Capítulo 5 - Uma amizade perdida e um amor iniciado

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– Mila nunca foi uma pessoa que divide o que está sentindo ou o que está pensando. Desde que eu a conheci ela sempre foi assim. E, pelo que a Selina conta, desde que elas eram crianças Camila tem essa mesma postura. Selina acha que é por ser a mais nova... Não quer demonstrar fraqueza aos olhos da irmã mais velha... Quer ser batalhadora e forte... Tem ido à faculdade e mergulhado nos estudos mais do que em qualquer outra coisa. Não almoça ou janta sem o livro do lado, estudando. Mas não tem sorrido espontaneamente.

– Acreditaria se eu dissesse que ele está num estado pior? – o rapaz inspirou profundamente, fechando os olhos. – Não quer comer, ou dormir, tem acompanhado em silêncio todos os horários malucos que o Takeshi tem inventado por causa desse bendito novo sócio. Os dois são os primeiros a chegarem e os últimos a saírem. Parece até uma competição maluca. Mas o Souji tem se alimentado e dormido... Eu acho... – passou as mãos pelos fios negros do cabelo que lhe caiam aos olhos e jogou-os para trás.

– Mila tentou falar com ele... Tentou resolver esse mal entendido que o Ryouji inventou. Mas ele não quis atender aos telefonemas dela. Duvido que ela faça uma nova tentativa. Ela não é de correr atrás.

Yusuke assentiu.

– Só o que podemos esperar é que ele dê o primeiro passo. Mas estamos esperando um milagre grande demais: Ryouji deixar de ser idiota! – o mais velho bufou. – É um teimoso desde que éramos crianças. Um burro empacado! Como era o mais novo, se não fazíamos as coisas do jeito dele, se atirava no chão e chorava como um idiota!

– Seus amigos têm sido bastante idiotas ultimamente – Marina disse descontente e o moreno concordou com a cabeça, apertando-a mais com os braços.

– Ainda bem que eles têm sido e não eu – ele deu risada e mordeu a bochecha da namorada, fazendo com que a expressão enraivecida dela desse lugar a bela expressão de contentamento que ele tanto amava e pela qual se apaixonara.

– Souji não está com medo? – ela perguntou, afagando o rosto dele com os polegares em movimentos circulares.

– Medo de quê? – o rapaz perguntou confuso.

– Ora... Você não percebeu? – ela indicou com a cabeça Selina sentada no sofá do outro lado do cômodo, conversando animadamente com Yune. – O jeito como esse homem olha pra Selina. É apenas a segunda vez que ele vem aqui, mas... Eu teria medo de perder a Selina se fosse o Souji. Não vir aqui é mesmo um risco muito grande.

– Achei que eu estava sendo exagerado quando disse isso – ele rebateu e ela deu um sorrisinho, unindo os lábios dos dois.

– Você sabe que eu estava apenas testando você... Poderia muito bem ser eu naquele sofá – ela disse sombriamente e os braços em torno de si se apertaram mais, fazendo-a sorrir. – Mas não sou! – ela disse contente e distribuiu beijinhos pelo pescoço do namorado afetivamente. – Eu estou aqui! E aqui eu pretendo ficar!

– É bom mesmo – ele deslizou os dedos pela pele lisa dela e acariciou sua nuca, antes de puxá-la para um beijo.

– Será que tudo vai dar errado, Yusu–chan? – ela perguntou temerosa, deitando a cabeça no peito dele.

– Eu não sei. Acho que devemos ficar felizes por continuarmos juntos – ela assentiu e voltou a olhá-lo sorrindo.

– E que o Ryu e a Kelly estão finalmente se entendendo!

Kelly estava sentada de frente para Ryu no mesmo sofá de sempre e os dois seguravam firmemente um a mão do outro, jogando o jogo de tentar prender o polegar. O loiro já tinha ganhado cinco vezes e perdido duas. A morena gargalhava aflita tentando escapar dos movimentos rápidos que ele fazia para vencer cada vez mais depressa.

A Casa das Hostesses SOLIDÃO [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now