1. Onde o meu coração se encontra?

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    A primeira sensação que tenho, quando piso novamente naquele solo conhecido, é felicidade. A minha fazenda é o meu refúgio. Foi uma herança deixada por minha avó, Maria Helena, da qual também herdei o segundo nome, e não tenho palavras para agradecer por tais presentes. Não importa para onde eu vá, pode ser a praia mais bonita do planeta ou uma cidade incrivelmente tecnológica, a fazenda continuará sendo o meu lugar preferido do mundo.
Tive que ir embora de Minas Gerais por uns anos, para estudar o que eu sonhava, ou mais importante, o que a minha mãe também sonhava. A mamãe tinha um amor tão lindo pelos animais, que também estudou Medicina Veterinária para ficar cada vez mais próxima dos bichos. Infelizmente, ela faleceu quando eu tinha 7 anos, vítima de uma doença inofensiva.
Agora de volta ao meu lugar, quero praticar tudo o que aprendi, primordialmente, o amor em relação aos animais.
Respiro aquele ar puro e caminho até a entrada da casa. Que saudades que eu estava daqui! Quando abro a porta, sou atacada por inúmeros abraços e beijos de Joana, que é responsável por cuidar de minha casa desde que minha mãe era viva, porém ela é mais que isso, ela é especial. O que incomoda muito sua filha, Júlia, que estava sentada no sofá nos observando com a amargura aparente nos olhos.

- Helena, que saudadocê! Minha menina! - Disse sendo interrompida por um pigarro, vindo de Júlia.

- Mãe, chega. Você age como se fosse alguém famoso. É a Helena, apenas. - Disse ela, com raiva em suas palavras.

- Oi, Jo! Eu estava com muitas saudades. Você parece mais jovem, mesmo depois desses anos. - Joana me olhava com um sorriso enorme. Desviei o olhar para Júlia - Oi, Júlia. Como você está?

- Estava melhor antes de você chegar. Vou descer para o meu quarto. Aproveite sua filhinha, mãe. - Desceu as escadas e bateu a porta de seu quarto.

- Uai, não ligue para ela, não. Você a conhece, sabe que quando ela incasqueta com você, vira uma estúpida. Você comeu na viagem? Não, né? Deve estar varada de fome. Vem, vamos fazer algo para você lanchar. - Ela se atropelava em suas próprias palavras, de tão feliz que estava.

- Sim, senhora. - Fiz voz de soldado e bati continência. Não aguentamos e rimos. - Vou ao meu quarto deixar as minhas coisas e te encontro na cozinha.

Fui ao meu quarto e larguei as minhas malas no chão. Corri para a janela e a abri. Quando senti aquele vento, qualquer dúvida que eu poderia ter sobre ali ser o meu lar, sumiu. Peguei o meu celular e mandei uma mensagem a Lara. Pedi para que ela jantasse conosco e dormisse em casa, para matarmos aquela saudade que estava saltitando no peito. Guardei o celular e continuei ali, respirando aquele ar, e iluminando os meus olhos com aquela vista incrível do pôr-do-sol de Minas.

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