Capítulo 1 - A Feira

277 107 329
                                    

Teatro da UFRRJ
Seminário sobre carreiras   

Cheguei ao local bem cedo pois não podia me atrasar para um dia tão especial. Trazia comigo apenas minha inseparável mochila pendurada sobre os ombros por uma tira já surrada que embora sempre marcasse minhas camisas adoro tê-la por perto.

Me dirijo até o teatro da UFRRJ atravessando os corredores do prédio principal da universidade, chamado carinhosamente de P1 por todos que o frequentam. Algumas pessoas já circulam à espera do início do evento quando entro no teatro. Logo alguém começou a falar, passando a palavra ao Professor e meu amigo, Costa logo após alguns minutos.

O professou falava com uma certa eloquência e amor que aos poucos conseguiu comprovar sua fama de bom orador ao prender a atenção de todos ali presentes, nada que já não soubesse. O teatro não estava totalmente cheio, mas o público se animou com a fala do anfitrião gerando um ótimo clima para o próximo tema.

Assim que terminou sua fala, o professor Costa veio na minha direção e me conduz ao lado do palco, indicando onde deveria me sentar; aproveitou para me avisa que em breve eu seria chamado a falar para todos os presentes, algo que não demorou muito para se concretiza.

No início acabo revelando o meu nível de ansiedade assim que meu nome é anunciado pela mesa. Vou até o palco, fazendo um longo caminho por trás de algumas cadeiras ainda vazias, subo os três degraus da pequena escada que leva até o palco, sigo em direção à mesa cumprimentando todos membros presentes.

Me dirijo ao centro do palco, pego o microfone e então paro. Faço todo o percurso de cabeça erguida até meu destino. Respiro fundo e olho em direção aos presentes até onde minha vista pode ir. Respiro fundo mais uma vez e segurando forte o microfone me dirigindo a todos de maneira cordial sorridente. Comprimento os presente e começo meu discurso totalmente informal, é claro.

— Bom dia aos colegas presentes! Bom dia amigos. Gostaria de dizer o quanto me sinto honrado em estar aqui hoje. No dia que o professor Cláudio Costa, por quem tenho muito respeito e admiração, cogitou pela primeira vez a possibilidade de estar aqui, assim como estou agora, em pé diante de todos vocês. E... Bom, aqui estou eu. — Respiro fundo — Enquanto acertávamos tudo, ele me contou que queria fechar o ano com chave de ouro. E aí, fiquei animado. Que tal participar em grande estilo. Senti-me muito importante diante do convite. Então pensei em que poderia contribuir com essa turma maravilhosa de formandos, que são você.

Bem, isso me encabulou um pouco. Mas ele fez questão que viesse e participasse ativamente com vocês. Enfim aceitei, mas com uma condição. Que meu discurso fosse do meu jeito e direto para vocês. Isso o deixou curioso a época do convite embora acredito que esteja bem claro agora. — Deu uma leve olhada para o professor e continuei. —Bem, quando conversamos pela última vez sobre esse dia, discutimos muito sobre diversos assuntos, de certo com um maior destaque para a questão do mercado tradicional e primordialmente sobre a informalidade no país.

A ideia foi registrar a flutuação da mão de obra no Brasil nos últimos anos e as evoluções tecnológicas nesse período em contrapartida ao advento da informalidade do trabalho no país. Gosto das nossas conversas. — Olho novamente para meu amigo e professor, agora com um largo sorriso. — Nossa! Quando caiu a ficha, ao contrário de outras vezes que discordei de suas ideias e, eu discordei, admito que o fiz algumas vezes, tomei ciência da importância de estar aqui hoje com vocês. Acreditem! Admito que tenha pensado em ousar, lançando mão de minha experiência com o emprego informal adquirida ao longo dos anos, antes e durante o curso de administração.

Pra quem não sabe comecei a laborar muito cedo. Algo que fez e faz parte da minha vida agora, é claro. Com certeza importante. Mas o professor pediu que fosse verdadeiro, real. Então eu serei. Por isso resolvi contar-lhe essa história. Minha história. Me chamo Charles Falcão. Me formei por esta instituição há um ano atrás e neste dia tão especial para vocês peço alguns minutos de sua atenção.

Águas que passam, uma breve aventuraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora