The Last Time [HIATUS]

Be careful making wishes in the dark

Hospital psiquiátrico Saint Mary of Bethlehem; Londres; 19h32.

Há inúmeros papéis espalhados pela extensa mesa de vidro, uma simples estante de livros posta ao lado esquerdo, dando deslumbre aos diversos títulos organizadamente alinhados em ordem alfabética. Conhecimento pincelado em cada palavra, páginas recheadas por ideais, pensamentos e histórias. Nomes conhecidos. Desconhecidos. Os dedos de Sabrina vasculham entre vários destes. Unhas longas e benfeitas, uma mecha de cabelo atirando-se contra seu rosto ao que ela imediatamente arrasta para longe, enrolando-a para trás da orelha e abrindo o livro a procura de alguma informação.

O indicador percorre pelo papel, há teias de aranha e poeira. Ela tosse, andando em direção à poltrona de couro e sentando-se confortavelmente. Os dois policiais a observam atentos, analisando a forma como seus dedos se arrastam em torno dos informes impressos na folha de papel desgastada. Ela começa a dizer, sua voz fina e macia ecoando pelas paredes de coloração bege do pequeno aposento. 

O policial ouve com cuidado, ao longe. Mãos enterradas nos bolsos da calça jeans, distintivo cintilando no tecido de sua jaqueta de couro escura. A primeira ideia que vem à mente quando se pensa em hospitais psiquiátricos é a de doentes abandonados à própria sorte, sendo tratados à base de eletro-choque, defecando e urinando em si. Ele já ouvira falar sobre pessoas que possuíam distúrbios mentais de comportamento sendo vistas como ameaças a sociedade e, sem fazer-se distinção entre doentes mentais, eram queimados vivos em praça pública. 

Saint Mary of Bethlehem sempre fora bastante conhecido pelos arredores devido ao grande avanço em relação aos períodos anteriores, porém ainda contendo inúmeras crueldades sendo praticadas em tal nosocômio, vez que era mais uma prisão do que hospital.

O policial estala a língua e cerra os dentes minimamente. Seu porte físico é insignificantemente inferior ao do parceiro de cabelos acastanhados acomodado na mesinha de centro com os dedos entrelaçados e braços apoiando-se em ambas as coxas grossas. Este junta às sobrancelhas em perplexidade as palavras proferidas, tocando os lábios com o polegar direito e mantendo a atenção ao assunto abordado.

– Então é por isso que quase ninguém mais trabalha neste hospital?

Sabrina apenas acena positivamente. Ela fecha o livro e suspira. O olhar pairando em ambos os profissionais uniformizados a sua frente.

Zayn Malik e Harry Styles são seus respectivos nomes. Famosos pelas profundas características de profissionalismo e comportamento competente em relação a casos policiais diversos, sendo um dos policiais mais bem pagos da cidade.

– Bem – Zayn diz aproximando-se dos documentos organizados em cima da mesa, seus dedos percorrendo pela superfície lisa do papel almaço cautelosamente. Ele encara Sabrina através de seus cílios longos por um momento.  – Sabrina, certo?

Ela balança a cabeça, um tanto desconcertada. – Yeah.

Zayn morde a própria bochecha e franze as sobrancelhas. Ele apanha alguns documentos, analisando-os em uma concentração tremenda ao que Sabrina apenas o observa, seus dígitos atuando agilmente em torno dos papéis. Um estalo soa e ela percebe um peso extra exercendo-se agressivamente contra a frágil mesa de vidro, a papelada espalhando-se pelas bordas da peça.

– Torturavam essas pessoas? – Zayn aponta para as informações impressas ali, mirando Sabrina severamente quando ela somente conseguiu sugar uma quantidade exagerada de oxigênio, enchendo seus pulmões e encarando o policial com uma coragem inexistente brilhando em seus olhos castanhos. 

– Basicamente – Ela suspira. – Os profissionais daquela época eram estupidamente rigorosos. Maltratavam de pacientes e os prendiam em celas sem comida ou água potável. Muitos faleciam por desnutrição ou desidratação pela falta de alimentos em suas refeições e líquidos. Por conta disso, a imagem de Saint Mary of Bethlehem fora completamente abalada.