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- Eu as comprei de um pintor na França.- diz uma voz soprando nos meus cabelos.- São lindas, não são?

Me viro e Vlad estava atrás de mim, com o seu cabelo loiro despenteado e o seu sorriso intimidador. Ele estava usando uma calça preta com uma blusa branca.

- Será que dá pra parar de aparecer assim?- eu estava respirando rápido.

Ele dá de ombros.

- Você que resolveu invadir a minha casa.

- Eu não invadi.- digo e ele levanta uma sobrancelha.- A porta estava aberta.

Ele olha para a porta que agora estava fechada.

- Vamos fingir que sim.- diz piscando para mim.

Reviro os olhos.

- Ela estava mesmo aberta.- insisto.

- Mas é claro que ela estava.- diz e depois suspira.- Ora, vamos. Eu estou brincando com você.

- Eu não estou no clima para brincadeiras.

- Então o que você veio fazer aqui, garota?

Coloco o cabelo atrás da orelha.

- Temos que falar sobre o que aconteceu.- Ele se senta em uma poltrona de couro marrom perto da lareira acesa.- Pelo contrário eu não irei embora, se é o que pensa.

Ele me encara relaxado.

- Pois bem.- diz encostando suas costas na poltrona.- Eu acho que você vai querer se sentar.

Olho para a poltrona do lado dele.

- Obrigada, mas eu estou melhor aqui.

Seu sorriso brilhou a luz das chamas da lareira.

- Você tem medo de mim.

- Eu não tenho.- digo com firmeza.- Apenas estou tentando entender o que está acontecendo, por que a minha cabeça tá fritando, nada do que eu vi faz sentido.

- Mas faz.- ele permanece calmo, enquanto eu estava começando a me exaltar.- Você viu tudo.

- Eu não...

- Eu a ipnotizei. Ou eu achei que havia hipnotizado.- ele acaricia o próprio queixo como se estivesse pensando.

- O que você está dizendo?- pergunto e passo as mãos pelo rosto.- Eu não sei nem quem ou o que você é!

Ele se levanta furioso.

- A questão não é o que eu sou.- diz me preensando contra a parede.- Você diz que não tem medo, mas o seu coração diz outra coisa. Eu posso ouvi-lo, e ele está bem acelerado, pulsando...

- Você está me assustando!- digo empurrando-o.

- Não jogue sujo comigo, Jean...

- Mas o que você está dizendo!- eu abraço a mim mesma.- Ontem eu ouvi gritos... achei que alguém estava sendo atacado por você, quando na verdade eu que fui atacada. Você me machucou e tentou me aterrorizar. E deu certo.

Ele aperta os lábios e tenta se aproximar. Mas eu levanto as mãos fazendo um sinal para ele parar ali mesmo.

- Eu não quis machucá-la...- diz.- eu não machuco os humanos.

- Humanos?- o ar ameaçou abandonar meus pulmões quando comecei a ficar tonta.

Ele fixa os olhos em mim, tentando me avaliar de alguma forma.

- Acredita em lendas?- ele pergunta.

- Em lendas?- minha voz pareceu ecoar dentro da minha própria cabeça.- O que isso tem haver com o fato de que você pode ser um assassino ou um maníaco?

Ele franze a testa, como se aquilo fosse uma ideia idiota.

- Se isso fosse mesmo um fato- ele começa.- Por que você ainda está aqui falando comigo inteira?

- Eu não sei.- as palavras saíram como um sussurro.- Eu não sei...

- Você deve conhecer a lenda do conde da Romênia.- ele diz.

- Você está me confundido...- hesito para tentar me acalmar.

- Conhece a lenda?- pergunta mais uma vez.

- Eu não me lembro muito bem.- respondo.- Eu ouvia essas histórias quando eu era pequena.

- Então eu vou refrescar a sua memória.- diz.- Há alguns séculos, a Romênia foi erguida por uma família muito poderosa. Era uma linhagem muito forte e cheia de herdeiros e herdeiras.- ele explicou.- O povo os amava, os respeitava. Mas isso mudou quando descobriram o que eles eram.

- Vampiros.- eu digo emendando.

- Pensei que você não se lembrava dessa história.- seu tom era perseguidor.

- De algumas partes.

- A maioria das pessoas que viviam na Romênia, eram vampiras.- ele continuou.- E isso foi o começo de um caos. As noivas do Drácula foram queimadas em fogueiras enquanto o sol nascia, os filhos delas foram mortos por estacas em seus berços. E sua esposa grávida...- ele hesita, como se estivesse com raiva.- foi morta por um lobisomem de bando, enquanto tentava fugir na floresta. Por que ela também era uma vampira.

- O conde foi o único que sobrou, por que ele tinha séculos e era o mais forte. Ele lutou e prometeu vingar a todos que ele perdeu, principalmente a mulher que ele amava. Os vampiros que eram leais a ele se juntaram para lutar contra os lobisomens e seus aliados humanos. Dando início a era escura, a guerra entre humanos, lobisomens e vampiros. Isso não é um absurdo?

- É apenas uma história.

Ele dá um sorriso torto.

- Acontece, que essa história, está errada.- ele faz uma observação.- A esposa do Drácula estava grávida. E a história diz que ela morreu sem dar a luz. Mas ela teve a criança no castelo, na noite do ataque.

- Onde você quer chegar com isso?

- Eu sou essa criança, Jean.

Meus olhos se arregalaram. A sensação era terrível e minha cabeça queria rejeitar aquilo, mas o choque era doloroso. Doloroso e persistente.

O quê?

- Eu sou o filho do Drácula.

Meu vizinho se chama Vlad Where stories live. Discover now