Capítulo 10

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Ross's P.O.V.

Acordo com alguém ao meu lado. O sol entra pelo quarto onde estive a dormir, anunciando um dia solarengo. Apetece-me vestir uns calções de banho e ir para a praia, mas ao mesmo tempo sinto-me bem neste quarto que por acaso não é o meu.
Estou virado de lado há bastante tempo e o meu braço começa a ficar dorido, mas não quero incomodar a pessoa ao meu lado. Fico a olhar para a janela e para as cortinas brancas que esvoaçam como fantasmas com a brisa do verão.

-Estás acordado?- pergunta uma voz familiar.

Viro-me para o outro lado e deparo-me com o sorriso mais lindo que já vi. O cabelo é castanho e está despenteado pelo sono. Os olhos igualmente castanhos olham para mim arregalados. E aqueles lábios. Meu Deus, aqueles lábios, como gostaria de lhes tocar com os meus.

-Bom dia - digo-lhe.

-Não podia começar melhor, disso tenho a certeza.

Sempre quis acordar a sim a seu lado e sentir o seu calor perto do meu corpo.
Ele envolve o meu corpo com o seu braço de baterista e sinto-me seguro envolto nele.

-Era capaz de acordar todos os dias a teu lado sem nunca me fartar, Ross – admite.

-Era capaz de viver uma vida a teu lado sem nunca me fartar de ti... Ellington.

Acordo com a respiração entrecortada. Estava a sonhar. Agora abro os olhos e tudo o que vejo é escuridão. Os meus olhos procuram por alguma luz e passado algum tempo já me habituo ao escuro. Já consigo distinguir algumas formas no meu quarto. Sinto-me tão vazio que acho que estou no espaço, sem nada a que me agarrar.

-O que é que se passa?– pergunta uma voz um pouco distante e ensonada.

-Sabes quando sentes que tudo o que fazes está mal feito, que não serves para nada? Sabes quando todos te olham como se fosses um fracasso ambulante e não houvesse nada que pudesses fazer quanto a isso?

E o meu irmão não me responde, voltando ao seu sono profundo. Ele é outra pessoa que nem se interessa pelo que eu digo.

Ellington's P.O.V.

Tempo para quê? Para eu perceber que mereço ficar sozinho? Que ideia estúpida. A única coisa que o tempo faz é fazer-me sentir um farrapo. Não preciso de tempo para isso. Preciso de manter a cabeça ocupada, mas a única coisa que a ocupa é o nome de Ross. É como se tivesse imensas caixas arrumadas na minha cabeça. Imaginem uns arrumos. A minha cabeça é assim. As caixas costumam ter alguma coisa escrita para sabermos o seu conteúdo. Todas as minhas caixas dizem Ross. Quero dizer, todas exceto uma. Uma caixa muito pequena diz Rydel numa letra curvilínea e fina. Mas todas as outras são grandes caixotes com ROSS escrito  em todas as faces. Porquê? Talvez porque tudo o que passo com Ross se torna único? Será porque não presto tanta atenção ao resto do que me rodeia? Deve ser isso.

Vou para o escritório onde tenho a minha bateria. Descarrego todas as minhas emoções na bateria. Mexo os braços com convicção e começa a surgir um ritmo na minha cabeça. Transmito o ritmo para a bateria. Faço umas anotações num caderno para não me esquecer. Preciso de mostrar isto à banda. Mas há um problema: não há banda. Ross deve odiar-me, assim como Rydel.

Pego no telemóvel e mando uma mensagem a Rocky:

Possível nova música. Minha casa. 15h00. Traz o Riker.

Não preciso de escrever muito, nunca precisei. Ele não era muito de estar agarrado ao telemóvel. Nós, todos, até, todos exceto Rydel. Se fôssemos a ver as diferenças entre mim e Rydel, podíamos dizer que há um grande abismo a separar-nos. Também posso dizer que não sou exatamente igual a Ross. Temos alguns interesses comuns, mas nem tudo entre nós é igual. Eu era capaz de comer pizza durante semanas a fio, Ross iria gostar de comida mais requintada. Mas eu consigo viver com as nossas diferenças, sei que sim. Só não sei se posso dizer o mesmo quanto a Rydel...

Tal como combinado, Rocky chega à hora prevista.

-Sou só ouvidos.

Pego no meu caderno e mostro-lhe aquilo em que estive a trabalhar. Ele não diz nada. Nenhuma expressão do rosto dele me revela o que está a sentir. Já estou habituado. Rocky é mesmo assim. É capaz de parecer uma pedra gelada sem sentimentos. Outras vezes faz um leve sorriso genuíno, sinal de que algo lhe agrada. É esse sorriso que espero ver quando acabar.
Acabo. Não há um sorriso. Tenho só Rocky a abanar a cabeça sem dizer nada. Anda às voltas e voltas. Parece uma bomba  em contagem decrescente, até que finalmente explode.

-Podemos trabalhar nisso.

Rocky leva a mão ao bolso e tira de lá o telemóvel.

-O que é que estás a fazer?

-A chamar os outros, obviamente.

-Não!

Rocky olha para mim. Cortou o cabelo. Está diferente, mas é um diferente agradável. Continua a ter o mesmo ar descuidado que lhe assenta que nem uma luva.

-Ellington, qual é o problema?

-Não me apetecia nada reunir agora...

Mas ele não me ouviu. Continua a pressionar o ecrã com os dedos ágeis de guitarrista até que volta a guardar o telemóvel.

-Não podemos desperdiçar um bom trabalho – e então ele sorri.

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⏰ Última atualização: Oct 22, 2017 ⏰

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