Prólogo

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"E se a única maneira de nos deixarmos de sentir mal, for deixar de sentir para sempre?"
Hannah Baker,
Thirteen Reasons Why

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Eu tentei, eu juro que tentei dar o melhor de mim. Mas como sempre, falhei.
Eu tentei que toda a gente gostasse de mim, tentei que me aceitassem da maneira que eu sou. Mas não consegui.
Então, comecei a achar que não era boa o suficiente para as outras pessoas.
Fui usada e enganada por pessoas em quem confiei e a escola toda virou-se contra mim.
Porque toda a gente espera que eu seja perfeita, mas eu não sou.
Eu sou um humano...
E eu sinto dor, muita dor no meu peito. Dói mais que cem tiros, dói mais que mil facadas nas costas. Não sei como consegui guardar só para mim este peso no coração durante todo este tempo, não sei mesmo como é que consegui aguentar.
Eu não queria, mas esta foi a única maneira que encontrei de me livrar de toda esta dor.

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Mackenzie entrou em casa fazendo o menor barulho possível e foi a todas as divisões para ter a certeza que não estava ninguém em casa.
Caminhou em passos lentos até ao seu quarto, e ao passar no corredor viu fotográfias de si em criança.
Tinha um sorriso no rosto, faltavam-lhe alguns dentes por isso devia ter uns 6 anos quando lhe tiraram a foto. Parecia feliz, mal ela sabia o que lhe ia acontecer dez anos depois.
Quando somos pequenos ninguém nos prepara para os mundo exterior, ninguém nos prepara para tanta maldade, tanta tristeza, tanta desilusão.
Em vez disso, contam-nos contos de fadas e fazem nos acreditar que um dia vamos encontrar o nosso príncipe encantado, casar com ele e ser "felizes para sempre".
Ela queria que alguém lhe tivesse dito que ela ia ter que passar por tanto sofrimento na minha vida, assim poderia ter se preparado, mas como ninguém me disse, a maldade apanhou-a desprevenida.
Deixou uma lágrima escorrer pela sua bochecha e queimar-lhe a pele.
Voltou a andar em direção ao seu quarto e suspirou antes de abrir a porta de madeira escura com as letras MZ em dourado.
Fechou a porta atrás de si e peguou numas leggins pretas e numa t-shirt azul velha.
Foi até à casa de banho e despiu-se. Olhou para o seu reflexo no espelho e viu as feridas e arranhões na parte interior das coxas. Os pulsos estavam vermelhos e tinha nódoas negras espalhadas pelo corpo. Olhou para os próprios olhos no espelho e reparou que estavam sem vida, vazios como os de um morto.
Vestiu a roupa que tinha separado anteriormente e encheu a banheira até ao topo.
Entrou na água quente, vestida, e pegou numa lâmina que estava na borda da banheira.
Engoliu em seco e tentou arranjar coragem para conseguir fazê-lo.
Aproximou a lâmina do seu pulso e começou a cortar-se.
A dor era imensa, mas mesmo assim, doía muito menos do que dor no seu peito.
A água da banheira ganhou um tom avermelhado devido ao sangue que saia dos seus pulsos cortados.
A sua respiração tornou-se pesada e começou a ver tudo turvo. Agarrou-se à borda da banheira até que perdeu as forças e os seus dedos pararam de agarrar a pedra branca.
Lentamente foi-se afundando cada vez mais e a essa altura, o chão estava cheio de água avermelhada que começava a sair da banheira e que a qualquer momento ia sair pela porta.

Talvez fosse melhor assim, talvez ela não passasse de um erro e desta maneira, ela estaria a consertá-lo.
Fechou os olhos quando viu que não aguentava mais e nesse momento parou de sentir.
Desapareceu, para sempre.

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Chorei a escrever este capítulo.
E chorei ainda mais ao ouvir esta música.
Fiquei a tarde inteira a escutá-la e com lenços ao meu lado, porque a música por si é incrível, mas com este vídeo ficou sensacional.
Espero que tenham gostado.
💔💔💔




I'm only human ➵ JenzieWhere stories live. Discover now