A maldição do discípulo 2

O nascimento do conde

Pessoal vamos votar e comentar, aguardo a opinião de todos vocês e desde já agradeço a visita.

- Como você está se sentindo?

O príncipe quebrou as correntes caindo da cruz e se colando frente a frente com Caim.

- Você não tem noção da loucura que cometeu.

Os olhos de Caim estavam sobrepostos a sua órbita, indicando que ele estava com medo, seus pés e seu corpo tremiam de uma forma que ele jamais conhecera. Então essa deveria ser a sensação de sentir medo, o medo de morrer.

- Calma! Eu te ajudei, veja você quebrou as correntes em que Lúcifer me aprisionou por vários anos, você agora é uma criatura completa, com força suficiente para derrota-lo, e tudo isso graças a mim.

- Caim, como agora você está sem sua maldição, você não deve se lembrar, eu matei dois anjos do próprio Deus, se quisesse derrota-lo já o teria feito.

- Está vendo só, toda sua vida mudou, seu caminho daqui pra frente será outro.

- Com toda certeza, muito obrigado, suas memórias despertaram em mim poderes que eu jamais imaginei possuir, uma força ainda maior do que eu já tinha, e como agradecimento vou realizar o que você sempre quis Caim.

- Não por favor, não me mate, agora que sou apenas um humano, quero viver a vida e morrer de velhice.

- Haha! Agora é você quem está me fazendo rir. Vou sair daqui e deixar o Vlad ser morto por seus inimigos, darei início ao tão sonhado plano de Lúcifer, ele não queria que eu me tornasse Drácula o príncipe das trevas? Então Drácula eu serei. Diga-me Caim, o que um príncipe mais almeja?

- Amor?

- Realmente você se tornou um humano inútil. Um príncipe sempre almeja se tornar rei, e para que isso aconteça, o atual rei tem que morrer.

- Você não cometeria essa loucura? Lúcifer é muito poderoso, acima dele somente Deus.

- Isso é o que descobriremos, não me deu o título de príncipe das trevas, agora quero ser rei.

- Não faça...

Antes que Caim pudesse dizer mais alguma coisa o príncipe o agarrou pelo pescoço, esmagando com as próprias mãos até que a cabeça caísse e rolasse pelo chão.

Ele saiu rapidamente da caverna, retornou para seu castelo e cometeu atrocidades ainda maiores das que já vinha cometendo. Matou o máximo de pessoas que pode e se alimentou de todas elas, até que um dia deixou-se abater pelos seus inimigos turcos, mas antes de sua morte ele gritou.

- Eu sou Drácula, o príncipe das trevas, e vou voltar para assumir meu reino, eu vou voltar.

Essas foram suas últimas palavras, algumas pessoas julgaram que ele já estava louco ou assombrado pelos fantasmas das inúmeras pessoas que tinha matado. Seu corpo foi empalado ficando exposto por alguns dias, assim como ele fazia com suas vítimas antes de ser enterrado.

Os anos se passaram na Transilvânia e tudo corria normalmente bem até que um grupo de assaltantes resolveram violar o caixão do conde na esperança de encontrar algum tesouro valioso, já que ele era da realeza o normal seria enterra-lo com alguns de seus bens, mas para surpresa dos assaltantes oriundos, ao abrirem o sepulcro não encontraram nada, nem mesmo uma moeda sequer. A decepção foi tanta que nem repararam que até mesmo o corpo do conde não se encontrava no local, não repararam até ouvirem seu chamado.

- Vocês não imaginam a quanto tempo estou esperando que alguém venha até esse lugar revirar meu tumulo.

Eram quatro os assaltantes que olharam para trás assustados, eles nem perceberam a figura se aproximando, e para surpresa de todos, ele realmente era igual ao conde que havia sido enterrado, somente nesse momento deram falta do corpo no sepulcro, mas não seria possível que ele estivesse vivo, não fazia nenhum sentido, a não ser que ele realmente fosse um demônio como os boatos diziam, ou como ele mesmo disse antes de morrer.

- Como eu fiquei muito tempo sem me alimentar, vou precisar de três de vocês para matar minha sede, um poderá viver e espalhar a notícia que o Drácula voltou, e estará recrutando um novo exército.

