Capítulo Único

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— Jongdae, eu quero um gato — Minseok tirou os fones de ouvido e abaixou o celular — Eu estava vendo uns vídeos no youtube e agora eu quero um gato.

Aparentemente não havia nenhum motivo para aquilo, mas o mais novo ainda tentou entender a afirmação (ou pedido?) repentino e sentou-se ao lado do noivo no sofá. Todas as decisões que Minseok tomava do nada e que pareciam não ter pé nem cabeça eram as mais difíceis de fazer ele desistir.

— É algum vídeo daquele canal de animais onde você viu um sobre jabutis absorverem energia negativa e quis ter um? — Jongdae perguntou o mais compreensivamente possível, relembrando a história do falecido jabuti.

— Não, é só um vídeo de gatinhos fofos e engraçados — o mais velho deu de ombros e levantou para ir à cozinha.

Ele havia passado aproximadamente duas horas sentado no sofá tendo reações extremas ao que Jongdae descobriu naquele momento ser uma compilação de momentos de gatos fofos e engraçados. O homem deu play no vídeo por alguns segundos e assistiu um gato subir em um vaso sanitário e fazer xixi. Útil.

— Você quer comer? Eu comprei bastante comida pronta ontem — O mais novo perguntou, abraçando o noivo por trás com um sorriso enorme. Ele sabia que provavelmente iria receber uma bronca pela comida pronta mas não ligou tanto.

— Eu quero um gato. — Minseok sacudiu o corpo para indicar que não queria contato físico no momento e pegou uma faca para cortar a maçã que pegou do balcão. Jongdae sentiu uma dor de leve no coração, aquela maçã estava ali unicamente para fins decorativos no ambiente.

— Você não vai comer um gato — Jongdae andou com um bico até o outro lado do balcão e sentou-se nos bancos para observar o outro. Fazer ele desistir seria mais difícil do que tinha pensado.

— O gato vai me acompanhar nas minhas refeições quando você morrer por comer esse tanto de besteira — Minseok resmungou apontando com a ponta da faca para a sacola de compras de Jongdae.

— E quando eu morrer, por acaso, o gato vai te abraçar e esquentar seu corpo quando você for dormir? Hein, Minseok? — a possibilidade de ser trocado por um ser antipático que eram os gatos, na visão de Jongdae, o assustou de leve.

— O meu gato não vai ficar reclamando de tudo e tendo crises de ciúmes por causa de humanos, ao menos — o mais velho enfiou um pedaço descascado de maçã na boca do outro e continuou a comer, de vez em quando enfiando mais algum pedaço goela abaixo em Jongdae para evitar que ele abrisse a boca e argumentasse.

Minseok sumiu da cozinha depois de lavar o que havia sujado e reapareceu na sala com o notebook. Permaneceu um tempo calado e parecia entretido lendo alguma coisa. Pelo que conhecia dele, Jongdae tinha certeza que estava procurado nomes legais para dar ao gato. Também sabia que iria acabar cedendo e indo atrás do tal bicho.

— Você sabia que gatos relaxam os nervos, controlam impulsos violentos, mantêm nossos trigli-algum-coisa em bom nível, estimulam o caráter social dos tímidos e outras coisas? Você não gostaria de ter alguma coisa que te ajudasse a relaxar os meus nervos? Gatos são super poderosos, Chennie. — Chennie? Minseok estava apelando e jogando baixíssimo.

— É, você sabia que eles também tem poder de roubar namorados? Pois é — falou se arrastando para a sala. Minseok ignorou e continuou sua leitura do que aparentou ser uma lista de benefícios de ter um gato — Você veio para minha casa me ver depois de dias sem nem conversar direito, por causa da faculdade, e me troca por gatos? Como você quer me convencer de te dar um?

Minseok riu alto e com isso fez que o noivo se emburrasse e fechasse a cara. Depois de limpar as lágrimas que soltou por rir muito, o mais velho colocou o notebook de lado e engatinhou pelo sofá enorme até o canto onde o outro estava, jogando o corpo sobre o dele e apertando seu rosto. Jongdae pareceu mais fofo que o normal com as sobrancelhas franzidas de raiva e o bico enorme que apareceu quando teve seu rosto apertado. Minseok se abaixou para dar um selinho e sentou-se ao lado do namorado.

— Não precisa ter ciúmes de um gato. Isso é besteira. Eu não vou te trocar por ele, Chennie — riu e viu a carranca na cara de Jongdae se desfazer — Mas é lógico que ele vai precisar de atenção, principalmente se for um gatinho, aí ele vai precisar do dobro de atenção... Mas não precisa se preocupar, bebê — remendou quando viu a cara que o noivo ia fazendo e a sua chance de ter um gato se esvaindo.

— Hm.

Com isso, o mais novo se levantou e foi em direção de seu quarto. Minutos depois reapareceu com uma roupa mais adequada para sair e sua carteira.

— Isso é só porque eu não te dei presente nenhum em março. — disse e saiu do apartamento.

O bom em pedir algo para Chen era que ele sempre cedia quando se tratava de Minseok.

Jongdae demorou um pouco e Minseok pensou na possibilidade de ele ter descartado o gato e ter ido gastar o dinheiro em pelúcias enormes de dinossauro em algum shopping do outro lado da cidade, já que havia um local com vários animaizinhos para serem adotados perto do condomínio de Jongdae. Esse pensamento sumiu quando o mesmo ligou para saber que cor de gato Minseok preferiria. Poderia ser qualquer cor, contanto que fosse um gato.

Horas depois, quando ouviu o barulho da porta, o coração do mais velho quase pulou para fora da boca. A última vez que tinha se sentido tão ansioso havia sido a 20 anos atrás, quando era uma criança. Mas sua cara fechou quando viu Jongdae entrar somente com uma sacolinha em mãos.

— CADÊ O MEU GATO, KIM JONGDAE ?!?!?! — tinha certeza que a tontura que estava sentindo era de raiva. Minseok estava passando mal de raiva. Onde diabos estava o gato que ele tinha esperado por horas?

— Espere um minuto — o mais novo virou-se para trás, como se escondesse alguma coisa. Tirou o que estava dentro da sacolinha e largou-a no chão. Quando Jongdae voltou-se para frente, Minseok não acreditou no que estava vendo. Seu noivo tinha em sua cabeça uma tiara com orelhas rosa e preto de gatinho e na cara, um sorriso enorme, os olhos quase sumindo — Miau.


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Jongdae, eu quero um gatoWhere stories live. Discover now