Capitulo 2

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— Jenny ? — Ouvi meu irmão me chamando na porta.

— Já vou, o que é ? — Perguntei.

— A Mille está no telefone. Não escutou tocar ?

— Não, não ouvi. Obrigada, vou atender aqui. — Respondi.

Ouvi os passos do meu irmão se afastando, e só então tirei o telefone do gancho, ele ficava ao lado da minha cama, em cima de uma mesinha pequena. Olhei no relógio que ficava do lado, eram 6:45 da manhã.

Respirei fundo e atendi.

Oi Mille.. tudo bem ? — Tentei parecer o mais tranquila possivel.

Tudo, o que aconteceu ontem anoite ? Você foi embora daqui de casa e nem se despediu. Quando cheguei com as sobremesas só estava o Jason. O que houve ? Se foi pela minha demora, desculpa, é que resolvi já lavar os pratos. — Ela já foi logo me perguntando, mal respirando entre uma palavra e outra.

Não quê isso, não foi nada com você. — Tentei ganhar tempo.

Foi com o Jason ? Ele te fez alguma coisa ? — Ela parecia preocupada.

Nãaaoo ! — Exagerei no tom ao negar — Não, não, eu só me lembrei que havia deixado a minha roupa de serviço na máquina de lavar, sai correndo para estender senão hoje, não teria com o quê ir trabalhar. — Eu tentei concertar, mentira perfeita.

Tem certeza que foi só isso ? — Ela não estava engolindo a minha história, mas acho que preferiu deixar pra lá.

Claro amiga, eu não teria por que mentir. — E estava me tornando uma grande mentirosa, das boas.

Então está bem. No nosso horario de almoço, você me encontra pra comermos juntas ?

Enfim, eu pude soltar o ar que prendia nos pulmões, agradeci a Mille em pensamento por ter mudado de assunto, não saberia mais como continuar mentindo pra ela sem me entregar.

Sim, nos vemos no Restaurante da Dona Rosa as 12:45. Beijão ! — Respondi.

Outro. — Ela respondeu, a voz um pouco desconfiada, mas pelo menos não me perguntou mais nada. E então desligou.

Alguns minutos depois....

Eu já havia tomado banho, escovado os dentes e me trocado. Colequei meu uniforme de trabalho.

Na joalheria onde eu trabalhava, a gerente era bem exigente, chata pra ser mais sincera; era exigido calça social preta, com blusa social branca, sapato de salto alto a minha escolha e maquiagem e unhas bem feitas.

Após estar pronta, desci para tomar café, o Lian já havia saido pro serviço dele, ele era o caixa na padaria Por do Sol que ficava na esquina, e realmente ela abria muito cedo, ás 6:55 ele já estava saindo de casa.

Quando terminei o meu café — Pão com requeijão e chá de Erva Cidreira — já eram 7:25 da manhã, hora de sair.. chegar atrasada na loja, significava escutar sermão o dia inteiro.. eu entrava as 8:00.

Passei no banheiro pra dar uma rápida olhadinha no espelho.

Peguei a minha bolsa, o meu cartão de condução e sai pro ponto de ônibus.

           ********

Ao chegar no serviço, notei um movimento estranho. A gerênte estava no canto da loja dando alguns telefonemas, havia algumas pessoas andando na loja, e também um carro da policia militar.

— Gina o que aconteceu aqui ? — Eu me aproximei da minha colega de trabalho e perguntei.

— Ai Jenny, hoje foi um péssimo dia para levantar da cama e vir trabalhar. — Ela respondeu.

— Mas porquê ? E toda essa gente ? — Perguntei.

Eu passei os olhos ao redor da loja e só então, reparei que faltavam várias jóias na vitrine. Então eu entendi.

— Acabamos de ser assaltadas, hoje foi meu dia de abrir a loja. Era mais ou menos 7:55, mal abri as portas e foi o tempo de chegarem dois homens encapuzados. Eles me renderam, colocaram o revólver na minha cara e me fizeram abrir as vitrines. Eu tive tanto medo Jenny. — Apesar da sua voz arrastada, ela não parecia tão apavorada.

— Meu Deus Gina ! Você esta bem ? Eles não te fizeram nada ? — Eu estava preocupada.

— Não, não se preocupa, eu estou bem. Só não sei o que vai ser agora, o prejuízo que deixaram na loja.. era eu quem estava aqui né. — Ela abaixou a cabeça com as mãos no rosto.

— Mas você não teve culpa, nem pense nisso. Como a policia chegou aqui ? A Clara deve estar uma pilha de nervos. — Eu comentei, olhando na direção da minha gerênte que ainda estava pregada ao celular.

— Foi ela, ela estava chegando bem na hora, viu quando me renderam e se escondeu.. ela ligou pra policia e eles chegaram. Se não fosse por ela, com certeza os bandidos teriam levado muito mais, não só as da vitrini como também as do estoque e todo o dinheiro do cofre. — Ela me respondeu.

— Graças a Deus estamos bem, pegaram os bandidos ?. — Eu perguntei e continuei a olhar o movimento.

— Não, assim que ouviram o barulho da sirêne, eles me soltaram e sairam correndo.. os vi entrando em um corsa prateado que os esperava, mas nem pensei em anotar a placa.

Nesse momento um policial, alto e rechonchudo se aproximou de nós duas e pediu para fazer algumas perguntas pra Gina. E ela concordou.

Os dois foram para um canto da loja começar o interrogatório e então eu fiquei ali parada aguardando algum tipo de instrução da minha gerênte ou de qualquer pessoa.

Hoje, acredito que obviamente a loja não abrirá para os clientes.

O Marido da minha Melhor AmigaWhere stories live. Discover now