Três deles saíram correndo na esperança de fugir, enquanto um outro caiu de joelhos no chão e começou a rezar. Drácula saiu na captura dos três covardes que fugiram na esperança de sobrevier, mas antes mesmo que o outro terminasse sua reza, ele estava parado em sua frente novamente, mas desta vez todo sujo com o sangue de seus amigos, trazendo as três cabeças e jogando a seus pés.

Ele ergueu a figura até seus olhos e o lançou um olhar hipnotizante, este era um dos benefícios que vieram com a maldição de Caim, entrou na mente do homem o programando para anunciar a ressureição de Drácula, e que ele formaria um novo exército para dominar o submundo, pois queria se tornar o rei das trevas. Assim que colocado no chão o homem saiu a gritar desesperadamente as palavras que lhe foram programadas. Drácula era real, estava vivo e viria para dominar todos que se colocassem contra ele. A notícia se espalhou pelo território desde então. Alguns a encaravam como chacota, mas as pessoas que viveram com ele e presenciaram seus horrores, não duvidavam, mal dormiam durante a noite.

Enquanto os boatos se espalhavam, Drácula retornou até a caverna onde enfrentara Caim para passar alguns dias, enquanto dava tempo para a notícia se espalhar e amedrontar algumas pessoas, prevenindo as incrédulas.

Na caverna já não existia mais o corpo de Caim, simplesmente havia desaparecido do local, Drácula não se preocupou, pois agora se considerava uma criatura suprema, capaz de derrotar qualquer inimigo, provavelmente Lúcifer deve ter pego o corpo, e ele mesmo, não sabe o que está por vir, e que é o primeiro da lista a ser morto.

Drácula permaneceu ali por alguns dias, sendo atormentado por algumas das lembranças de Caim, mas principalmente, sendo atormentado pela visão de sua traição a Jesus Cristo. Os dias eram intermináveis e as noites sombrias, mesmo ele sendo sobrenatural, não conseguia superar o fato de ter traído e entregue o próprio Deus aos homens, as criaturas as quais Deus queria tanto salvar, foram as que o condenaram a morte, uma morte miserável e horrível. Após tantos dias sendo atormentado Lúcifer aparece na caverna em uma tentativa amigável de ajudar o príncipe das trevas a superar tudo e tornar seu aliado.

- Meu velho amigo, como você está? Há quanto tempo.

O rei do inferno comentou sarcástico após aparecer na caverna do nada, provavelmente em um daqueles tuneis que ele mesmo cria e o transporta de um canto a outro.

- Amigo? Você tem a ousadia de aparecer aqui e me chamar de amigo. Seu traidor.

- Falou a criatura que entregou Jesus aos homens, você não tem moral para se dirigir a mim desta forma.

- Eu fui forçado, o idiota do Metatron estava me controlando, eu jamais teria feito aquilo.

- Está bem, todos nós agora estamos sabendo como tudo aconteceu, incluindo Deus, e você não sabe o que ele fez ao anjo escriba.

- Não preciso saber, ele deve temer o que eu farei com ele, e farei o mesmo com você.

- Você acha mesmo que consegue sequer chegar a nossos pés? Você matou dois anjos de Deus até ai tudo bem, mas eu e Metatron somos os melhores de Deus. Você tem um caminho muito longo até se aproximar do que deseja.

- Acho que eu posso te mostrar o contrário agora mesmo.

Drácula saltou na direção de Lúcifer que desviou de seu ataque sem o menor esforço, ao se virar novamente, o príncipe já havia realizado sua transformação. Desde que Caim lhe passara sua maldição e seus poderes, Drácula fazia coisas extraordinárias sem esforço. Com seus olhos vermelhos da cor de sangue, ele investiu um novo ataque segurando o anjo pelo pescoço e descarregando toda sua força tentando arrancar sua cabeça como fizera com Caim. Após se chocarem contra uma das colunas de estalactites que existiam no meio da caverna, o anjo começou a sorrir. Por mais que Drácula concentrasse todas as suas forças em uma de suas mãos, o anjo sorria em deboche.

O anjo arqueou suas asas e no exato momento um túnel negro se abriu a seus pés.

- Não faça isso.

- Você não é Drácula o príncipe das trevas, está na hora de realmente conhecer seu lugar.

Com um soco o anjo arremessou Drácula pelo túnel e saltou logo em seguida caindo no mesmo buraco.