

- Está bonita Gemm - Harry disse, sorrindo para a irmã, que retribuiu com um sorriso.

Louis estava preto e branco. Blusa social branca e smoking preto. Estava tudo ali, preparado. Na sua frente havia um buraco no qual sua mãe ficaria para sempre. Era devastador e assustador ao mesmo tempo, e com esse pensamento, os olhos de Louis se enchiam d'água de novo. Por que aquilo tinha que ter acontecido com ele?

— Louis? — O garoto se virou, enquanto secava o rosto rápido, e viu Harry.

— Harry — eles se encararam por longos minutos. Era como se o vento que batia falasse por eles. Eles não precisavam dizer nada, tudo estava explícito — Eu sei — Louis foi o primeiro a quebrar o silêncio — eu sei que agora ela foi para um lugar melhor mas... — ele se voltou para a cova aberta — ela não merecia, eu não merecia perdê-la — a voz de Louis era um sussurro e Harry não teria escutado se não tivesse chego mais perto do menino, podendo perceber quando o amigo voltou a chorar.

Louis sentiu a mão de Harry em seu ombro, e, quando se virou, Harry o abraçou, sem dizer para que o garoto parasse de chorar, sem tentar animá-lo, sem dizer absolutamente nada - eles apenas ficaram parados, abraçados por um longo tempo em frente ao grande buraco no qual Johannah jazeria.

— Louis — Gemma disse, depois de alguns minutos, e o garoto se soltou de Harry para ver quem era.

— Gemm — Louis disse, sorrindo de lado, e Harry se virou para a irmã, vendo mais ao fundo que a cerimônia estava prestes a começar.

— Eu sinto muito — ela disse, indo até o garoto e o abraçando pela cintura, do mesmo jeito que Louis fizera com Harry. Louis suspirou, não querendo voltar a chorar novamente, e retribuiu ao abraço, enquanto Gemma dizia coisas bonitas sobre a mãe dele. Coisa que Harry não havia nem pensado em fazer pois ele havia esquecido do mundo quando os braços de Louis fecharam em torno da cintura dele.

— Garotos — Mark chamou-os, de longe, para que se juntassem com os outros. Harry podia ouvir a voz do padre, numa tentativa falha de dizer coisas bonitas sobre uma pessoa que ele nem conhecia.

— Não vou — Louis disse ao que Mark se virava para voltar à cerimônia — São pessoas que não conheço num enterro de fachada. Eu não quero ficar aqui e ver isso, posso ir com vocês? — Louis perguntou, ao olhar de Gemma para Harry, que concordou com a cabeça.

Harry entendeu o que Louis quis dizer quando viu que Mark não havia dito absolutamente nada e voltava para seu assento no meio dos amigos. A essa altura ele não se importava mais com o enterro, ele apenas queria a atenção de jornais e revistas e aquilo fez o estômago de Harry girar, como as pessoas podiam ser assim?

— Kai, podemos ir? — Harry perguntou para o segurança assim que chegaram nos dois carros SUV preto parados em frente ao cemitério. O vento bagunçava o cabelo de Harry, que agora estava todo em pé, completamente rebelde.

— O presidente e a primeira dama vai daqui para o Capitólio e vou ter que ir com eles, Mike pode levar vocês. Vão para a Casa Branca, certo?

— Não, vamos para a casa de Niall, faz tempo que sinto saudades de uma casa normal, e não uma casa onde mais 400 pessoas trabalham — Harry disse e Kai riu, concordando com a cabeça.

— Tudo bem, Clarke vai com vocês então — Kai disse e Clarke saiu do carro, mudando para o outro enquanto Harry, Louis e Gemma entravam no mesmo.

Niall? Tá em casa? Ótimo, estou indo aí com Louis e Gemma, conto a história quando chegarmos ok? — E, antes que Niall pudesse fazer alguma pergunta, Harry desligou o telefone e o guardou no bolso da calça.

O caminho foi silencioso. Mas não foi o tipo de silêncio constrangedor, e sim um silêncio que todos sabiam que era bom nesse momento e todos o apreciaram, sem constrangimentos. Harry estava quase dormindo com a cabeça encostada na janela quando Mike anunciou que eles haviam chegado.

A casa de Niall estava a mesma que Harry conhecia desde quando os dois se conheceram. O jardim estava limpo, o carro do pai de Niall estava na garagem e as cercas de madeira pareciam estar recém pintadas. Niall estava empoleirado numa cadeira de balanço na área quando viu o carro. Ele nem fez o favor de se levantar - estava frio demais por conta do vento e ele tinha certeza que Harry saberia abrir uma cerca.

— Valeu Mike, eu ligo para Kai quando quisermos ir embora. E por favor diga isso para minha mãe. Não quero que ninguém venha me buscar e nenhum de vocês parados aqui fora me esperando, ou até mesmo vigiando a casa — essa parte foi para Clarke, que riu — estamos bem — depois do decreto, Harry saiu do carro, sendo recebido pelo vento forte e frio, Louis desceu e em seguida foi a vez de Gemma.

Harry abriu a trava da cerca e passou por ela, atravessando o grande jardim limpo para cumprimentar Niall que estava numa das cadeiras de balanço. Niall e Harry fizeram seu toque e Harry deitou-se na rede que havia ali, tirando os sapatos e ficando de meia. Louis cumprimentou Niall, meio sem graça, mas o garoto loiro logo se levantou e o abraçou, batendo em suas costas e dizendo que sentia muito por sua mãe. Gemma bagunçou os cabelos de Niall e sentou-se numa outra cadeira de balanço, de frente para Niall, enquanto Louis sentava-se em uma cadeira rede.

— Não ficaram para o enterro?— Niall perguntou depois de um tempo que todos estavam em silêncio.

— Não, estava falso demais — Louis disse e todos entenderam que ele não queria mais falar sobre aquilo.

— Harry! Gemma! — A mãe de Niall, Maura, disse ao sair pela porta da sala e ver os meninos sentados ali — Quanto tempo— ela disse ao abraçar Gemma e logo em seguida Harry se levantou, para abraçar ela — Fiquei muito feliz por Bill. Mas como estão? — ela disse e, só depois percebeu que Louis estava ali, com as pernas encolhidas na cadeira rede — Louis, venha cá— ela disse ao ir até ele e o abraçar quando o garoto se pôs em pé.

Todos notaram que Maura falava sobre a mãe dele quando o garoto voltou a chorar. Quando Maura o soltou, limpou seu rosto e olhou para os outros.

— Vou trazer algo para comerem, fiquem à vontade — e saiu dali, deixando os garotos sozinhos mais uma vez.

Louis, pela primeira vez depois do ocorrido, se sentia bem de estar sentado na varanda da casa de Niall enquanto falavam sobre futebol e comiam biscoitos com café quente.

To Hell To You • {larry}Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt