-Este é o meu primo, Bruce Moore.

Bruce cumprimenta a jovem com um sorriso. O homem usava o uniforme militar, com algumas medalhas de honra ao mérito que chamavam a atenção das jovens do local. Talvez o brilho de todas aquelas medalhas conseguissem impressionar as moças inocentes do salão, mas não Elisabeth.

-E este é o seu amigo, Gregório Sheen.-continua Jane, apresentando o rapaz ao lado do primo.

-Prazer em conhecê-la senhorita...Pode me chamar de Greg!

-O prazer é todo meu Greg! Me chamo Elisabeth!

-Elisabeth vivia no mesmo prédio que eu, foi lá que nos conhecemos! - esclarece Jane.

Lizzie encarou Bruce, entendendo tudo. Com certeza ele fora visitar a prima, a viu, e ficou mais curioso ainda. O pretexto de visitar Jane facilitava sua entrada no prédio, e consequentemente vigia-la. Foi assim que ele conseguiu segui-la!
O capitão sorri, sabendo que Becker estendeu todo o esquema.

-É mesmo? Nunca a vi por lá...

-Estranho... - fala Jane, fazendo um pequeno biquinho. -Mas agora ela se mudou, mora perto do meu trabalho!

Elisabeth se preocupa, Jane começava a dar informações demais. Se por acaso o capitão decidisse vigia-la, teria uma grande surpresa ao se deparar com Black Rose.

-E vocês são amigas à muito tempo? - indaga Greg.

-Na verdade não, nos conhecemos a mais ou menos à  três, ou quatro meses. - responde Lizzie.

O capitão franze a testa, encarando a prima, que logo soube o que ele estava pensando.

-Deixa de paranóia Bruce! nem todo mundo é uma má pessoa! Elisabeth é uma boa mulher, se esforça muito, e trabalha num correio! Que perigo há?!

-Então você trabalha no correio? - questiona Snart, claramente provocando.

Lizzie desfaça um suspiro, casada das encurraladas dele e quase revira os olhos pela falsidade do rapaz. Aquele passeio estava definitivamente uma porcaria!

-Sim, comecei esse ano, é um ótimo emprego e garante um bom salário... E quanto a você? gosta do exército?

-Não tenho do que reclamar.

Jane começou a perceber o clima tenso entre os dois, e então descidiu empurra-los um pouco.

-Por que não vão dançar?

-Não quero deixar Greg sozinho! ele ainda nem conhece a cidade!

-Pode deixar amigo, vai se divertir, ficarei com a Srt. Scott.

Sem escapatória, Bruce estendeu a mão e segurou as de Elisabeth, pedindo para que a moça lhe consedesse uma dança. Como não havia opções, Lizzie aceitou ser conduzida até o centro da pista. Ele agarrou sua cintura, firmando as mãos no final da curva, e ela entrelaçou os braços no pescoço do homem, procurando fixar o olhar em outro lugar que não fossem aqueles olhos castanho mel.

-Eu te intimido? - indaga.

Ela voltou seu olhar à ele, revirando os olhos.

-Não sei se reparou, mas sou bem mais alta que você...

-Não é não!

-Alguns centimetros mais alta. -corrige ela.

-Ah! Claro! - ironiza. - Isso porque você usa esses saltos enormes!

     Lizzie revira os olhos pela segunda vez, se limitando à lançar um sorriso irônico no canto dos lábios.

-Então você trabalha no correio?- sorri debochado, mudando totalmente de assunto.

-Sabe que não posso dizer a ninguém onde realmente trabalho...

-Não gosto que enganem minha prima, ela é muito inocente, não vê maldade nas pessoas!

-Eu não sou um monstro, e você a enganou quando fingiu visitá-la somente para me vigiar!

-Isso foi à trabalho!

-Também faço isso a trabalho.

-A pergunta é: como escapou? A última vez que te vi, estava presa...

-Suas afirmações estavam erradas. Mas isso é classificado.

-Eu sou um capitão, posso saber!- sorri de lado.

-Ordens de um general meu querido. - diz, lançando uma piscadela que fez o sorriso dele desaparecer.

Ele bufa contrariado e ambos permanecem em silêncio durante vários segundos, apenas com o som da música e o burburinho das conversas.
Elisabeth não gostava de bailes, e isso era fato. Sua experiência com esse tipo de festa foram traumatizadas pelo General Austen. Sentia-se incomodada a cada vez que entrava num local desses.

-Sua facilidade em mentir é assustadora. -fala ele.

-Vai ficar me criticando o baile inteiro?

-Isso foi um elogio...- diz confuso.

-Já vi que a sua habilidade com mulheres é horrível!

Ele dá de ombros.

-Eu tento. -justifica.

-Com essas medalhas não deve ser muito difícil atrai-las. - alfineta.

-Se sente atraída? - debocha.

-À você? Nunca! as medalhas? Sim. Onde conseguiu? Em algum brechó?

-Há! Muito engraçado. Sabe que ainda não desisti de investiga-la, não é?

-Ficarei feliz em desbancar todas as suas teorias ridículas...-ela faz uma pausa dramática antes completar. - Novamente.

O capitão revira os olhos, aquela mulher insuportável dificultava a tarefa de ser um cavalheiro. Bruce inspirou, tentando dar outro rumo à conversa.

-Gosta de bailes?

-Não.

Ele franze a testa.

-Quem não gosta de bailes? - indaga, mais para si, do que para Elisabeth. - Posso perguntar o porquê?

-Não.

-Você não está facilitando Becker, estou tentando manter uma conversa amigável. Pelo menos enquanto estivermos com Jane! E...- ele pausa, como se lembrasse de algo. -Falando nela, quero que fique bem longe... Jane é uma boa garota.

-E eu não?- ironiza. - Você nem me conhece capitão!

-Sei o suficiente pra saber que você é problema. Não é a primeira vez que conheço uma mulher como você, Becker. Sou inteligente o bastante para identificar esse tipo quando vejo.

-"Esse tipo"?! - ela ri escandalosa, claramente debochando dele, e chamando a atenção dos casais que dançavam ao seu redor. - Disse o homem fardado num baile!

-Você parece ter um sério problema com as minhas medalha, isso é inveja? -provoca.

-Fala sério! O quão presunçoso você ainda pode ser? Seu ego não cabe nesse salão! Nenhuma mulhe...

-Ah! Vamos mesmo nesse caminho? -ele ri. -Se quer saber, não estou interessado em uma parceira nesse momento.

    Lizzie franze a testa, estranhando o fato de um homem como ele utilizar o termo "parceira" para se referir à uma mulher.

-Então porque marcou esse encontro? -provoca ela.

-Jane fez questão...

-Ok, posso fingir que acredito.

-Será que agora podemos sentar? A música já terminou.

-Pensei que essa droga não iria terminar!

   Moore franze testa, incomodado.

-Olha a boca!

-Quê? "Droga" é um palavrão? Desde quando?

    Ele suspira pesadamente em resposta.

Agent BeckerWhere stories live. Discover now