Vingança

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Pessoal vamos votar e comentar, aguardo a opinião de todos vocês e desde já agradeço a visita.

O príncipe que até então tinha usado o nome Judas e vinha acompanhando Jesus como seu discípulo, prosseguiu acompanhando seus irmãos de longe, sem que o percebessem e sem interferir em nada do que vinha acontecendo, foi dessa forma que ele pôde perceber o despreparo do mundo para receber o Deus vivo entre eles. Ele viu cada um de seus irmãos morrer, muitos da mesma forma que seu mestre, crucificados, até mesmo Pedro sendo colocado de cabeça para baixo em sua cruz, uma verdadeira afronta a todo amor que Jesus espalhou nesta terra. Ele acompanhou e chorou ao ver toda crueldade que a humanidade ainda trazia consigo em seu âmago. Sofreu até o último suspiro de João que havia sido exilado na ilha de Patmos, mas acabara morrendo em Éfeso.

Desde então sua existência que não vinha sendo nada fácil havia sido quebrada, seu vínculo com a humanidade morrera naquele momento junto com o último de seus irmãos em Cristo. Ele não poderia voltar para seu lar, acabaria matando sua mãe e sua amada Lilith. As duas eram as únicas coisas que asseguravam um pouco de sua humanidade e o mantinha vivo naquele momento. Tinha medo que Deus ou os anjos em sua guerra idiota ainda quisessem usá-lo como haviam feito, e assim como seu pai morreu nessa jornada, elas também viessem a morrer. Dessa forma, a única maneira foi esquece-las para poder salva-las.

Após perder seu último vínculo com a humanidade, o príncipe partiu sem rumo, se distanciando das lembranças de tudo que havia sido um dia. Passou pela Bulgária e pela Macedônia onde presenciara algumas passagens místicas que recordara seu passado, e por fim, estabelecendo-se na Romênia. A Transilvânia parecia ser o lugar ideal para ele passar o tempo, não era longe o suficiente para ele esquecer, mas não era perto o suficiente para ele ser exposto ou reconhecido por ter sido um dos discípulos de Jesus.

Era óbvio que o príncipe não queria se isolar do mundo, caso contrário teria ido para um lugar mais distante e inimaginável a todos, mas ele se manteve por perto, estava clara a sua intenção, seus planos e sua fúria, vingança era o que ele queria. Não se preocupava com o preço a ser pago ou quem pagaria, se seria os humanos, se seria os anjos ou até mesmo Deus. Tudo o que ele queria, era se livrar daquela maldição e de tudo que viveu, mesmo que isso significasse a morte. Coisa essa que era quase impossível acontecer. Além do enforcamento, ele tentara o suicídio outras vezes, falhando em todas elas.

Vingança era o que o príncipe queria e já que ele não poderia morrer, poderia matar. Arrastaria qualquer criatura para a inexistência, fosse ela anjo ou demônio, se vingaria de todos e mataria o máximo que pudesse, e consequentemente levaria os humanos juntos com ele, já que agora eles eram seu principal alimento. Sua principal fonte de vida era o sangue humano e ele se alimentaria de tantos quanto pudesse, sentindo um poder diferente fluir a cada mordida, a cada criatura que ele matava. Esse poderia ser o doce sabor da vingança que estava procurando, ou não?

O príncipe vagou por muitos anos transitando entre a Romênia, Macedonia, Bulgaria entre outros arredores, chegou até mesmo a visitar Amom, mas não teve coragem de entrar no castelo e falar com sua mãe e sua amada. Observou de longe algumas vezes, viu sua mãe e sua amada envelhecerem e morrerem, desde então nunca mais voltou ao reino, não pertencia mais a aquele lugar, na verdade, não pertencia a lugar algum, nem mesmo a esse mundo. Era o que ele pensava ao voltar a Transilvânia depois de logos anos afastado, tantos anos quanto ele pudesse contar, e ele havia parado de contar no ano mil depois de Cristo.

Poderiam ter passado 1.200 ou 1.400 anos após a morte de Jesus, ainda existiam guerras entre o cristianismo e os mulçumanos, essas pelo menos eram as guerras que aconteciam no território que ele circulava, nem imaginava as que ainda aconteceriam pelo mundo depois que o próprio Deus desceu a terra, afinal, a própria aberração humana havia o matado, imagina o que estavam fazendo entre si.

Ao voltar para a Transilvânia o príncipe resolveu assumir a identidade de Vlad, um nome comum da região e que tinha uma geração de nobreza bastante conhecida naquele reino. O príncipe matou todos que questionaram sua descendência forçando aos que queriam viver concordar e acatar todas as suas ordens, em pouco tempo seu nome era conhecido e ele se tornou o rei daquele lugar, escravizando e matando seus inimigos de forma cruel e grotesca. A principal referência a sua crueldade era a empalação, o príncipe pendurava os corpos de seus inimigos em uma estaca que ele atravessava de forma meticulosa no tronco da pessoa, fincando sua base ao chão, formando uma multidão de cadáveres, relembrando a multidão que condenou Jesus. Ele achava que todos deveriam ser crucificados, não como Cristo pois ele era santo, mas como os vermes que a raça humana representava para ele, sofrendo ao sentirem a ponta afiada atravessando seu corpo e perfurando seus órgãos. Realizar essa crueldade o deixava feliz.

O príncipe seguiu dominando o território e espalhando o terror por onde passava, o nome Vlad era temido e respeitado por todos, a não ser pelos turcos, estes queriam dominar a Transilvânia a qualquer preço, mesmo tendo que enfrentar o famoso empalador de corpos.

Em muitas de suas batalhas o príncipe era o único sobrevivente, os turcos tinham um número infinitamente maior de guerreiros em seus exércitos, e em muitas batalhas o príncipe teve que contar com sua maldição para vencer, sendo o único sobrevivente. Alimentava-se de alguns corpos enquanto olhava a imagem linda que criara de estacas espalhadas pelo campo de batalha. Os corpos sangravam expondo seus órgãos que caiam ao chão. Silhuetas penduradas cobrindo um enorme campo de sangue e podridão.

Existia, porém, um lugar ao qual os turcos nunca invadiam, uma montanha ao sul de seu castelo, alguns boatos já percorriam o reino há algum tempo, desde que encontraram alguns soldados turcos mortos ao redor da montanha. Diziam que Vlad era uma criatura das trevas e que passava a noite em claro observando seus inimigos do topo da formação rochosa. Todos que tentaram passar por aquele lugar se depararam com ele em sua forma de demônio, sendo aniquilados e servindo de alimento. Um boato que não agradava muito ao príncipe, afinal, seu principal prazer era empalar seus inimigos, o que não ocorrera com os corpos encontrados na montanha.

Embora a reputação de criatura das trevas pudesse servir para afastar os turcos ainda mais, chamando a atenção de Lúcifer que o nomeara príncipe das trevas, ele não era o autor daquelas mortes, mas queria saber quem teria tanto poder para sobreviver a investida de inimigos tão perigosos.

Sua personalidade vinha sendo transformada aos poucos, agora ele tinha a certeza de que queria ser a criatura temida por todos, adoraria ser chamado de príncipe das trevas, somente assim o anjo do inferno o visitaria, ele então o mataria e o faria entregar a localização de seu irmão Metatron. Ele queria vingança, estava seguindo o caminho certo.

A maldição do discípulo 2Where stories live. Discover now