PRÓLOGO

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No instante em que Alfonso Herrera tinha acabado de fazer a barba, o telefone tocou. Ele deu uma última olhada no espelho e foi para o quarto.

— Alô — ele disse, assim que atendeu ao telefonema.

— É o Alfonso?

— Exatamente. Alfonso Herrera.

— Alfonso, aqui é a Dulce Maria.

— Oi — Alfonso a cumprimentou, enquanto olhava para o despertador. — Estou acabando de me aprontar para ir ao aeroporto. Mas você chegou antes do previsto. Pegou um vôo mais cedo.?

— Não — Dulce Maria respondeu e se calou. O tom de voz, a pausa repentina, fizeram com que Alfonso ficasse preocupado.

— O que aconteceu, Dulce Maria? Você está bem?

Outra pausa. Dulce Maria não respondeu de imediato, o que deixou Alfonso tenso, e mais preocupado ainda.

— Na verdade, não queria fazer essa viagem para Vancouver.

— Mas você disse que queria passar o final de ano comigo.

— É verdade... Vou me hospedar no Condor. Aguardo você para o jantar.

— Certo. Estarei lá em uma hora.

— Espero você no restaurante do hotel.

— Combinado.

Alfonso ficou olhando alguns instantes para o telefone que acabara de desligar. O que teria acontecido? Dulce Maria estava muito estranha. Quando a garota lhe dissera que iria até Vancouver para que passassem o final de ano juntos, algo interno lhe avisou que aquela não seria uma boa idéia. Na verdade, o relacionamento dos dois há muito já não era uma boa idéia, e precisaria acabar com ele. Não dava para continuar com um relacionamento que não os levaria a lugar algum. E Alfonso, apesar de muito apreensivo, sabia que precisaria acabar com tudo antes que Dulce Maria partisse.

Alfonso vestiu uma calça de brim preta e uma camisa azul-claro. Depois, sentou-se e tentou ler uma matéria no jornal, o que não foi fácil, devido a sua ansiedade. Quinze minutos antes do horário marcado, ele deixou o apartamento.

Ao entrar do restaurante do Hotel Condor, logo viu Dulce Maria sentada próxima à uma janela. Sem hesitar, Alfonso se aproximou dela.

— Oi — Alfonso disse.

— Oi — Dulce Maria respondeu, num fio de voz.

Sem dizer mais nada, Alfonso sentou-se, e logo em seguida, os dois fizeram o pedido.

A refeição transcorreu com raras palavras. Porém, quando já se encontravam no final do jantar, Alfonso notou a tensão de Dulce Maria aumentar.

— Preciso conversar com você — ela disse, após um longo e entrecortado suspiro. — E o assunto é sério.

— Pode falar. — Alfonso a encarou.

— Não podemos nos ver mais.

— Sei... — ele aguardou que Dulce Maria continuasse.

— O que estou querendo dizer é que nunca mais poderemos nos encontrar. Eu sou casada, Alfonso.

— Não entendi. — Alfonso ficou chocado com o que acabara de ouvir. — Está querendo me dizer que se casou?

― Não, não é isso que estou querendo dizer. Ou melhor, eu me casei, sim, mas há três anos.

— Isso só pode ser brincadeira de sua parte ― ele disse, indignado. ― Está querendo dizer que mentiu para mim o tempo todo? Está querendo me dizer que enquanto nos relacionávamos você estava traindo o seu marido?

― É mais ou menos isso. Afinal, eu ainda continuava casada com ele. Me desculpe, sei que deveria ter lhe contado tudo há muito tempo. Mas quando conheci você eu estava separada. E achava, de verdade, que jamais voltaria a ter qualquer tipo de contato com o Christopher . Aí, ele me procurou. Depois de algum tempo, resolvemos dar uma nova chance ao nosso casamento.

― Não gostei nada disso, Dulce Maria.

― Eu sinto muito.

― Apesar de estar muito contrariado com a sua atitude, acho que vocês estão no caminho certo. ― Alfonso se levantou, e colocou uma nota sobre a mesa. ― Espero que sejam felizes.

― Sinto muito ter magoado você.

― Eu sobreviverei ― Alfonso afirmou, e deixou o restaurante.

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