Capítulo 2

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           O suor escorria por meu rosto e minha respiração estava pesada. Sabia que já estava no meu limite, mas não conseguia parar. Por que não conseguia parar de pensar na noite passada e no tal do Adrian discursando sobre traição entre os ministros do reino.

Apesar das tranças que prendiam meu cabelo, ele estava bagunçado por todos os lados pelos movimentos que fiz. E existia uma grande possibilidade de eu não conseguir me mover no dia seguinte.

– Princesa, é hora de parar. – minha treinadora falou cansada, mas eu só conseguia me concentrar na espada em minhas mãos e no próximo movimento que faria. – Alteza. – alertou, mas eu continuei com movimentos cada vez mais rápidos. – Alteza!

Então, minha treinadora arrancou a espada da minha mão habilmente com um truque que eu já conhecia, mas obviamente, ainda funcionava comigo.

– Não sei o que você tem na cabeça hoje, mas lutar até desmaiar não vai resolver. – ela falou ofegante.

Eu queria que resolvesse.

– Eu sei. Sinto muito.

Ela abriu um sorriso e me deu dois tapinhas nas costas.

– Vá tomar um banho, princesa. Talvez a água ajude.

– Espero. – resmunguei. – Até semana que vem, professora.

Recolhi minha espada e coloquei-a no suporte antes de ir até meu quarto. A sala de lutas fica do lado oeste do castelo, enquanto ele era do lado leste. Talvez a caminhada me ajudasse a raciocinar melhor e digerir a noite passada.

Aquele rapaz deveria estar louco proferindo aquilo sobre meus pais. Nunca ouvi um único cidadão reclamar de Terycen ou da família real antes. Era chocante para mim.

– Idiota. – sussurrei.

– Filha? – minha mãe chamou da sala de estar. – Venha aqui temos visitas.

Ah, não. Tudo o que eu não precisava era daquilo.

Ainda bem que tinha uma desculpa.

– Estava na aula de luta com espadas, mãe. Volto em dez minutos. – continuei caminhando pelo corredor para que ela não acabasse insistindo que eu fosse suada e descabelada cumprimentar seja lá quem estiver em nossa sala de estar. Pode ser alguma celebridade, amigo de infância dela ou do papai, e até algum ministro que resolveu fazer uma visita. Em qualquer possibilidade eu preferia esconder meu atual estado.

Subi os dois lances de escadas até meu quarto. Ele, meus closets e banheiro ocupavam um terço do segundo andar do castelo. Marixa já estava me esperando quando cheguei.

– Como foi o treinamento hoje, menina? – ela perguntou sorrindo.

– Intenso. – defini da melhor forma possível.

– Você parece cansada. Demorou mais do que o normal. Sua refeição está atrasada. E você sabe que precisa comer para manter esse ritmo todo.

A Marixa era uma segunda mãe para todos do castelo. Já vi até mesmo meu pai levar bronca dela. Sua família tem cuidado da família real desde a formação da nova Ordem Mundial. Cuidar e proteger era intrínseco dela.

– Eu sei. Vou descer em alguns minutos, está bem? – falei entrando no banheiro. – Sabe se o convidado da mamãe ficará para o almoço?

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