— Minha linda!!! Vem com a tia! – ela a pegou nos braços e a bebê começou a rir com as caras e bocas que Hanna fazia.

            Gabriel observava a cena com um sorriso estampado no rosto. Era a primeira vez que a via tão envolvida com a Manu. Com certeza teria sido uma mãe incrível. Ainda seria! Pensou, admirando-a e então lembrou do que tinha no freezer, e no intuito de não deixar Hanna ir embora tão cedo, foi para a cozinha e ligou o forno.

            — Quer jantar comigo? – Ele perguntou ao voltar para a sala.

            Ela estava sentada no sofá vendo a pequena brincar. Parecia tranquila em estar ali. Era outra pessoa comparada à duas horas atrás quando caminhavam pela praia e ele a abraçou.

            Ela olhou-o por um instante, em dúvida. Gabriel então usou uma tática para não fazê-la desistir da ideia — Coloquei uma lasanha que a Camile fez no forno. Daqui a uns quarentas minutos deve estar pronto. Você tem que experimentar, é uma delícia.

            Ela abriu um pequeno sorriso ao ver o amigo tão animado. Na verdade, nunca o tinha visto dessa maneira.

            — Claro! – Respondeu, baixando as suas defesas, afinal, não poderia fazer uma desfeita dessas.

            — Vou ajeitar a mesa e fazer um suco. Já volto! – Gabriel avisou e então foi para a cozinha preparar as coisas.

            Ele estava demorando para voltar. Hanna achou isso estranho, até pensou em ir ver se precisava de alguma ajuda, mas acabou ficando o tempo todo brincando com a Manu. Aquela criança realmente era um anjo. Por mais que sentisse um aperto toda vez que lembrava que poderia ter sua filha em seus braços, mandava aquele pensamento embora e focava no presente, o que era real. Ela e a pequena Manu, filha de uma grande amiga.

            Quem sabe não seria madrinha dela se tivesse mantido contato? Na verdade, existem muitas coisas que não sabia sobre essa nova vida de Camile. Nunca chegou a perguntar como ela o marido se conheceram. 

            Mas, apesar de tudo, Camile simplesmente esqueceu esse distanciamento da parte de Hanna e a recebeu de braços abertos como se nada tivesse acontecido. Tinha uma amiga de ouro e estava na hora de começar a valorizá-la.

            Gabriel já havia deixado tudo pronto. A mesa foi arrumada. Fez suco fresco de laranja e ainda por cima, na última hora, inventou de deixar pronto um musse de limão. Uma receita super fácil que sua falecida esposa havia ensinado. Ao lembrar-se dela sentiu um aperto no peito. Já fazia mais de cinco anos, mas era incrível como sentia a sua falta. Lembrou do ano em que ela morreu, pensou que não iria suportar viver sem ela. Foi difícil, ficou deprimido por um tempo, e com a ajuda de Adriano, Camile e Daniel conseguiu sair dessa. Um milagre de Deus! Realmente, ter vindo para a praia do Ervino foi a melhor decisão que havia tomado.

            Apesar de às vezes se sentir solitário, suas caminhadas era o ápice do dia. Era nela que jogava toda sua frustração e dor para Deus. E isso foi se tornando algo necessário para ele. Apenas por isso, conseguiu sobreviver àquela dor tão grande. Agora, a dor havia diminuído um pouco, apenas ficava a saudade e todas as lembranças boas que tiveram. Como teriam sido felizes!!!

            Escutou o plim do forno e acordou para a realidade: Hanna o esperava para jantar. Ele a havia convidado e estava deixando tudo muito organizado. O que estou fazendo? Indagou-se, achando tudo aquilo muito exagerado. Pra que tudo isso? Não compreendia, e numa tentativa de sair daquela confusão que agora estava os seus pensamentos, foi até a sala.

O despertar de uma canção - DegustaçãoWhere stories live. Discover now