— Aposto que já até sei quem é, para você estar com essa cara só pode ter sido o Babaca. — Maria disse e eu assenti com a cabeça.

— Aí amiga, deixa ele para lá, as aulas voltam segunda, vamos aproveitar, vem. Let's go to the party, babys! — Bruna disse enquanto me puxava para a festa e eu gargalhei junto com as meninas, que nos seguiram.

Entramos de volta na casa e fomos para a pista. Nós dançávamos muito bem, fizemos aula de dança por uns 3 anos.

Enquanto estávamos dançando, podia ver os olhares das pessoas sobre nós, dos meninos principalmente.

— Ei, Bruna — eu disse um pouco alto por conta da música —, o Henrique tá te olhando desde quando chegamos, vai lá falar com ele. — eu disse e ela sorriu ao me ouvir dizer que ele estava a olhando. Sim, Bruna era apaixonada por Henrique desde que eu me entendo por gente.

— Ai amiga, não sei não. E se ele estiver olhando para outra garota e não para mim? Eu é que não vou arriscar! — ela disse e enquanto falava percebi Henrique se aproximando de nós.

— Bom, amiguinha, já que você não vai, ele está vindo aí. Boa sorte, e vê se pega ele, hein? — pisquei para ela e a mesma corou. Saí de lá para deixar os pombinhos à sós e fui até o bar. Dessa vez eu queria minha caipirinha.

Vocês devem estar se perguntando "ela tá bebendo com 16 anos?", qual é, um dia só não mata ninguém, e eu não sou nenhuma alcoólica, bebo só às vezes.

Cheguei até o bar e fiz o mesmo pedido de antes. Sentei no banco e fiquei de costas para o balcão, olhando o movimento. Tinham várias pessoas se agarrando, outras vomitando de tão bêbadas, e algumas sóbrias, assim como eu.

Meu olhar parou quando vi um garoto me olhando. É sério, vida? Luan Migliaccio? Mesmo?

Luan era o "dono" da festa. Um dos garotos mais populares do colégio, pegava todas e não se apegava. Tinha seu grupinho ridículo que chamava atenção onde passava.

Bufei e revirei os olhos quando vi ele vindo em minha direção. Virei de frente ao balcão e peguei minha caipirinha. Virei novamente, dando de cara com ele.

— Olha só, se não é Natália Müller. Milagre que veio na festa. — disse e eu revirei os olhos, de novo.

— Se eu tivesse escolha, estaria na minha cama bem quentinha assistindo Pretty Little Liars, mas já que não tenho, tive que vir.

— Nossa, é tão ruim assim vir até uma festa minha? E outra, isso aqui só está acontecendo para recepcionar-mos os alunos novos.

— Mentira, tu ama uma festa, qualquer coisa é motivo para festejar.

— É, você tem razão. — ele se aproximou mais e levou sua boca até meu ouvido. — Sabe, Müller, você tá uma gata hoje, Felipe foi um idiota por ter te trocado pela Larissa. — gargalhei e ele se afastou.

— Se você acha que vai me fazer ficar contigo só por dizer isso, está completamente enganado, meu caro. Eu conheço o seu tipo, "pegar e não se apegar" — fiz aspas com as mãos —, você não me engana, Migliaccio.

— Olha só, além de bonita é inteligente. Ponto pra ti. Bom, já vi que não vai rolar mesmo, eu vou indo. Ah, toma cuidado, Müller, eu posso estar onde você menos espera, quando menos espera. — ele saiu e senti um frio percorrer pela espinha. O que ele queria dizer com "toma cuidado"?

Afastei meus pensamentos quando vi Maria e Mariana se aproximando de mim.

— Lia, — só Maria me chamava assim, ela me deu esse apelido quando tínhamos 7 anos. — o que o Luan queria contigo? — perguntou.

— Me encher o saco, me irritar, me fazer ter vontade de matar ele, mais algum motivo? — perguntei e elas riram.

— Ei, cadê a Bruna? Eu não vejo ela desde quando estávamos dançando, sumiu do nada a garota. — Mariana perguntou e eu não me conti, soltei um sorriso e elas não entenderam nada.

— Desembucha, Lia. Dá pra ver no seu rosto que você sabe de alguma coisa. — Maria cerrou os olhos e eu abri ainda mais meu sorriso.

— Da última vez que vi nossa querida amiga ela estava com o crush dela, vulgo, Henrique Maldonado. — um sorriso igual ao meu apareceu no rosto delas.

— Não acredito! Aposto que eles estão se pegando em algum canto por aí. — Mariana disse e nós rimos.

— Maridas, — sim, nos chamávamos assim — eu vou pegar um ar, tá? Tá muito quente aqui dentro e eu preciso de vento no meu lindo rosto. — disse e elas assentiram rindo.

Saí e fui para a rua, encostei-me no muro da casa e fiquei olhando o movimento — de novo. Do lado de fora não tinha muita gente, a maioria resolveu se enfiar naquela mansão.

Fiquei ali encostada e vi uma sombra se aproximar de mim, só consegui pensar em uma coisa, "Ah, toma cuidado, Müller, eu posso estar onde você menos espera, quando menos espera.". Gelei. A pessoa se aproximou mais um pouco e consegui ver seu rosto. Minhas suposições estavam certas, Luan veio atrás de mim.

— Vi que saiu da festa, tá tudo bem, Müller? — seu tom de voz era mais debochado do que preocupado.

— Tudo ótimo, já estava até voltando para lá, tchau. — me apressei em dizer e ia saindo quando ele me puxou pelo braço e prendeu-me no muro. Colocou um dos seus braços ao lado da minha cabeça e o outro ainda me segurava.

— Algum problema, Natália? — pude sentir o péssimo cheiro de álcool vindo de sua boca.

— Sim, quero que você me largue, está me machucando. — ele deu uma risada irônica e eu tentei me soltar, mas foi perda de tempo, era óbvio que Luan era mais forte. Ele chegou mais perto do meu ouvido, como fez algum tempo atrás.

— Hoje você será minha, Natália Müller. — sua voz era sombria, eu estava quase chorando de medo. Cadê o povo dessa festa? Resolveram sumir quando eu mais preciso? A vida sempre querendo acabar comigo!

— SOCOR... — não consegui terminar a frase, ele me agarrou e começou a me beijar. Eu tentava me soltar mas não conseguia.

— Larga ela, agora! — uma voz que eu não conhecia falou e Luan me jogou no chão com força, me machucando. Comecei a chorar incontrolavelmente e pude ver o Migliaccio se aproximando do garoto que eu não sabia quem era. Não conhecia aquela voz, será que ele era aluno novo?

Meus pensamentos foram afastados quando o garoto desconhecido lançou um soco na cara do Luan, fazendo o mesmo cair no chão se contorcendo de dor. Ele veio até mim e se abaixou em minha frente.

— Oi, você está bem? Ele te machucou? Quer que eu te leve pra casa? — ele claramente estava preocupado comigo, eu apenas o abracei, desabando a chorar em seu ombro.

— Obrigada, não sei o que poderia ter acontecido se você não estivesse aqui. — minha voz saiu embargada por conta do choro.

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Coração de GeloWhere stories live. Discover now