— O que vai fazer esse fim de semana com seus amigos? — quis saber.

— Acho que devo ir em uma festa hoje à noite. — murmurei casualmente, como se fosse nada demais, não gostava de preocupa-lo com as diversões joviais.

— Não preciso repetir meu discurso, não é?

— Oh, não, por favor, tudo menos isso. — ri levemente.

Tudo que eu não queria era o seu velho discurso de: não beba em copo de estranho, fique sempre perto da Natalie, não pegue carona com estranhos, não deixe passarem a mão no seu corpo, não transe sem camisinha. Melhor: não transe.

Seus discursos estavam mais do que decorados, poderia recitá-los de trás para frente quando e onde quisesse.

Quando nossos pedidos chegaram, nos deliciamos de uma comida muito gostosa enquanto conversávamos sobre minhas aulas, como estavam Natalie e Aidan e sobre lugares que meu pai e eu queríamos viajar nas próximas férias.

Caribe. Meu pai estava louco para conhecer o Caribe e faria o possível para que conseguíssemos ir nas próximas férias, mesmo que precisasse economizar para isso, valeria a pena. Porém eu sabia que seria tranquilo, quando ele recebe uma missão e passa meses longe de casa, ele recebe um bom salário no final. Talvez seja por isso que estávamos aqui conversando sobre essa viagem sem preocupações com as despesas dos meus livros e faculdade, ele sabia que teria a grana para tudo isso.

Pedi um Petit Gâteau com uma bola de sorvete como sobremesa, depois do meu almoço saudável com salmão e salada, esperava que a sobremesa não fizesse muita diferença.

— Já que estamos falando de viagens, preciso dar uma notícia não muito agradável... — parou por um momento, deixando suas palavras no ar. E lá vem o momento que eu sempre odiava. — Fui chamado para uma missão no Irã. — mesmo sabendo que essa seria a notícia, meu coração se apertou. — Sei que odeia essas viagens, mas realmente precisam de mim. — ele me olhou fixamente, esperando pela minha reação. Permaneci calada por alguns instantes, tentando processar toda a informação.

— Eu sabia! — sussurrei, quase de forma inaudível, mas o suficiente para que ele ouvisse.

— Sei que é difícil pra você. Também é para mim, odeio deixá-la, mas quando o dever chama...

— Devemos cumprir, eu sei. — completei, desanimada.

— Olha... — ele segurou minha mão sobre a mesa. — Quando eu voltar, vamos fazer essa viagem para o Caribe e ficar mais tempo juntos, tudo bem? — assenti balançando a cabeça, mas sem dizer mais nada. Uma luz se apagou em mim, como quando uma vela se apaga somente com um sopro, mas no meu caso foram necessárias poucas palavras. — Não quero ver você assim, por isso escondi da última vez. Não quero atrapalhar seu desempenho nos estudos.

— Não se preocupe comigo. — apertei com força sua mão. — Só estou absorvendo a notícia, ficarei bem. — sorri tentando aliviar a situação. Eu já estava ciente que esse almoço seria por isso, mas ter a certeza era muito pior.

Depois da sobremesa, meu pai me levou de volta para o alojamento onde nos despedimos com um forte abraço. Ele me prometeu que me ligaria via Facetime no domingo — já que na segunda bem cedo ele estaria indo para o aeroporto —, depois disso eu não o veria mais nos próximos três meses. 

Só esperava que o tempo passasse rápido sem que eu percebesse.

Só esperava que o tempo passasse rápido sem que eu percebesse

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As Sombras de Finley: IntensoWhere stories live. Discover now