Encurralados.

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Examino seu rosto que estava bem relaxado. Ele encara algo no meu pescoço, o meu colar.

- O que você quer?- pergunto.- pensei ter sido bem clara na última vez em que nos falamos.

- Ah sim.- ele diz como se estivesse lembrando.- Você disse que não queria mas me ver, não olhar na minha cara e que não me queria por perto por que eu sou irresistível.- diz em um tom sarcástico e eu reviro os olhos.

- Não foi bem isso o que eu disse.

- Mas você quis dizer.- ele se encosta no carro de Liam com os braços cruzados.- Enfim, eu não estou aqui para discutir. Eu vim falar sobre Dylan.

Meus olhos arderam.

- Sobre Dylan.- digo em um tom grosso. Eu estava estressada.- O que tem ela?

- Bem, eu sei que eu deveria ter dito pra você.- ele diz se afastando do carro.- De ela ter voltado para a escola e para os pais.

Eu franzo a testa.

- Como você disse, não é nada que eu tenha que me preocupar.- digo o encarando.- Eu entendi que isso não era da minha conta.- minha voz estava firme.- Eu quis que não fosse da minha conta.

Sua expressão mudou depois de eu ter dito aquilo.

- Claro que você não se envolveria.- ele afirma.- É uma questão não muito delicada...

- Ela é uma noiva, não é?- eu o interrompo.

Ele me encarou com olhos escuros e então fez que sim com a cabeça. Ele havia se escondido por dentro, como se aquele assunto fosse o pior deles para se tocar.

Ele respirou profundamente antes de poder dizer alguma coisa.

- Não tem motivo para me odiar por isso, mas eu vou entender se me odiar por ter mentindo pra você.

Eu balanço a cabeça.

- E desde quando se importa se eu o odeio? Ou do que eu pense de você?- digo com a voz alterada.

Ele se endireita, como se tivesse levado um tapa no rosto bem forte.

- Eu não me importo.- contradiz.- Só disse que eu iria entender se esse fosse o motivo.- diz com os olhos azuis focados em mim.- Voltando sobre ao assunto de Dylan, eu queria apenas dizer, que ela não irá lhe fazer mal...

Eu levanto as mãos cortando ele.

- Não quero saber de Dylan.- digo com a voz regulada.- Ela morreu, Vlad. Morreu em uma cama, enquanto todos achavam que ela foi morta por um psicopata. Enquanto os pais dela faziam reconhecimento do corpo que achavam ser dela, enquanto eu e você discutíamos sobre as mentiras que contou para mim.- eu sabia que ele não se importava, ou ele fingia que não?- Ela não merece nada de nós...

- Por quê você odeia ela tanto assim?- ele quis saber.- Ela pode ter ficado com o seu namoradinho, mas não é o fim do mundo. Não para você.

- A verdade, é que eu e ela nem sempre fomos assim. Éramos amigas, grandes amigas.

- E o que aconteceu Jean? Sério, por que eu não consigo entender.

- Eu me tornei a chefe de torcida.- digo finalmente.- Enquanto ela era apenas uma hit líder. Ela queria tanto o meu lugar na torcida que acabou fazendo de tudo para conseguir.

- Você perdeu uma amiga.- ele diz.

- Não.- eu nego com a cabeça.- Eu ganhei uma inimiga.

Ele pega meu pulso e segura delicadamente. Estava um pouco roxo, ela havia apertado muito forte, força de vampiro eu lembrei. Ele acariciou a parte de cima, bem no osso, ficou analisando como se aquilo fosse sua culpa.

Meu vizinho se chama Vlad Onde histórias criam vida. Descubra agora