Quem a via, criava uma personalidade completamente distorcida da mulher, ela não era nada daquilo do que falavam, por mais que gostasse de ouvir, sabia que não era verdade, que não era o seu eu. Podia enganar a todos, excepto a si mesma. Perdeu a noção de quantas vezes seu quarto testemunhou seu fracasso, talvez isso a perturbasse, mas quando saia do mesmo adotava uma postura completamente diferente daquilo que realmente era.
A mulher era um furacão por dentro, por mais que tentasse transparecer tranquilidade, seus melhores amigos sabiam de suas noites mal dormidas, só não sabiam o que lhe atormentava tanto para que não conseguisse dormir sempre que ia pra cama. Ela não fazia questão nenhuma de se pronunciar e eles sabiam que mesmo que a questionassem ela nunca lhes diria, afinal, já se conheciam há alguns anos e mesmo assim ela continuava com seus segredos.
Niara Alika Lok, na verdade, Nia Bells porque era assim que se chamava agora. Nia era baixa, coisa de um metro e sessenta, possuía o tom de pele negro, olhos castanhos e uma personalidade forte.
A mulher de etnia etíope caminhou até a porta do seu quarto com tudo o que precisava nas mãos, deixando assim o mesmo completamente arrumado como sempre o fazia, pois se alguém invadisse o seu habitat ela logo saberia, era como um transtorno compulsivo.
Assim que colocou seus pés para fora do quarto já havia voltado a assumir a postura de mulher destemida, empoderada e poderosa que sempre manteve. Sentou-se na mesa sozinha pronta a tomar o pequeno almoço quando avistou a sua então melhor amiga caminhar até ela com dificuldades.
— De certeza que esteve a beber.
Comentou Nia ao ver amiga de óculos escuros pela manhã puxar uma cadeira para tomar um lugar a mesa.
— Estive mesmo, nem me importo. Quase morri de tão bêbada que fiquei, e sabe o que mais? Eu adorei.
Comentou a outra mulher sem ao menos esconder sua euforia de ter estado na farra em plena quarta feira.
— Sei...
— Tive o melhor sexo de toda a minha vida, ou será que foi o pior? A verdade é que eu nem lembro.Isso acontece muito com pessoas que têm coma alcoólico, é difícil lembrarem-se concretamente do ocorrido, têm falhas nas suas memórias. Conseguem lembrar algumas cenas e outras não, querendo ou não, há coisas que nunca chegam a lembrar-se.
— Minha curiosidade é como chegou aqui, mal se aguenta hoje, imagino ontem.
— Eu vim de táxi...
— E o teu carro sua irresponsável?Nia exaltou-se ao ouvir a história da amiga.
— Aa, o carro ficou com o Victor, ele vai levar mais tarde no meu trabalho, não precisa se preocupar que eu não sou tão irresponsável.
— Quem é Victor?
Nia se sentia confusa e estúpida no meio daquela história toda.
— Victor é meu namorado.
— Sério? É que na semana passada era o Ariel.
— Aa, não se estressa, o homem perfeito ainda não apareceu. Tenho de procurar. Me deixa no trabalho?— Pede para o Hugo, eu não posso chegar atrasada.
— Eu já estou pronta, só preciso pegar a minha bolsa e Voilá.
— Tá.
Ambas as mulheres exalavam poder, na verdade, uma chegava até a exalar mais do que a outra. Ambas eram bonitas, tinham uma vida estável, excepto suas vidas amorosas, tudo parecia bem.
Diferente de Nia, Lora era branca, possuía cabelos escuros, olhos claros e era alta.
Depois de deixar a mulher que dizia ser sua melhor amiga no trabalho, Nia dirigiu até o seu local de trabalho assim como sempre fazia. Estacionou seu carro, pegou nas suas coisas e dirigiu-se para o local.
A pantera negra havia chegado, era assim que os colegas de trabalho a tratavam devido sua calma e cautela na hora de atacar e por suas respostas ácidas, já que a mesma não levava desaforo para casa e sabia sempre responder a altura.
Já era final da tarde a delegada Bells estava na sua sala ocupada com a revisão de certos casos que precisavam da sua máxima atenção quando ouviu gritos histéricos vindos do lado de fora da sua sala. Era estranho, aquilo quase não acontecia desde que a mesma havia assumido o comando da delegacia.
Levantou-se e foi ver o que era quando avistou Lora a ser segurada por um dos policiais enquanto tentava atacar um homem qualquer.
— Cale a sua boca.
Gritou a mulher histérica com vontade de sair do aperto do homem que a segurava.
— Ainda não entendi como é que mulheres têm acesso a carta de condução.
Disse o homem arrogante fazendo Nia se enfurecer com aquele comentário estúpido e machista.
— O quê que se está a passar aqui?
Perguntou a delegada furiosa com tudo aquilo.
— Mas quem é o responsável por essa espelunca?
— Está falando com ela.
— Sério isso? Okay. Dá pra resolver o meu problema ou nem por isso?
— Resolveria o seu problema se soubesse qual é, como eu não tenho uma bola de cristal estou a espera que me explique.
— Essa louca bateu no meu carro e não quer pagar.
— Eu só bati no carro espera até eu bater na sua cara seu machista de merda.
— Vai fazer alguma coisa ou preciso chamar um homem aqui?
— Acha bonito ser machista? Principalmente um machista de merda?
— Sabe quem eu sou?
— Nem me interessa. Primeiro vai ter que aprender a respeitar todos...
— É isso que dá colocarem alguém que passou pelo teste do sofá pra chegar onde está, nem competência deve ter.
Tal homem desconhecido pra uns e conhecido para outros não fazia nem ideia do que a mulher era capaz.
A mulher se aproximou do homem com cautela sem se mostrar furiosa, que era o que estava naquele momento, mas em nenhum momento deixou transparecer. Se aproximou do ouvido do homem e de maneira calma, sexy e ao mesmo tempo bem audível se pronunciou.
— Nenhum sofá aguentaria tanta potência.
Vamos lá encher o capítulo de comentários e votos. Quero saber o que acharam e suas expectativas e apostas. Adicionem as bibliotecas e recomendem aos amigos.
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Black Panther
RandomAmbos possuíam segredos, um mais cabeludo que o outro, mas apenas um deles podia acabar com tudo que um dia existiu entre eles.