Capítulo 12

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Não era a primeira vez que ele a tirava do sério, mas dessa vez ele conseguiu ir mais além da ousadia de um amigo. Não sabia que “não” realmente quer dizer “não”?

            Ao chegar em casa daquela longa caminhada, Hanna foi tomar um banho quente e demorado. Ainda sentia os braços de Gabriel e suas palavras tão sinceras. Ele tinha se aberto de uma forma como nunca fez. Não esperava ouvir tudo aquilo. Ele sofrera como nunca imaginou.

            No meio desses pensamentos, ela lembrou de Camile. Precisava conversar com ela, talvez contasse toda a verdade, com certeza ela entenderia. Seria a única forma da amiga compreendê-la.

            Apesar de não estar nem um pouco a fim, sentia que precisava ir até lá. O dia já havia sido muito intenso, o que precisava mesmo era ficar um pouco sozinha, mas não podia falhar novamente com sua amiga. Camile tinha sido paciente todo esse tempo com ela, precisava se esforçar mais e contar tudo. Além de quê – pensando pelo lado bom – provavelmente teria uma janta muito boa, como sempre costuma fazer. E isso compensaria todo o drama te ter lhe contar TUDO.

            Sabia que era um exagero, pensar no jantar dessa forma, mas precisava se agarrar a algo bom.

            Com esse pensamento e a fome que rodeada o seu estômago, vestiu um agasalho para ficar bem quentinha, pegou sua bolsa, trancou a casa e então deu a partida no seu carro.

            Ao fazer esse gesto lembrou-se imediatamente de dias atrás, quando Daniel chegou para fazer a chupeta em seu carro. Isso foi antes dela jogar spray de pimenta em sua cara. Na verdade fora Gabriel que havia comentando sobre o carro estar precisando de uma recarga na bateria, e na mesma hora Daniel se prontificou a vir. E ficou ao seu lado, conversando e mostrando os seus braços fortes. Hanna teve a impressão de que ele vistira uma recata só para tentar atrair o seu olhar.

Ok, conseguiu, afinal, quem não iria olhar para aqueles braços musculosos e o sorrisão mais charmoso do mundo? Daniel era realmente lindo... Pena que as coisas entre eles não deram muito certo. Mas, quem sabe, hoje seria o dia dele também saber da verdade e assim a entenderia, e voltariam a ser velhos amigos, como sempre.

            Não demorou nem cinco minutos para Hanna chegar na casa de Camile. Na mesma hora que ela estacionou o carro, uma chuva forte começou a cair. Ela saiu rapidamente tentando proteger-se com a sua bolsa, em vão.

            Subiu as pequenas escadas e bateu várias vezes na porta até que alguém abrisse. Assim que viu a porta se abrindo, ela imediatamente entrou e só depois percebeu que fora Gabriel quem havia aberto a porta. Ela sorriu sem graça, tentando tirar um pouco da água da chuva da sua cara. Ele apenas a observou, arqueando uma sobrancelha, querendo saber o que estava fazendo ali.

            — A Camile! – Ela resmungou ofegante por causa da sua pequena corrida até ali.

            — Não faz nem dez minutos que ela saiu.

            — Ela volta logo? Preciso falar com ela – tentou mostrar firmeza em suas palavras. Não sabia o porquê, mas ficou abalada ao vê-lo depois de tudo o que aconteceu, horas atrás.

            — Acho que vão demorar. É o dia de folga do Adriano, então eles foram para a cidade vizinha comprar algumas coisas.

            Hanna ficou frustrada ao saber disso. Logo agora, que decidiu contar a verdade. Poderia até falar com Daniel, mas não queria falar com ele sozinha, queria conversa com os dois juntos.

            Deveria ter ficado em casa como queria.

            Bufou por um segundo e então percebeu alguém tocando em suas pernas. Olhou para baixo e abriu um sorriso ao ver Manu agarrada nela. Toda a sua chateação passou naquele instante.

O despertar de uma canção - DegustaçãoWhere stories live. Discover now