"Boa noite, Noah"

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- Muito bem, - exclamou sua mãe, batendo as palmas em um único som alegre - Kayla poderia mostrar um pouco da vizinhança para você. Não seria incômodo, já que se conhecem. Não é mesmo, Kayla? - Voltou o olhar em sua direção. A expressão de Loren permanecia dura e firme, como se a alertasse da resposta certa a se falar.

- Não vejo problemas. - Forçou um sorriso, e voltou o olhar para Noah, que agora estava com o exuberante sorriso de satisfação em seu rosto.

- Posso dizer o mesmo.

Sua mãe os encarou aliviada, enquanto voltava em direção ao jornal e falava por fim:

- Trate-o bem, Kayla!

Do melhor jeito que for possível.


***

Noah dirigiu o olhar à ela, que agora permanecia circulando pela vizinhança a passos rápidos. Repreendeu uma risada que ameaçava escapar pelos acontecimentos que tinham vindo bruscamente para ambos. Conhecia o que ela estava sentindo. A aflição ao saber as brigas que seriam lançadas dia a dia, e os olhares de ódio que seriam metralhados.

- Você sabia sobre isso? - Perguntou ela quebrando o silêncio. Sim, sabia. Mas quando soube já era tarde demais para mudar quaisquer fosse as decisões de sua mãe.

A voz de Kayla mesmo tensa transbordava docura, e se perguntava se ela não se dava conta disso. Kayla poderia ser inteligente e mal vista, mas era sem dúvida atraente. Os cabelos de fogo caíam sobre seus ombros e destacavam seus olhos verdes; duas auréolas cintilantes sem pretensões. O corpo bem desenhado se ajustava perfeitamente nas roupas que usava, abraçando suas curvas.

- Sobre o que exatamente?

- Sobre se mudar para cá! - Exclamou, já sem paciência. Permaneceu calado por um momento, até avistar um privado parquinho. Meneou a cabeça para o lado, como um sinal para que ela o seguisse, e assim o fez. Se sentaram lado a lado, separados apenas pela distância de ambos os balanços onde se encontravam.

- Talvez. - Respondeu por fim, em um tom indiferente. Kayla se movimentou levemente, acompanhando os movimentos de vai e vêm do balanço.

- Desde quando?

- Desde ontem de noite.

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Com a saída de Alison, se voltou para o quarto, pronto para adormecer no Sol da manhã, já que a noite não dera conta. O som do seu celular interrompeu seus passos e vibrou por todo o apartamento. Levou o aparelho ao ouvido ao ler a descrição da chamada.

- Oi, mãe. - Saudou, ainda com a voz cansada. Ouviu um suspiro do outro lado da linha e se preparou para o que viria a seguir.

- Noah, mais uma? Quando vai crescer e se dedicar à sua vida? - Exclamou Lilian Westenin, nitidamente irritada. - Chega de garotas e bebidas, Noah! Chega de desperdiçar seu tempo com coisas que não dará falta!

Noah esperou o silêncio se instalar entre ambos. Não queria começar uma discussão onde não poderia bater o pé e mostrar pelos seus olhos o quanto estava decidido a levar a vida como bem entendesse. Mas sua mãe não daria trégua, e ele sabia disso. Com a chamada em celular, Noah sabia que a palavra final era sempre de Lilian. E não podia protestar o que decidia.

- Está cedo para ter essa conversa, não acha mãe? - Retrucou, soltando um suspiro impaciente em seguida.

- Tenho certeza que já estava acordado. E se bem te conheço, aposto que a porta se fechou levando uma outra vagabunda para fora.

A Garota da Pele ClaraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora